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Filme "Nós" explicado: 4 pontos MUITO importantes para entender o suspense

Publicado 1 Abr 2019 – 02:12 PM EDT | Atualizado 1 Abr 2019 – 02:15 PM EDT
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Novo suspense do diretor de “Corra!” Jordan Peele, “Nós” tem uma história que, além de tirar o fôlego, vai te deixar pensando bastante depois. Estrelado por Lupita N’yongo, o suspense levanta e guarda uma série de referências e metáforas que tornam o filme ainda mais tenso - e bem mais reflexivo do que você imaginava.

Explicação do filme "Nós"

Na última cena, quando vemos Adelayde ( Lupita N’yongo) trocar olhares com o filho Jason (Evan Alex), fica claro que, lá no início da história, a protagonista foi trocada. Ao entrar na casa de espelhos, quando criança, Adelayde foi capturada por sua sósia – assim, ela se torna Red e passa a viver no mundo das sombras.

Isso já explica porque ela é a única Amarrada capaz de falar, ainda que com a voz bem danificada (por causa do estrangulamento e do trauma quando criança). Ao emergir de volta ao mundo real, Red vem com o plano de fazer justiça aos outros Amarrados, que sempre viveram no submundo sombrio.

O que são as sombras?

Aqui, são várias as interpretações. No filme, Red explica que as sombras foram criadas como um experimento do governo para controlar as pessoas do mundo real – por isso, todas elas nasciam com uma duplicata, que passava a viver no submundo. No entanto, a experiência não deu certo e o governo abandonou esses seres em condições terríveis.

Ao emergir para o mundo “real”, as pessoas comuns e seus sósias entram uma guerra sangrenta: as sombras, apesar de serem exatamente iguais às pessoas, não têm direito a uma vida digna, conforto, alimentos, cultura, educação, etc.

Portanto, há a crítica sobre a desigualdade social: as pessoas são iguais, mas não se reconhecem como tal, são separadas por muros e eliminam umas às outras por privilégios. De um lado, a sociedade que vive “na luz” e do outro, pessoas sem voz – no filme, literalmente-, sem direitos e abandonadas.

A crítica é reforçada pelo título original do filme, “Us” (sigla de United States) e por um dos diálogos que a família de Adelayde tem com seus sósias: ao perguntarem quem eles são, a resposta é apenas “somos americanos”. Além disso, a tesoura que aparece várias vezes no filme também simboliza lados iguais da mesma coisa.

“O monstro é o outro: a outra cultura, o outro país, o outro partido político, religião, gênero. E quanto ao monstro que se mostra no espelho? Às vezes nossa própria escuridão passa batida e ignorada, nós a projetamos externamente e ela se torna a destruição com a qual precisamos lidar”, explicou Lupita N’yongo em entrevista a Entertainment Weekly.

Mãos dadas

Ao emergirem, as sombras começaram a dar as mãos, formando uma grande corrente – o acontecimento faz referência ao movimento “Hands Across America”. A campanha aconteceu nos anos 80 e reuniu políticos e celebridades americanas em prol do combate à fome na África, mas foi um desastre.

O movimento propunha a formação de uma corrente humana, em que cada participante poderia fazer uma doação. No fim, a quantia arrecadada foi muito baixa e a corrente ficou cheia de buracos. Mesmo assim, sem efeito nenhum, o “Hands Across America” foi noticiado como um marco na história do país.

“Há uma insistência no culto a essas imagens e à ideia de que enquanto tivermos uns ao outros podemos ignorar o mal do qual talvez sejamos parte”, explicou o diretor Jordan Peele ao New York Times.

Os coelhos e o submundo

No mundo das sombras, todos se alimentam de coelhos e vivem cercados por eles. Os animais fazem referência ao clássico “Alice no País das Maravilhas” e Red deixa isso ainda mais claro ao repetir a icônica fala “somos todos loucos aqui”.

Além disso, o submundo cheio de labirintos e salas intermináveis representa também uma espécie de rede social mundial, cheia de cantos diferentes e sempre em crescimento (inclusive com a velocidade de reprodução dos coelhos), mas que carrega, principalmente, relações alienadas e vazias de reflexão, já que as sombras agem como zumbis.

Jeremias 11:11

Quando Adelayde está prestes a entrar no mundo das sombras, vemos um homem com uma placa em que está escrito “Jeremias 11:11”. Trata-se de uma passagem da bíblia que diz: "Portanto assim diz o Senhor: Eis que trarei mal sobre eles, de que não poderão escapar; e clamarão a mim, mas eu não os ouvirei".

Além de fazer referência a todo o sofrimento silencioso dos Atrelados, que nunca são vistos ou ouvidos pelo mundo de cima, os números “11:11” simbolizam, claro, um espelho.

Assim, a troca de Adelayde e Red aponta para a questão das oportunidades. As duas são versões do mesmo ser humano: enquanto uma foi obrigada a viver na marginalidade e mal conseguia se comunicar; a outra, cercada de oportunidade, cresceu, se tornou bem-sucedida, com talentos desenvolvidos e capaz de constituir família e relações saudáveis.

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