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Por que Spike Lee deu as costas para o palco quando "Green Book" ganhou Oscar

Publicado 25 Fev 2019 – 02:55 PM EST | Atualizado 25 Fev 2019 – 02:55 PM EST
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O último prêmio da noite no Oscar 2019 rendeu um momento de tensão que não passou despercebido. O diretor de “Infiltrado na Klan”, Spike Lee, se colocou contra o troféu de Melhor Filme para “Green Book: O Guia”, e deu as costas para o palco quando o prêmio foi anunciado.

Segundo o Deadline, o cineasta, que ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, levantou da cadeira e andou pelo auditório até encontrar o diretor Jordan Peele (produtor em “Infiltrado na Klan”) com quem ficou conversando, de costas, enquanto a equipe de “Green Book” recebia o prêmio.

Após a premiação, Spike Lee foi questionado e respondeu de forma curta. “Olha, não vou detonar o filme. Eles ganharam, parabéns. Já parabenizei Pete [Farrelly, o diretor] e Mahershala Ali. Fui gentil”, disse em entrevista à Associated Press.

Polêmica com "Green Book: O Guia"

O cineasta, no entanto, não foi o único a manifestar descontentamento com o filme. Após o lançamento, “Green Book” foi duramente criticado por ativistas negros e pela família do músico Don Shirley, personagem interpretador pelo vencedor do Oscar Mahershala Ali no filme.

Em entrevista ao Shadow & Act, a família de Shirley disse que muitos dos momentos do filme foram inventados e o irmão, Dr. Maurice Shirley, chamou de “sinfonia de mentiras”. Segundo ele, Nick Vallelonga, o roteirista, pediu permissão por 30 anos e Don sempre disse não. A família nem sabia que havia um filme de ‘Green Book’.

Entre as principais críticas da família estão as questões raciais. O filme sugere que Don Shirley tinha problemas para se aceitar como afro-americano e se sentia desconectado de sua etnia, o que a família nega veementemente que tenha acontecido. Além disso, o longa também dá a entender que o músico era excluído da família, o que também é negado por eles.

Em entrevista a NPR, Edwin Shirley, sobrinho de Don, disse que o ator Mahershala Ali o telefonou para pedir desculpas pelo filme.

“Recebi uma ligação de Mahershala Ali, muito respeitosa. Ele pediu desculpa para o caso de nos ter ofendido, disse que fez o melhor que pode com o material que tinha. Disse que não sabia que haviam parentes a quem eles poderiam ter consultado para construir melhor o personagem”, declarou Edwin.

“Green Book”: história

O filme acompanha a história do segurança Tony (Viggo Mortensen), contratado na década de 1960 para ser motorista de Don Shirley (Mahershala Ali), um importante pianista de jazz. A trama se passa em uma época anterior à conquista de direitos civis para negros, assim, o preconceito vai sendo discutido – entre eles e no mundo exterior – durante a jornada.

Entre a crítica, o filme dividiu opiniões: apesar do primor do roteiro, surgiu também a questão de que o longa parece um filme sobre racismo pela perspectiva e para pessoas brancas.

“Os dois personagens são estereotipados, temos um homem branco ‘salvador’ ao centro, enquanto a família do homem negro sequer foi consultada”, diz a crítica da revista Esquire.

“Green Book: O Guia” foi um dos filmes mais aclamados da temporada: premiado com três Oscar e três Globos de Ouro.

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