"Star Wars: Os Últimos Jedi": essência antiga com originalidade é o que todo fã queria ver
Foram raros os momentos em que a magia de “Star Wars” conseguiu se repetir no cinema. Em 1977, um universo fantástico se abriu pela primeira vez, cativou e se eternizou na memória e no afeto de quem acompanhou a história dos Skywalker. Invocar essa sensação novamente é impossível, mas “Os Últimos Jedi” chegou o mais próximo possível.
O oitavo episódio da saga – o segundo da nova trilogia iniciada em 2015, com “ O Despertar da Força” – é meticulosamente preciso ao equilibrar os elementos que fazem de “Star Wars” uma história inesquecível sem reciclar e 'reempacotar' o que já conhecemos (e gostamos), mas com identidade própria. Sem pegar o atalho fácil da nostalgia, existe uma originalidade no novo filme que diz muito sobre a proposta da obra original de George Lucas 40 anos atrás.
"Star Wars: Os Últimos Jedi"
Muita guerra
Tem guerra (nas estrelas, claro) mesmo. E muita. A inteligência estrategista da General Leia Organa (Carrie Fischer), aliada ao ímpeto do Comandante Poe Dameron (Oscar Isaac) e à coragem de Finn (John Boyega) tornam “ Os Último Jedi”, sobretudo, um bom filme de guerra.
Não faltam reviravoltas e embates intensos para sustentar o clima de perigo e de batalha o tempo inteiro. Tem todo o tipo de combate: de canhões e sabres de luz aos políticos e estratégicos. E o melhor: nem o lado bom, nem o lado mal são poupados em uma guerra intergaláctica.
Nesse ponto, a produção utiliza a seu favor toda a tecnologia que não existia na época da trilogia original para construir cenas de impacto e fortalecer um visual que, décadas atrás, só poderia ser imaginado mesmo.
A Força
Enquanto isso, em outro canto da galáxia, Rey (Daisy Ridley) começa a explorar a Força que sabe que tem dentro de si, mas que ainda não entende como funciona. Entra em cena Luke Skywalker (Mark Hamill), que vai percorrer, junto com a protagonista, um caminho dividido entre a luz e a escuridão.
Como uma boa história de fantasia, não há muita explicação lógica para a Força. E isso é ótimo: trata-se simplesmente de um “superpoder”, uma magia que dispensa racionalidade, mas que faz sentido na história – e precisa de treinamento, assim como Luke aprendeu com um mestre Jedi lá no começo de tudo, uma nova história com Rey também é contada.
Bem x mal
O lado negro da Força agora tem lá seus tons de cinza e a história só fica mais interessante ao deixar de lado (em uma decisão corajosa) o maniqueísmo da saga original. Rey e Kylo Ren (Adam Driver) andam lado a lado, como um espelho um do outro em momentos em que o bem e o mal cruzam caminhos.
Universo em construção
Como o trailer do filme já havia anunciado, novas criaturas alienígenas entram na nova história. Além dos carismáticos porgs – que fazem um papel de novos ewoks -, outros tipos de sociedades e civilizações também aparecem. E é o que se espera de um "Star Wars": explorar novos planetas e galáxias que não conhecemos.
O movimento, inclusive, prepara o terreno para expandir um universo que, segundo a própria Disney, ainda tem muitos cantos a serem explorados nos próximos filmes de “Star Wars”.
Ritmo
Com mais de 2h30 de duração, o ritmo do filme fica cansativo em alguns pontos. Com diversas partes da história caminhando em paralelo, o roteiro também acaba se perdendo em um momento ou outro. E a sensação é de que tem algo sobrando, que não precisava estar ali.
Mas é curioso que mesmo as falhas parecem características da franquia. Os personagens dão algumas voltas a mais do que o necessário para chegar aonde precisam de verdade. Algumas pontas continuam soltas e, de vez em quando, pesam a mão na caricatura, especialmente dos vilões.
O episódio VIII trouxe mesmo de volta a magia do filme, até nos erros - do tipo que quem estava no cinema em “Uma Nova Esperança”, na década de 1970, provavelmente também apontaria.
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