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Crítica de "Mãe!": filme provoca, mas disfarça história clichê com MUITO impacto

Publicado 26 Set 2017 – 01:28 PM EDT | Atualizado 15 Mar 2018 – 02:10 PM EDT
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Você vai sentir o impacto e sair do cinema com os músculos tensos. Se o filme agrada ou não, é uma conclusão que virá somente algum tempo depois, mas definitivamente, o cineasta Darren Aronofsky soube como chocar o público com “Mãe!”. Estrelando os vencedores do Oscar Javier Bardem e Jennifer Lawrence, o diretor entrega uma obra sem meio-termo para adorar ou odiar.

Crítica de "Mãe!"

A temática da adoração, falando nisso, é um dos destaques do longa. Jennifer Lawrence é uma esposa e dona de casa completamente devota à vida em casa e ao marido, um escritor com sérios problemas de bloqueio criativo. É a partir do ponto de vista dela que conhecemos a dinâmica deles e acompanhamos o desenrolar bizarro da trama, que tem início com a visita de outro estranho casal – muito bem interpretados por Ed Harris e Michelle Pfeiffer.

Ponto de vista

Ao longo da história, a mulher interpretada por Lawrence se vê cada vez mais presa em um fluxo de acontecimentos sobre os quais ela parece não ter voz alguma. Com filmagem crua e um pouco atordoante, o diretor coloca a câmera sobre os ombros da mulher e quem está assistindo tem a perspectiva dela dos acontecimentos.

E isso é desesperador. A “mãe” é uma eterna vítima da submissão ao marido e da negligência dele, que a tem como acessório na casa. E é assim que ela se comporta mesmo: com total passividade, tentando ter alguma reação e se manifestar com uma voz que simplesmente não sai.

Em entrevistas antes da estreia do filme, o diretor avisou que, com “Mãe!”, estava resgatando a linha de outros trabalhos dele como “Réquiem Para um Sonho” e “ Cisne Negro”. E de fato, a personagem lembra a bailarina protagonista de Natalie Portman no filme indicado ao Oscar: frágil, suscetível e completamente dominada por outras figuras mais sombrias.

A mensagem do filme

O mistério sobre as intenções, metáforas e mensagens era um dos principais pontos reforçados – pelo próprio diretor, inclusive – sobre por que o filme seria de “explodir a cabeça”. Bem, é melhor não contar muito com isso.

Darren Aronofsky lança mão de recursos impactantes (no visual e na narrativa) para chocar e deixar desconfortável. E é isso, principalmente, que vai te deixar com a impressão de que existem muitas mensagens e teorias escondidas na história – o filme é tão sufocante que, como adiantamos no início, o impacto vai atrasar a reflexão sobre o filme.

Impacto individual

Tecnicamente, o cineasta se sai bem e acerta a mão no elenco e na produção para construir um bom suspense, que cumpre bem seu papel e deixa quem está assistindo motivado e curioso para saber qual é o desfecho e conectar as peças que explicam o que exatamente está acontecendo. Tudo isso com um estilo que pode lembrar também alguns trabalhos do dinamarquês Lars Von Trier, como "Melancolia".

Por isso, “Mãe!” pode ser uma obra cujo impacto vai variar – e muito – de acordo com uma análise individual. O drama expõe situações que podem gerar identificação em maior ou menor grau com as filosofias e visões de mundo de quem está assistindo e isso é determinante: é um filme para mexer com a cabeça ou para ficar profundamente entediado.

Cinema 2017

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