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Anneliese Michel: a verdadeira história por trás do filme “O Exorcismo de Emily Rose”

Publicado 19 Jun 2017 – 06:00 AM EDT | Atualizado 15 Mar 2018 – 05:14 PM EDT
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Todo o medo e suspense que você pode ter sentido quando assistiu a “O Exorcismo de Emily Rose” talvez não tenha sido nada comparado ao que a verdadeira garota que baseou o filme tenha passado. A história de Anneliese Michel parece ter saído de um livro que buscava aterrorizar as pessoas na idade média, mas é muito mais atual.

Em 1976, a morte da jovem alemã Anneliese chocou não apenas o país europeu, como boa parte do mundo. Várias reportagens e artigos da época questionavam os limites de crenças religiosas antiquadas que, no caso dela, deram lugar ao tratamento médico necessário. É que para tratar problemas psiquiátricos foram usados métodos de exorcismo, algo que a igreja católica não fazia há muitos séculos.

Por conta de toda a criação rígida e intelectualmente restrita de Anneliese Michel, a revista Time, por exemplo, ao noticiar o caso o chamou de “fenômeno do medo”. Outro fator que chocou a imprensa foi que o bispo local deu permissão para que fossem executados rituais romanos datados de 1614, de acordo com o Washington Post.

Anneliese Michel – a Emily Rose da vida real

Criada numa família estritamente católica, Anneliese começou a apresentar distúrbios psiquiátricos ainda na adolescência. A primeira pessoa a falar que a garota estava possuída foi uma senhora que percebeu que a menina não passava na frente de uma figura de Jesus Cristo, se recusava a interagir com água benta e cheirava muito mal.

De início, a família procurou um tratamento médico, que surtiu pouco efeito. Depois de sua morte, uma corte alemã instaurou uma investigação sobre o caso por desconfiar de negligência da família e dos padres envolvidos. Documentos levantados comprovaram que Anneliese “teve seu primeiro ataque epilético em 1969 e por volta de 1973 sofria de depressão e considerava suicídio”, pelas informações do Washington Post.

Foi nesse momento que ela começou a enxergar demônios ao redor dela e ouvir suas vozes. As possessões não demoraram muito e logo os reverendos Ernst Alt e Arnold Renz iniciaram as sessões de exorcismo autorizadas pela igreja católica alemã. Até hoje, esse é um dos únicos casos que o Vaticano reconhece ter havido a possessão demoníaca. Mesmo assim, não foi isso que matou Anneliese.

Fé e negligência

Os reverendos realizaram 67 sessões de exorcismo, das quais 42 foram gravadas e muitas delas duraram mais de quatro horas. O jornalista Eric T. Hansen ouviu as fitas de áudio que registram as sessões e descreveu o sentimento em seu artigo para o jornal americano:

"A voz gravada de Anneliese Michel ainda pode fazer tremer a espinha. É a voz de um demônio, rosnado, ladrido, desumano - e surpreendentemente parecida com a voz de Linda Blair em ‘O Exorcista’, que foi lançado na Alemanha dois anos antes”.

Há registros de que a garota recebia espíritos de Satã, Judas, Nero e Hitler. Além disso, ela teria rasgado as roupas do corpo e mordido as pessoas próximas. Anneliese também fez, compulsivamente, cerca de 400 agachamentos por dia e passou várias horas rastejando ou latindo. A lista de horror não para: ela mordeu a cabeça de um pássaro morto, se alimentou de insetos e lambeu a própria urina.

Morte e punição

Tudo isso, aos olhos dos pais e dos padres, era por conta das possessões demoníacas. Então, durante as mais de 60 sessões de exorcismo, ela era mantida presa. Anneliese acabou morrendo de inanição, desnutrição e fome em 1976. Prestes a completar 24 anos, ela pesava 30 quilos.

Dois anos depois, a corte alemã que analisou o caso concluiu que tanto os pais quanto os sacerdotes envolvidos cometeram “homicídio negligente”. Eles pegaram três anos de liberdade condicional.

Diferenças do filme “O Exorcismo de Emily Rose”

Livremente inspirado na história da alemã Anneliese Michel, o filme “O Exorcismo de Emily Rose”, de 2005, acaba tomando como ponto de partida o julgamento em si, e não as sessões de exorcismo. A história se passa nos Estados Unidos dos tempos atuais e mostra como uma advogada, interpretada por Laura Linney, precisa defender um padre acusado de ter matado a jovem Emily Rose durante um exorcismo.

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