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O que é o "estado de estufa irreversível" no qual a Terra está prestes a entrar?

Publicado 7 Ago 2018 – 03:45 PM EDT | Atualizado 7 Ago 2018 – 03:45 PM EDT
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Mudanças bruscas de temperatura ou estações do ano cada vez mais indefinidas nem de longe representam os riscos que um estudo internacional divulgado recentemente apontou para o futuro da Terra. O planeta está prestes a entrar em um "estado de estufa irreversível".

Terra em "estado de estufa": o que isso significa

O alerta é bastante alarmante. Mesmo que as empresas e pessoas parem de emitir gases que contribuem para o efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4), a Terra chegará a uma fase de liberação incontrolável de carbono que já está armazenado, absorvido pelas florestas, oceanos e o solo do planeta, diretamente para a atmosfera.

Ou seja, o perigo é que a Terra passe a ter um aquecimento contínuo por conta do excesso de gases poluentes que absorvem uma parte dos raios do sol e os redistribuem, aumentando, portanto, o aquecimento global.

As consequências até impossibilitariam a vida animal e vegetal em partes do mundo que entrariam em total descontrole.

O estudo foi liderado pelo cientista Will Steffen, da Universidade Nacional da Austrália, teve contribuição de vários cientistas ao redor do mundo e foi publicado na revista da Academia Nacional de Ciência dos Estados Unidos, a PNAS.

Por que isso compromete a vida humana?

Ao chegar no limite dos níveis identificados pelo estudo, a Terra poderia chegar ao aumento de temperaturas médias de até 5º C mais altas do que as registradas no período pré-Revolução Industrial.

Pior: ao chegar no nível de 2º C, já enfrentaríamos processos que causariam aquecimento global com desdobramentos preocupantes.

Os cientistas não definiram em quantos anos isso pode acontecer, mas, atualmente, a situação já não é tranquila: as temperaturas médias globais estão cerca de 1º C acima das temperaturas pré-industriais e subindo a 0,17 º C a cada década.

O que poderia acontecer?

Will Steffen explica que tais aumentos de temperatura seriam devastadores para a civilização humana e para a maioria dos ecossistemas que sustentam a vida animal e vegetal.

"Nosso estudo indica que o aquecimento causado pelo homem de 2ºC pode desencadear outros processos do Sistema Terrestre, chamados feedbacks, que podem provocar um maior aquecimento mesmo se pararmos de emitir gases de efeito estufa", alerta o cientista.

Entre os feedbacks, o estudo elenca 10 processos naturais que mudariam a forma de se viver na Terra de maneira crítica e abrupta:

  • Descongelamento do permafrost (solo permanentemente congelado)
  • Perda de metano hidratado das águas marinhas
  • Enfraquecimento de carbono em terra e no mar
  • Aumento da respiração bacteriana nos oceanos
  • Morte de árvores na Floresta Amazônica (o que libera mais gases de efeito estufa na atmosfera)
  • Morte da floresta boreal (que tem o mesmo reflexo e, por isso, causa as mudanças climáticas)
  • Redução da camada de neve no Hemisfério Norte
  • Perda de gelo marinho no verão ártico
  • Redução do gelo marinho antártico
  • Redução das camadas de gelo polar

O que estamos fazendo para isso não acontecer?

O Acordo de Paris, de 2015, prevê que 200 países se esforcem para manter o aumento da temperatura média mundial abaixo de 2ºC em relação ao nível pré-industrial (e consiga limitar isso para 1,5ºC). Mas, de acordo com Steffen, nem mesmo esse empenho pode ser indicativo de que o efeito "Terra estufa" não se torne uma realidade.

"Os esforços atuais das nações, que não são suficientes para cumprir as metas de redução de emissão do Acordo de Paris há alguns anos, não são susceptíveis de nos ajudar a evitar a situação em que muitas partes do planeta podem se tornar inabitáveis para os seres humanos", disse o professor, que vê com urgência o estabelecimento de uma economia global verde e livre de emissões de gases.

Aquecimento global: que caminhos estamos seguindo

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