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maior tubarão do mundo-Mulher

2 substâncias tornam os tubarões animais tão resistentes: podem até conter cura do câncer

Publicado 22 Mar 2018 – 06:00 AM EDT | Atualizado 22 Mar 2018 – 06:00 AM EDT
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Recentemente, biólogos descobriram que os tubarões podem viver muito mais do que se sabia até então. Um artigo científico publicado na revista Nature demonstra que algumas espécies resistem por mais de 40 anos nos oceanos do mundo. E duas substâncias são primordiais para isso: a esqualamina e a igNAR.

Esqualamina: antiviral e antibacteriana

“Reportamos aqui a descoberta de um antibiótico esteroide de amplo espectro isolado dos tecidos do tubarão Squalus acanthias. Este antibiótico solúvel em água, que chamamos de esqualamina, exibe uma potente atividade bactericida”. Assim foi descrito pela primeira vez a substância esqualamina, em artigo científico publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences, em 1993.

O composto é produzido no fígado do animal e hoje já se sabe que, além de propriedades antibacterianas, possui também agentes antivirais e pode ajudar a prevenir a formação de vasos sanguíneos que alimentam tumores cancerígenos - e, consequentemente, dificultar a formação de um câncer.

A esqualamina é uma das substâncias que faz do tubarão um dos animais mais resistentes a inflamações, infecções e tumores (mas, ao contrário do que muita gente diz, o animal não é imune ao câncer) e sua descoberta é uma boa notícia especialmente para nós: ela pode ser útil no tratamento humano, no futuro.

“Os compostos antivirais que aumentam a resistência dos tecidos do hospedeiro representam uma classe atraente de terapêutica. Aqui, mostramos que a esqualamina exibe atividade antiviral de amplo espectro contra patógenos humanos”, diz o artigo publicado pela mesma equipe 18 anos depois da descoberta.

No entanto, ainda falta muito para que, eventualmente, o composto sirva para nós. “Não há consenso sobre os efeitos do consumo da esqualamina em humanos, pois muitos estudos apontam nenhum efeito sobre o progresso do câncer ou efeito mínimo”, explica Sarah Viana bióloga da Universidade de São Paulo especialista em taxonomia dos tubarões.

IgNAR: “turbina” o sistema imunológico

O sistema imunológico dos tubarões vem sendo estudado há décadas devido seu alto rendimento e grande capacidade de reparação. Hoje, sabe-se que uma das substâncias mais importante para isso é a igNAR, uma “imunoglobulina receptora de antígenos” que está presente não somente nestes animais, como também nas raias. “Ocorre apenas após a maturação do sistema imune do organismo. Alguns estudos apontam que esta maturação ocorre 6 meses após o nascimento, por estimulação antigênica”, explica Sarah Viana.

“Os novos anticorpos do receptor de antígeno (IgNAR) dos tubarões são dímeros de duas cadeias proteicas contendo dissulfureto, cada um contendo uma variável e cinco domínios constantes”, explica o primeiro artigo científico a descrever a substância, em 2005.

Embora ainda se saiba muito pouco sobre o potencial deste anticorpo, o que já foi demonstrado é que ele age como um tipo de modulador do sistema imunológico, tornando o organismo de tubarões e raias adaptativos e específicos para responder a potenciais ameaças - e não apenas com a resposta imune inata, explica Sarah.

O uso em humanos, por enquanto, ainda não existe. “É um anticorpo que não é degradado se ingerido por via oral pelos humanos, por isso não tem efeito ao usar cápsulas com cartilagem ou consumir carne de tubarão”, explica a bióloga. Mas, em breve, pode ser fundamental no tratamento contra o câncer.

“A descoberta deste anticorpo nos tubarões e raias cria esperanças de cura de câncer nos humanos, pois os cientistas podem desenvolver através de engenharia genética anticorpos semelhantes e que quando associado ao tratamento convencional possa se associar as células tumorais e impedir o seu crescimento”, conclui.

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