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Isso é o que acontece com o glitter depois que deixa seu corpo (e é um grande risco)

Publicado 7 Fev 2018 – 01:55 PM EST | Atualizado 14 Mar 2018 – 04:33 PM EDT
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Fantasias à base de glitter combinam muito com o Carnaval e muita gente adora o brilho como adereço obrigatório para a folia. Bem, é hora de parar com o uso da substância - e não só no Carnaval, mas no ano todo. Isso por que o processo pelo qual o adereço passa depois de deixar seu corpo e suas fantasias é muito triste.

Glitter é perigoso para a vida marinha

O glitter é um tipo de microplástico, um dos elementos mais poluentes dos mares no mundo inteiro e vira até comida de peixe e crustáceos. O resultado: intoxicação dos animais e até de humanos que se alimentam deles.

"Existe uma evidência cada vez maior que sugere que as toxinas liberadas por microplásticos - e que alguns cientistas marinhos estão agora se referindo como "pílulas de veneno "- podem acumular a comida na cadeia alimentar, com potencial de perturbar os sistemas endócrinos da vida marinha e de nós mesmo, quando consumimos comida que vem do mar”, afirma Trisia Farrelly, diretora do Centro de Pesquisa de Políticas Ecológicas da Universidade de Massey, na Austrália.

Isso significa que o material pode se misturar com plânctons ou mesmo alimentar os peixes. E aí peixes maiores comem e por aí vai até, claro, chegar em nós. Por exemplo, um pequeno peixe come muito plástico e é engolido por um atum, atum este que vira um sashimi. Quando a gente come isso, come plástico por tabela.

Como o glitter chega na barriga dos peixes?

De acordo com a pesquisadora, esses pedacinhos de plástico pequenos e brilhantes são uma real ameaça para a vida marinha e seu uso deve ser banido já. Inclusive, nos Estados Unidos seu uso é proibido desde 2015 e Reino Unido e Nova Zelândia já sinalizaram que farão o mesmo em breve, possivelmente ainda este ano.

O problema não é o uso do glitter em si, mas o descarte do material, que geralmente cai nas correntes fluviais ou de esgoto e, consequentemente, invade os mares, junto de outros tipos de microplásticos. E se não houver um consumo consciente deste tipo de substância, o risco é enorme.

"É fato que a produção de plástico aumentou 20 vezes ao longo dos últimos 50 anos. Pelo que se estima, pelo menos 8 milhões de toneladas de plástico entram nos oceanos do mundo todos os anos", afirma a cientista.

"Agora, estamos encontrando até plástico na água da chuva, no sal do mar e no ar. Estima-se que até 2050, 20% da participação global do consumo de petróleo será dedicada à produção de plástico, altura em que é provável que veremos mais plástico do que peixes nos oceanos do mundo ", reforça.

Impacto no Brasil

Com mais de 7 mil quilômetros de extensão de litoral, o Brasil é um dos países mais estudados acerca da poluição dos mares e oceano - 70% da literatura a respeito na América do Sul é produzida aqui.

Um estudo publicado em 2010 com amostras de diversas partes da costa brasileira encontrou uma densidade de 0,3 pedaços de plástico para cada centímetro quadrado das praias urbanas do Nordeste - 96,7% deles são resíduos produzidos na região.

Outra pesquisa, também publicada em 2010, destacou que a maior parte da população brasileira vive até 200 km do litoral e que o resultado é a grande emissão de resíduos aos mar. Em uma amostragem em 5 trechos de oceano de Santa Catarina, identificou-se uma abundância de até 498 itens para cada 100 metros quadrados, sendo que os plásticos representam 90% do material coletado.

E o problema não é apenas tupiniquim. Longe daqui, no oceano Pacífico, está localizado o ponto mais profundo de todo o oceano terrestre, as Fossas Marianas. Até lá, a 10 mil quilômetros abaixo do nível do mar, foram encontradas partículas de plástico nas águas.

O que posso fazer para não poluir?

O grupo de cientistas marinhos da Universidade de Massey pede que os consumidores sejam mais preocupados com a reciclagem de plásticos. Mas, argumentam, isso está longe de ser a solução - afinal, como reciclar glitter?

A recomendação é de que a população em geral busque produtos feitos de material biodegradável. No caso do glitter, a melhor alternativa é o uso dos brilhos produzidos a partir de mica, uma substância mineral, facilmente absorvida pela natureza.

Poluição destrói planeta e nossa saúde

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