DNA de bebês de 11 mil anos garante que brasileiros e chineses têm mesmo ancestral

Dois bebês que nasceram no continente americano há 11,5 mil anos podem ser a chave para compreender quando e como a América foi ocupada pela primeira vez pelo homo sapiens. A tese mais aceita na comunidade científica é a de que algum povo cruzou o Estreito de Bering milênios atrás e se espalhou pelo continente. E, bem, parece que a hipótese está certa.

A análise do DNA dos bebês encontrados no Alasca revela que sua carga genética tem elementos presentes nos códigos genéticos das etnias de índios que hoje vivem na América do Norte e também carregam parte do mesmo genoma de populações que vivem hoje do outro lado do planeta, na China.

Esta seria a prova da existência de um civilização transitória entre os asiáticos e os americanos (incluindo nós, brasileiros com sangue indígena). Os pesquisadores batizaram este povo de os beringuenses.

Quem foram os beringuenses e como chegaram aqui?

Em um artigo publicado na revista científica Nature, a equipe internacional de pesquisadores afirma que a história do povo beringuense é ainda muito anterior aos fósseis dos bebês. De acordo com a conclusão dos cientistas, eles viveram há 36 mil anos na região que hoje chamamos de Sibéria - e até agora, eram desconhecidos.

Os beringuenses foram uma população que resistiu durante milênios. Sua transição para os povos que identificamos como índios americanos ocorreu há cerca de 20 mil anos atrás - e a história daí em diante desdobrou em tantas etnias que conhecemos, como navahos, cherokees, apaches, maias, astecas, incas, guaranis, ticunas, caingangues…

Ainda é impreciso definir quando exatamente os descendentes “indígenas” dos beringuenses pisaram pela primeira vez na América. Até 2017, a apostava-se que a chegada dos humanos por aqui se deu 15 mil anos atrás, mas um artefato indica que isso aconteceu há pelo menos 130 mil anos - muitos arqueólogos não reconhecem a descoberta como uma ferramenta criada pelo homem.

A única certeza que se compartilha por enquanto é de que o caminho foi o mesmo: pela placa de gelo gigante que se formou entre o leste da Sibéria e o oeste do Alasca. A plataforma permitiu que o homo sapiens caminhasse por lá até terra firme. O resto, é história.

Humanidade tem um único ancestral comum

A novidade é que brasileiros e chineses têm um mesmo ancestral e estão separados por “apenas” 36 mil anos. Mas olhando ainda mais para trás, a humanidade tem uma origem só e ela é africana.

Há quase 1 milhão de anos, nossa espécie deixou o tronco dos homo erectus. 300 mil anos atrás, finalmente, chegamos à forma que temos hoje ali no leste da África. E depois, pouco a pouco nos espalhamos pelo globo terrestre, primeiro para a Ásia e Europa, depois Austrália e, por último, América.

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