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Cientistas descobrem fórmula para fazer células voltarem no tempo e curar doenças

Publicado 12 Jan 2018 – 01:50 PM EST | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Ainda não existe máquina do tempo, mas a humanidade pode estar caminhando para o rumo à fórmula para voltar ao passado. Bem, pelo menos no caso das células do nosso organismo.

Um grupo de cientistas do Instituto de Medicina Molecular de Portugal descobriu a molécula que reverte o processo de envelhecimento celular e indica como agir para tornar qualquer célula mais jovem.

E tornar uma célula mais jovem significa um enorme avanço para o tratamento de tecidos doentes: quando a célula é embrionária, ela é dotada de grande plasticidade e pode regenerar tais tecidos no lugar daquelas que já estão velhas e condenadas. O trabalho foi publicado pela revista científica Nature.

"Estes resultados são um passo importante para poder regenerar tecidos doentes em pessoas mais velhas", disse Bruno de Jesus, líder do estudo ao lado de Maria do Carmo Fonseca, em comunicado do IMM.

Rejuvenescimento celular: para que serve?

Em todos os organismos vivos, as células sofrem um processo de envelhecimento desde o momento em que nascem. Este processo é um dos fatores que determinam o aparecimento de doenças, como câncer e Alzheimer. No entanto, não dá para reverter este processo de degeneração.

O objetivo do rejuvenescimento celular não é trazer células doentes a seu estágio anterior, saudável, mas usar células adultas de outro tecido (por exemplo, da pele, que é extremamente fácil de ser coletada) e torná-las “bebês”. Quando a célula volta no tempo até seu momento mais básico de formação, atinge o estágio no qual sua plasticidade é tanta que ela pode se tornar qualquer tecido do corpo.

Em resumo, o que querem fazer é extrair células saudáveis adultas da pele, rejuvenescê-las e aplicá-las nos tecidos doentes, como em um intestino com câncer ou cérebro com Parkinson. Assim, ela irá crescer, se integrar e regenerar zonas prejudicadas do corpo.

Como os cientistas fazem isso?

Ao realizar testes e testes com células de ratinhos de laboratório, os cientistas portugueses descobriram que as células presentes em roedores mais velhos produziam muito mais a molécula ARN do que os mais jovens.

Há dois tipos de ARN, um que resulta na formação de proteínas e outro que regula o funcionamento dos genes - e são os deste segundo tipo que os pesquisadores identificaram.

Foram analisadas células embrionárias, adultas e velhas e, quando comparadas, chegaram à conclusão que o ARN regula o gene e a proteína Zeb2 e que sua presença é sinal de envelhecimento. Tentaram uma técnica simples e deu certo: retiraram o ARN das células mais velhas e elas voltaram no tempo - tanto a ponto de serem reprogramadas.

Teste em ratos prova eficácia

Depois da descoberta, o teste final. A equipe realizou este procedimento nos mesmo ratinhos: extraíram as células, as tornaram mais jovens e as recolocaram abaixo de suas peles. Quando se desenvolveram, tornaram-se um teratoma, um tipo de tumor especial: é composto de células de diversos diferentes tecidos, como de músculos, pelos e ossos.

Ou seja, a célula voltou a seu estágio embrionário e cresceu de forma desordenada. Se induzido seu desenvolvimento, o tecido poderia ocupar o espaço de um órgão que sofre com um tumor, afirmam os cientistas.

Resultado em humanos

Cientistas japoneses já tentaram realizar o processo, embora com técnica diferente. Em 2017, o método, inclusive, chegou a ser aplicado em dois pacientes que sofriam de doença genética na retina, com células retiradas da pele e aplicadas nos olhos. Ainda não se sabe o sucesso a longo prazo deste procedimento.

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