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Mulheres têm mais risco de morte após infarto: motivo é sério e quase imperceptível

Publicado 28 Fev 2018 – 03:15 PM EST | Atualizado 14 Mar 2018 – 05:05 PM EDT
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O risco de morte para mulheres que sofreram infarto é três vezes maior do que para homens, no intervalo de um ano. E o motivo não tem a ver com fatores biológicos ou comportamentais: trata-se de negligência e inércia nos tratamentos que as pacientes cardíacas recebem.

A descoberta é resultado da análise dos casos de mais de 180 mil pacientes cardíacos suecos ao longo de 10 anos, entre 2003 e 2013. A pesquisa envolveu cientistas e médicos do Instituto Karolinska, da Suécia, e da Universidade de Leeds e da Fundação Britânica do Coração, do Reino Unido, e foi publicada no Journal of the American Heart Association.

Por que as mulheres correm mais riscos?

A incidência de ataques cardíacos em homens é bastante superior do que em mulheres. Apenas no Reino Unido, morrem anualmente 42 mil homens em decorrência do problema. No caso das mulheres, são 28 mil vidas por ano. E exatamente este fato é a gênese dos erros no tratamento cardíaco feminino.

"Normalmente, quando pensamos em um paciente de ataque cardíaco, vemos um homem de meia-idade com excesso de peso, tem diabetes e fuma. Isso não é sempre o caso. Os ataques cardíacos afetam o espectro mais amplo da população - incluindo as mulheres”, alertou Chris Gale, cientista-chefe do estudo, em comunicado da universidade.

Como a maior parcela da população que sofre com problemas cardíacos é masculina, os médicos, clínicas e hospitais subavaliam os riscos para as pacientes do sexo feminino. E o resultado é uma sequência descaso e erros de diagnóstico.

Onde os médicos erram?

O artigo científico destaca que as mulheres têm menos chance de serem submetidas aos mesmos testes e procedimentos ao darem entrada em hospitais e isto faz com que o risco de receberem um diagnóstico equivocado seja 50% maior.

Além disso, os pesquisadores revelam que as pacientes têm 34% menos chance de serem submetidas a procedimentos de desobstrução de artérias (como ponte de safena), 24% menos possibilidades de serem medicadas com estatina (que previne eventuais ataques cardíacos) e que é 16% menos provável que recebam a prescrição de aspirina (que age contra coágulos sanguíneos).

“As descobertas deste estudo sugerem que há maneiras claras e simples de melhorar os resultados das mulheres que sofrem de um ataque cardíaco - devemos assegurar uma oferta igual de tratamentos baseados em evidências para as mulheres", afirmam os autores. Os dados informam que quando o tratamento é igual, o índice de sobrevivência é similar entre ambos os sexos.

Diferença no tratamento pode ser ainda maior

"A Suécia é líder em serviço de saúde de qualidade, com uma das menores taxas de mortalidade por ataque cardíaco, e, mesmo assim, ainda vemos disparidades nos tratamentos entre homens e mulheres", afirmou Gale.

Para ele, a situação no Reino Unido é ainda mais grave. E deve ser ainda pior em outros países cujos índices de problemas cardíacos e de igualdade de gênero são ainda mais díspares - como no Brasil.

Coração: risco para as mulheres

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