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A cada ano, a Lua se distancia um pouco da Terra. Como seu afastamento nos afetará?

Publicado 28 Nov 2017 – 04:00 AM EST | Atualizado 15 Mar 2018 – 11:21 AM EDT
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Pouco a pouco, a Lua está se distanciando de nós. A cada ano, a órbita do satélite terrestre se afasta exatos 3,8 centímetros de seu centro de gravidade - a saber, a própria Terra. Parece pouco, mas daqui a um bilhão de anos, ela estará 10% mais longe do que atualmente (a distância média, hoje, é de 384.400 km).

Desde a formação do Sistema Solar, 4,5 bilhões de anos atrás, Terra e Lua já se afastaram muito. Elas já estão 18 vezes mais longe do que no começo dos tempos - e quanto mais longe estão, mais devagar ocorre o afastamento.

Hoje em dia, a distância entre a Lua e a Terra pode ser medida com extrema precisão. No evento das missões lunares Apollo, da Nasa, entre 1969 e 1972, os astronautas posicionaram equipamentos refletores no satélite natural, então quando os cientistas apontam um tipo de raio laser em sua direção, o reflexo permite conferir cada milímetro entre os corpos.

Por que Terra e Lua estão se afastando?

Lua e Terra compartilham um mesmo sistema: quando algo afeta uma, automaticamente interfere na outra também. 

Por causa da Lua, o movimento de rotação da Terra está cada dia mais lento e é graças à Terra que a Lua encontrou o equilíbrio perfeito entre seu movimento de rotação e translação - motivo pelo qual ela tem sempre a mesma face voltada para cá.

Acontece o seguinte: a força que a Lua exerce sobre as marés puxa a parte da Terra que está mais perto, ou seja, para onde a Lua está virada, a maré fica mais alta e até as placas tectônicas se movem um pouquinho.

Esse movimento, aos poucos, freia a rotação do planeta (sim, a Terra está girando cada vez mais devagar). Ao mesmo tempo, a força gravitacional da Terra (da qual a Lua gira ao redor) determina a velocidade do movimento do satélite natural.

“A energia cinética envolvida no sistema Terra-Lua precisa ir para algum lugar. A Lua precisa, portanto, aumentar seu movimento e a única forma de fazê-lo é acelerando no sentido oposto ao da Terra”, explica o astrônomo Roberto Costa, professor do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo.

É pura física: por toda história do universo, energia não some, não se perde, ela se transfere. A energia que está envolvida na relação entre a Terra e a Lua, portanto, não pode ir para lugar algum, então, quanto mais a rotação do planeta desacelera, mais a Lua acelera. E como em qualquer sistema orbital, quanto mais velocidade, mais o corpo direciona para “fora”, até sair de vez do sistema.

Há risco da Lua "fugir" da Terra?

Não, não há esse risco. Se Terra e Lua girassem pela eternidade, dentro de alguns bilhões de anos elas encontrariam um equilíbrio entre suas forças. “No equilíbrio final, a Terra diminuiria sua rotação e teria sempre a mesma face voltada para Lua também”, explica o astrônomo da USP.

Mas nem haverá tempo para isso. Antes, o Sistema Solar irá colapsar. Antes que Terra e Lua encontrem o equilíbrio perfeito da relação, o Sol vai atingir sua maturidade e expandir tanto que dentro de mais ou menos 6 bilhões de anos irá ou morrer sozinho ou engolir a Terra com sua superfície plasmática em seus últimos momentos.

O que acontece conosco quando a Lua se afasta?

O efeito mais nítido é uma má notícia para nós: dentro de alguns milhares de anos, não será mais possível assistir a um eclipse total do Sol. A Lua estará tão distante que seu disco será pequeno demais para cobrir o disco completo da estrela no céu.

Além disso, os dias vão se tornar cada vez mais longos. A cada século, um dia demora 2 milésimos a mais para passar - na época dos dinossauros, um dia levava 23h30. E mais: os invernos serão mais frios e os verões, mais quentes.

Por fim, haverá diferença na amplitude das marés: mais longe, a força gravitacional da Lua será menor e “puxará” menos água. Todas essas transformações serão tão lentas que ninguém irá notar e os especialista acreditam que os tipos de vida tendem a se adaptar continuamente à nova Terra.

À luz da Lua

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