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Infusão de sangue jovem pode atenuar demências como Alzheimer, confirma teste

Publicado 24 Nov 2017 – 04:00 AM EST | Atualizado 15 Mar 2018 – 11:31 AM EDT
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Um estudo apresentado na décima edição de uma conferência global sobre a Doença de Alzheimer, realizado em Boston (EUA), joga nova luz na batalha contra problemas mentais. Pela primeira vez, um teste clínico controlado demonstrou que a infusão de sangue jovem em pessoas com quadro de demência é um procedimento seguro. E mais: o resultado também indica que pacientes com Alzheimer podem apresentar até algumas pequenas melhoras.

Infusão de sangue atenua demência: como?

O teste foi foi conduzido pela empresa start-up Alkahest e foi liderado por Tony Wyss-Coray, neurologista da Universidade Stanford na Califórnia.

De acordo com a publicação da revista científica Nature, a amostragem do trabalho é de apenas 18 pacientes e o resultado é visto com cuidado pela comunidade científica. “Este é um teste realmente muito pequeno e os resultados não devem ser interpretados em excesso”, disse o neurologista líder do projeto.

Foram selecionados 18 pacientes entre 54 e 86 anos com quadros de Alzheimer que variavam entre o leve e o moderado. Cada um deles recebeu infusões de sangue semanais durante quatro semanas.

Na verdade, não se tratava do sangue em si, mas do plasma (parte líquida do sangue, sem células vermelhas, mas repleto de proteínas, sais minerais, gás carbônico e outras substâncias) de doadores de 18 a 30 anos.

A equipe de pesquisadores, então, monitorou os pacientes com o objetivo de avaliar suas habilidades cognitivas, humor e capacidade geral de tomar decisões e agir de forma independente.

Foram observados resultados importantes: não houve reações adversas significativas e tampouco efeitos consideráveis na cognição, por outro lado, as habilidades de ação diante de atividades do dia a dia apresentaram grande melhora.

Experimento em roedores deu resultado positivo

A experiência com os 18 pacientes de Alzheimer foi a primeira aplicação em humanos daquilo que os cientistas chamam de “parabiose” já testado em roedores.

Trata-se da ligação dos sistemas sanguíneos de dois ratinhos de modo que as moléculas que circulam em um animal entrem no outro. O grupo liderado por Wyss-Coray já realizara testes bem sucedidos em camundongos.

O mais importante experimento foi publicado pelo cientista Sual Villeda, também da Universidade da Califórnia, na revista Nature Medicine, em 2014. No estudo, a utilização do sangue de um camundongo de 3 meses reverteu danos causados pela idade no cérebro de um rato de 18 meses (equivalente a 70 anos em um humano). Os efeitos percebidos foram melhoras na memória, capacidade de aprendizado, força muscular e estamina dos ratinhos.

Neurologistas consideram teste perigoso

Também da Universidade da Califórnia, Irina Conboy e sua equipe de neurologistas já realizaram diversos experimentos de parabiose com ratos jovens e idosos. Seus trabalhos reforçam a tese de que o sangue jovem rejuvenesce os tecidos do animal, como o do coração e o do cérebro.

Contudo, Irina é crítica quanto ao teste clínico em humanos. “As bases científicas para o teste simplesmente não existem”, disse à Nature. Para ela, expor idosos a plasma sanguíneo de outras pessoas pode não ser seguro e levar a doenças inflamatórias ou autoimunes.

Nos Estados Unidos, onde todos os experimentos ocorreram, não há impedimento para a realização deste tipo de teste - o autor do trabalho afirma que novos estudos já estão a caminho.

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