Em 2019, várias medidas irão mudar e “1 kg” já não será o mesmo que “1 Kg” de hoje
Depois de maio de 2019, um quilo não pesará mais um quilo. Nesta data, entrará em vigor a decisão que será tomada na Conferência Geral sobre Pesos e Medidas (CGPM), a ser realizada em novembro de 2018. O evento vai estabelecer uma nova diretriz para a medição do quilo - e também de outras importantes ordens de grandeza: ampere, kelvin e mol.
A diferença será tão pequena que não vai mudar a vida de ninguém quando pedir um quilo de batata na feira, mas será determinante para cálculos extremamente precisos feitos por cientistas.
O que mudará em um quilo?
A medição oficial de um quilograma é baseada em um único objeto, que foi fabricado em Londres e está guardado no cofre do Escritório Internacional de Pesos e Medidas em Sèvres, na França, desde 1889. Trata-se de um cilindro de 4 centímetros composto de platina e irídio: a massa desse objeto é a medida perfeita de um quilo.
Ou melhor, era a medida perfeita. Ao longo de mais de um século, este cilindro perdeu 50 microgramas de massa e, como é a medida de peso de todo o mundo, um quilo se tornou um pouco mais leve nestes últimos 100 anos. E a tendência é que o fenômeno siga ocorrendo: todos os objetos tendem a perder ou absorver átomos ou moléculas e sua massa invariavelmente será alterada.
Para garantir que uma unidade de medida seja absoluta, cientistas especialistas em medidas apresentaram uma proposta, que passou a ser chamada de “balança de Watt”.
O projeto que será aplicado foi proposto por Ian Mills, da Universidade de Reading, e chega a um resultado depois de relacionar energia mecânica com a eletromagnética e sua frequência.
A ideia é atingir uma base constante, que seja permanente, independentemente de sua aplicação no tempo e no espaço - a constante escolhida é a de Planck. Este experimento físico-químico seria medido por um instrumento preciso e seu resultado seria a medida exata de um quilo para sempre.
Medição de mol, ampere e kelvin vão mudar
Mol, ampere e kelvin são medidas praticamente desconhecidas pela maior parte das pessoas, mas bastante importantes para os cientistas. Todas elas sofrem do mesmo problema: medições que estão passíveis de se tornarem imprecisas ao longo dos anos.
No caso dos mols, o mesmo procedimento que dará base ao novo quilo será aplicado. Atualmente, o mol é medido pela quantidade de matéria de um sistema baseado nos átomos existentes em 0,012 quilo de molécula carbono-12. Após o congresso, será a quantidade precisa se átomos em uma esfera perfeita de puro silício-28.
O ampere é uma unidade de corrente elétrica e será medido a partir de uma produção de energia disparada por elétrons, de maneira que a corrente terá elétrons que poderão ser contados individualmente. O kelvin é uma unidade de temperatura e será definido por uma técnica de termometria acústica: registro da passagem da velocidade do som em uma esfera composta de gás e uma determinada e fixa temperatura.
O metro já foi alterado também
O Sistema Internacional de medidas existe há mais de um século e além do quilo (massa), do mol (quantidade de substância), do kelvin (temperatura) e ampere (corrente elétrica), tem ainda o segundo (tempo), a candela (intensidade de luz) e o metro (comprimento). Este último, inclusive, já passou pelo mesmo processo.
Um metro, antes, era a medida perfeita de uma barra de metal que também estava guardada no cofre francês. Como este objeto também sofria com a ação de átomos e moléculas, foi substituído. Desde 1983, a medida equivale à distância percorrida pela luz no vácuo em um intervalo de 1/299.792.458 segundo.
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