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Bomba Relógio-Mulher

Como uma bomba EMP, como a da Coreia do Norte, afetaria os Estados Unidos?

Publicado 25 Out 2017 – 01:54 PM EDT | Atualizado 15 Mar 2018 – 01:37 PM EDT
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Já imaginou uma bomba que explode e não fere ninguém, mas afeta 90% de um país do tamanho dos Estados Unidos mesmo assim? Isso é o que pode causar um ataque eletromagnético - atingir as estações elétricas e o sistema de comunicações antes de afetar as pessoas.

Bomba de pulso eletromagnético é ameça real

Pode parecer enredo de ficção científica catastrófica, mas o perigo é bem real. Tanto que dois especialistas em segurança nuclear produziram um extenso documento a pedido do governo norte-americano e apresentado ao congresso do país relatando o risco. Para eles, o risco de a Coreia do Norte realizar um ataque desse tipo é uma "ameaça existente".

"Armas de super-EMP são de baixo rendimento e projetadas não para produzir uma grande explosão cinética, mas sim um alto nível de raios gama, o que gera uma alta frequência de pulso eletromagnético afetando grande variedade de eletrônicos", relata o documento norte americano.

O que é a bomba de pulso eletromagnético

Também chamados de EMP por conta da sigla em inglês, esse tipo de ataque tem como alvo a rede de eletricidade. "Desde 1962, os americanos já sabem que, quando se explode uma bomba nuclear a uma altitude de 500 quilômetros, ela gera o que chamamos de pulso eletromagnético", explicou ao VIX Ricardo Magnus Osório Galvão, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC).

Para se ter uma noção de efeito prático, se você passar de carro com o rádio ligado na frequência AM abaixo de uma rede de transmissão, como aqueles grandes postes de eletricidade nas estradas, ouvirá um barulho interferindo no som do automóvel. "Esse ruído é uma interferência eletromagnética de baixíssima frequência", exemplifica Galvão.

Efeitos práticos de um ataque eletromagnético

Um ataque desse tipo significa que, no primeiro momento, essa bomba não mata ninguém. Mas pelo fato de a EMP agir como se fosse um raio enorme se propagando por todos os circuitos e sistema de controle, segundo Galvão, ela imediatamente causaria um apagão em todo o território alvo.

A grande ameaça atual é que todos os sistemas da Terra são eletrônicos. Após um país ser atacado eletromagneticamente, não haveria nenhum meio de apertar qualquer botão para contra-atacar o inimigo com mísseis ou outras bombas.

Escritórios governamentais de segurança, hospitais, escolas e cidades inteiras sem luz, internet ou telefone de uma hora para outra. Se, a princípio, o ataque não fere nenhuma pessoa, os efeitos secundários são caóticos.

Diferença entre bomba EMP e nuclear

Ricardo Magnus explica que a bomba de pulso eletromagnético é uma bomba nuclear comum que já ouvimos falar em outros ataques. A diferença dos efeitos é a altura em que ela explode. 

"Se uma bomba atômica for lançada a 400 quilômetros de altitude no Polo Sul ou Norte, o campo magnético da Terra pode propagar o pulso até os Estados Unidos", exemplifica.

Ou seja: se a bomba de Hiroshima tivesse explodido a centenas de quilômetros de altura, teria propagado um pulso eletromagnético no Japão inteiro.

Um cálculo feito por especialistas internacionais afirma que uma bomba nuclear explodida a 473 quilômetros de distância do solo, tendo como alvo os Estados Unidos, atingiria 100% país, além de boa parte do México e Canadá, como mostra a imagem abaixo, que traz a circunferência de impacto de acordo com a altura da explosão. 

Responsável pela propagação está acima da atmosfera

A grande responsável por isso é a camada acima da atmosfera, a ionosfera. O especialista explica que lá se concentram muitos íons e elétrons, partículas atômicas que, ao receberem esse pulso da bomba, amplificam e propagam para outras regiões da Terra.

Pulso eletromagnético apagou o Havaí

Em 1962, os próprios norte-americanos realizaram um teste em seu território. A bomba chamada Starfish Prime foi lançada com o intuito de ser testada como ataque EMP. O poder destrutivo dela era de 1,45 milhão de tons - para efeitos comparativos, a bomba de Hiroshima tinha 13 mil tons. 

Explodida a 400 quilômetros de altura no meio do oceano, a  Starfish afetou todo o sistema elétrico do Havaí. O detalhe é que a ilha pertencente aos Estados Unidos ficava a 1500 quilômetros de distância do ponto da explosão. É o mesmo que dizer que um ataque em Porto Seguro, na Bahia, afetaria os sistemas de comunicação de São Paulo.

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