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Função de substância misteriosa do leite materno acaba de ser descoberta

Publicado 18 Out 2017 – 02:03 PM EDT | Atualizado 15 Mar 2018 – 01:38 PM EDT
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Entre as diversas substâncias que compõem o leite materno, as duas mais abundantes são a lactose e o lipídio. O terceiro tipo de biomolécula que mais se encontra no leite são é o oligossacarídeo.

Ao contrário da lactose e do lipídio,  ambas digeridas e transformadas em energia no corpo dos bebês, os oligossacarídeos são indigestíveis para o organismo humano - são inclusive difíceis de detectar no leite.

Durante muito tempo, os médicos e cientistas procuraram entender o porquê da produção desta substância, uma vez que ela parecia completamente inútil para o desenvolvimento das crianças. E não é pouco esforço que o corpo da mãe emprega para produzir os oligossacarídeos: das 500 calorias que uma mulher em lactação queima todos os dias para o leite, 10% são para isso.

Agora se sabe a resposta: eles são o alimento de um tipo específico de bactéria que protege o intestino dos bebês.

Substância do leite alimenta bactéria fundamental

"É uma dieta completa, moldada em mais de 200 milhões de anos de evolução, para manter os bebês saudáveis", disse o cientista Bruce German, diretor do UC Davis Foods for Health Institute, que estuda há mais de 10 anos os mecanismos do leite materno humano.

German descobriu que os oligossacarídeos, que são realmente impossíveis de serem absorvidos por nosso organismo, alimentam exclusivamente um tipo de bactéria, a bifidobacterium infantis.

A descoberta é surpreendente. São quase 40 trilhões de bactérias que habitam o corpo humano, cerca de 90% delas no nosso intestino. Mas quando nascemos, a quantidade de bactérias no nosso organismo é baixo e o risco de infecções é alto para bebês, sobretudo os prematuros.

A surpresa está no fato de que apenas um único tipo delas se alimenta dos oligossacarídeos do leite materno, e é exatamente uma espécie que desempenha papel vital na proteção do intestino dos bebês contra infecções e inflamações.

“É uma estratégia genial da natureza. As mães encontraram uma nova forma de proteger seus filhos”, celebrou German.

Leite materno previne doenças gastrointestinais

Bebês prematuros estão no grupo de risco para o desenvolvimento de severas doenças gastrointestinais, sobretudo a enterocolite necrotizante, que pode até destruir o intestino. As estatísticas do centro de estudos sobre leite materno do Foods for Health Institute afirmam que até 10% dos prematuros contraem a doença e até 40% de quem tem a doença morre.

Eles sugerem que o leite materno tem mais essa função: protege contra infecções e inflamações no intestino e pode salvar vidas de muitas crianças. Os pesquisadores acreditam que os oligossacarídeos podem até serem usados para tratar adultos, sobretudo para restaurar o equilíbrio microbiano e melhorar as defesas imunológicas.

A equipe de pesquisadores afirma que as vacas também produzem os oligossacarídeos necessários, embora a quantidade caia muito após os primeiros dias de lactação. Eles sugerem que os subprodutos derivados do leite da vaca podem ser utilizados para extrair a substância.

Um exemplo é o soro do leite. Para cada quilo de queijo produzido, 10 quilos de soro são descartados, mas eles ainda mantêm oligossacarídeos em sua composição. German e seus colegas apontam que é possível tornar aquilo que iria para o lixo em um tesouro para as boas bactérias de nosso corpo.

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