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Inteligência artificial indica que livros de Chico Xavier têm, de fato, autores diferentes

Publicado 14 Dez 2017 – 04:00 AM EST | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Chico Xavier é o maior expoente do espiritismo brasileiro e também o maior best-seller de livros da história do país. O médium assinou a publicação de 412 obras literárias e vendeu aproximadamente 45 milhões de exemplares - seu trabalho mais famoso, “Nosso Lar”, foi publicado em 15 idiomas e registra 2,5 milhões de vendas.

No entanto, Chico Xavier sempre rejeitou a autoria de tais livros: eram psicografados, de acordo com o médium. “Não sou autor de nenhuma dessas obras”, dizia, justificando que era apenas o meio pelo qual espíritos se expressavam a fim de colocar as histórias no papel.

A produção dele era tão intensa que, à certa altura, o também escritor Monteiro Lobato declarou que “se Chico Xavier produziu tudo aquilo por conta própria, então ele merece ocupar quantas cadeiras quiser na Academia Brasileira de Letras”.

Agora, uma nova análise mostra que os estilos muito distintos indicam autores dierentes.  

Técnica mostra diferentes estilos em Chico Xavier

Uma análise inédita que envolve técnicas de machine learning (forma de aprendizado de padrões pelos computadores) foi aplicada sobre os livros escritos por Chico Xavier para entender se o estilo literário das obras indicava um ou vários autores. E o resultado dá razão ao médium: são vários escritores diferentes.

“Para as pessoas de fé, as evidências reforçam suas crenças. Para os céticos ao espiritismo, temos evidências científicas que mostram que as obras são distintas em estilo”, afirma Milton Stiilpen Jr., um dos autores do estudo realizado pela empresa Stilingue.

Como os computadores leem e reescrevem textos

Os computadores já são capazes não só de identificar estilos literários como ainda de reproduzir novos textos a partir dos traços estilísticos observados. O primeiro grande experimento nesse sentido foi desenvolvido a partir de duas técnicas de “machine learning”, a Redes Recorrentes Simples e a LSMT (long short-term memory), para investigar as obras de William Shakespeare.

O método consiste em aplicar tais técnicas de “machine learning” a uma série de textos para criar um modelo de linguagem padrão, chamado entre os especialistas de “bot”. Depois, o computador colhe algum trecho da obra e usa o “bot” para continuá-lo de modo a garantir a manutenção do estilo do autor. Esse processo é repetido centenas de vezes até que se reproduza textos com a forma literária muito similar às das obras originais.

O sucesso da aplicação com o autor inglês motivou os cientistas da Stilingue, empresa de tecnologia especializada na análise de textos, a replicá-la com obras brasileiras. Foram escolhidos livros em português de Paulo Coelho e de Chico Xavier.

Emmanuel, André Luiz e Humberto de Campos: diferenças

Quando a metodologia foi aplicada sobre oito livros escritos por Paulo Coelho, identificou e replicou um padrão estilístico com alta precisão: apenas 10% de margem de erro.

No caso de Chico Xavier, foram testadas nove obras, três para cada um de seus mais importantes autores extramundanos: Emmanuel, André Luiz e Humberto de Campos. O resultado de Emmanuel foi ainda mais preciso do que de Paulo Coelho e registrou taxa de erro de apenas 5%.

O resultado registrado nas obras assinadas por André Luiz foi dentro da média, em 22%. As obras de Humberto de Campos apresentaram maiores discrepâncias e taxa de erro de 32% - o estudo justifica como natural, visto que o autor mistura contos, anedotas e poesias.

Considerados individualmente, a média de margem de erro dos autores que assinam os livros de Chico Xavier ficou abaixo de 20%. No entanto, quando a máquina analisou as obras misturadas entre os três, a taxa de erro subiu substancialmente: ficou entre 50% e 75%.

“Ao revezar os textos, as taxas de erro aumentam expressivamente. Quando os bots recebem livros de entidades espíritas diferentes, em alguns casos dobram e em outros triplicam [as taxas de erro]”, afirma o estudo. “Confirmando então que, a partir do método, existem primeiras evidências de que os livros de diferentes entidades possuem seu próprio estilo de escrita”, conclui o texto.

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