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#Leilãofóssilnão: que campanha brasileira é essa que está mobilizando o mundo todo?

Publicado 26 Set 2017 – 01:06 PM EDT | Atualizado 15 Mar 2018 – 02:11 PM EDT
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Quando o ator norte-americano Mark Ruffalo (que interpretou Hulk no cinema e foi três vezes indicado ao Oscar) publicou nas redes sociais uma foto segurando um cartaz com a hashtag #LeilaoFossilNao, a campanha começou a mobilizar internautas do mundo inteiro.

Ele foi seguido do casal de atores Maggie Gyllenhaal e Peter Sarsgaard, do Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel e de lideranças ambientais de todo o mundo. Mas o que é, afinal, esta campanha?

Causa ambiental é o motivo de manifestações

A hashtag não está escrita em português à toa: a campanha tem como objetivo exercer pressão contra uma medida do governo federal brasileiro.

Na próxima quarta-feira (27/9), a Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP) irá promover um leilão de campos de combustíveis fósseis brasileiros para investimento estrangeiro. Os ambientalistas garantem que a decisão é prejudicial ao país e ao meio-ambiente.

O leilão será a 14ª rodada de licitações para exploração convencional e não-convencional de petróleo e gás. Serão ofertados 287 blocos em bacias sedimentares terrestres e marítimas de 13 estados brasileiros.

Impacto do leilão de campos de combustíveis fósseis

De acordo com a ONG 350, promotora da campanha contra licitação da exploração de petróleo, as cessões colocarão em risco a biodiversidade e as populações nativas de mais de 120 mil km² do país.

“Há diversos estudos que afirmam que se as reservas de petróleo e gás continuarem sendo exploradas não dará para atingir as metas globais de temperatura, o que é um compromisso mundial”, afirma Nathália Clark, coordenadora de comunicação da ONG 350 na América Latina.

Para Andrea Santos, secretária executiva do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, os protestos são necessários para barrar o leilão.

Ela destaca que o Brasil tem potencial para crescer com investimentos em outras matrizes de energia, como a hidrelétrica, a solar e a eólica. “Estamos melhorando com essas alternativas, mas a cessão desses campos em leilão pode comprometer este avanço. O ano tem sido muito ruim para o Brasil do ponto de vista ambiental”, afirma.

Exploração de recursos naturais e efeito estufa

Os ambientalistas reafirmam que o acordo é duplamente prejudicial ao meio-ambiente brasileiro. Primeiro devido à exploração dos recursos naturais, que afeta fauna e flora locais. E também de forma mais ampla: o aumento do uso de combustíveis fósseis gera mais gases que aumentam o efeito estufa, que vem aquecendo o planeta.

“O Brasil assinou o Tratado de Paris, no qual se comprometeu a controlar a emissão desse tipo de gases, assim como outros países. O leilão vai contra tudo que o governo acordou internacionalmente”, protesta Nathalia. A meta acordada entre os países é de limitar o aumento da temperatura global em 2 graus Celsius, objetivo que fica mais distante quanto mais houver emissão desses gases,.

“As decisões políticas vão na contramão das necessidades ambientais. Esse tipo de leilão suja a matriz energética brasileira e é péssimo para a questão climática”, enfatiza Andrea, que destaca também que este tipo de exploração apresenta risco de acidentes ambientais.

Interesse privado

O conjunto das ONGs 350 Brasil, Fundação Internacional Arayara e a COESUS alerta também para os riscos do leilão em relação escândalos de corrupção. Até agora, já foram aprovadas pela ANP a participação de 36 empresas, sendo 60% estrangeiras e pelo menos cinco envolvidas em denúncias.

Foi protocolada uma ação junto ao Ministério Público pedindo a suspensão do leilão. O recurso tem como jurisprudência a decisão do MP em 2013, quando a 12ª rodada de licitações de campos de petróleo e gás foi cancelada.

Ações da campanha

A hashtag #LeilaoFossilNao continua sendo promovida nas redes sociais, mas a campanha vai também tomar as ruas do Rio de Janeiro. Nesta terça e quarta-feira, haverá uma série de protestos em frente ao hotel onde está previsto o evento, na Barra da Tijuca.

Destruição do meio-ambiente

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