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Como um terremoto mexe com a Terra? Duração do dia, cheiro da água e mais

Publicado 22 Set 2017 – 06:46 PM EDT | Atualizado 2 Abr 2018 – 09:32 AM EDT
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Terremotos são eventos muito mais comuns do que você pensa. Chamam atenção quando ocorrem em graus de intensidade altos e provocam destruição, mas a grande maioria deles acontece e nós nem notamos sem a ajuda de equipamentos especializados.

De acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos ocorrem mais de 1 milhão de terremotos por ano em todo o planeta. Este número compreende todo tipo de abalo sísimo registrado no mundo todo, mesmo aquelas inferiores a 3.0 pontos na escala Richter.

Se tomarmos em conta apenas os tremores com grau de destruição, o índice cai bastante, mas ainda assim segue alto: anualmente ocorrem, em média, pelo menos 16 terremotos acima de 7.0 pontos no mundo e ao menos 1 terremoto acima de 8.0 pontos.

Mas além de provocar abalos das estruturas de prédios ou gerarem ondas gigantes, como no caso da tsunami que invadiu a Indonésia em 2004, os terremotos podem também mudar o eixo da terra, aumentar a duração dos dias, alterar a temperatura da água, entre outras coisas. Veja cinco fatos sobre eles:

Terremotos já mudaram duração dos dias

O site da Nasa divulgou um relatório produzido pelo cientista Richard Gross no qual ele mede o impacto provocado por terremotos de alta intensidade no eixo da Terra. Quando o eixo do planeta se desloca, o tempo de rotação também muda e, consequentemente, a duração dos dias e noites.

Gross investigou três terremotos. O que provocou o tsunami na Indonésia em 2004 (9.1 na escala Richter) mudou o eixo da Terra cerca de 7 centímetros e encurtou o dia em 6,8 microssegundos. O terremoto que afligiu o Chile em 2010 (8.8) alterou o eixo do planeta em 8 centímetros e alongou o dia em 1,26 microssegundos.

O terremoto que ocorreu no Japão em 2011 (9.0) foi o que mais abalou a Terra: mudou seu eixo em 17 centímetros, mas impactou pouco em tempo, apenas reduziu um dia em 1,8 microssegundos.

Pode mudar temperatura e cheiro da água

De acordo com um artigo científico publicado pela Universidade de Berkeley, os terremotos são eventos que impactam bastante as condições das águas naturais das regiões onde ocorrem seus epicentros.

“As mudanças na temperatura, odor e sabor das águas subterrâneas após terremotos têm sido observadas há muito tempo. Quando não há terremotos, a temperatura cai gradualmente e linearmente com o tempo; no momento dos terremotos, no entanto, a temperatura aumenta em um padrão escalonado”, informa o texto.

Isso porque quando ocorrem os tremores, as ondas sísmicas movimentam as rochas e a terra, obstáculo para a movimentação de gases e da água geotérmica, ambos em camadas mais inferiores do planeta. Quando se misturam com a água superficial, as deixam mais aquecidas e com odores.

Provoca ondas estacionárias

O Serviço Geológico norte-americano descreve as seichas como “ondas estacionárias instaladas em rios, reservatórios, lagoas e lagos”. Elas se formam, afirma a organização, quando “as ondas sísmicas de um terremoto passam pela área”. 

São movimentos que ocorrem na água (não exclusivamente em água, pode ser em fios, sinais etc.) muito dificilmente visualizado. É como se duas ondas agissem como forças opostas, se sobrepondo. Sem atrito, essa tendência pode ser infinita.

“O termo seiche sísmico foi primeiro cunhado por Anders Kvale em 1955 para descrever a oscilação dos níveis do lago na Noruega e na Inglaterra causada pelo terremoto Assam de agosto de 1950”, informa a organização norte-americana.

Altera comportamento de animais

É um fato: animais podem sentir a ocorrência de terremotos antes de seres humanos. Uma pesquisa publicada no jornal científico Physics and Chemistry of the Earth indicou que os animais mudam seu comportamento horas ou até dia antes antes desse tipo de evento natural.

"Nosso estudo correlacionou mudanças no comportamento de aves e pequenos mamíferos no Parque Nacional Yanachaga do Peru com distúrbios na ionosfera terrestre [camada atmosférica que sofreria os efeitos do sismo]. Ambos os fenômenos foram observados vários dias antes do terremoto de magnitude 7.0 que atingiu os Andes peruanos em 2001”, disse em entrevista à Fapesp o cientista francês radicado no Brasil Jean-Pierre Raulin.

No tsunami de 2004, causado por um terremoto submarino, há diversos relatos que animais como os elefantes e diversos tipos de aves procuraram terrenos mais elevados dias antes que a água invadisse a costa indonésia.

“Descoberta” dos terremotos tem menos de 300 anos

Até 1755, não se fazia ideia do que causava um terremoto. Na verdade havia uma hipótese majoritária: era resultado da queima de carvão sob a superfície terrestre.

Essa foi a data que o astrônomo e geólogo britânico John Michell descreveu que o movimento das placas tectônicas poderia resultar em choque e, consequentemente, causar um terremoto. A observação de Michell se deu sobre o forte abalo sísmico ocorrido naquele ano em Lisboa, Portugal, seguido de uma tsunami.

O inglês é considerado um dos criadores da sismologia moderna. Depois dele, o maior avanço no estudo dessa ciência ocorreu em 1880, com o desenvolvimento dos primeiros sismógrafos de fato eficazes.

Terremotos pelo mundo

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