null: nullpx
brasil-Mulher

Por que terremotos grandes são raríssimos no Brasil (mas temos pequenos aos montes)?

Publicado 18 Set 2017 – 02:58 PM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
Compartilhar

Alguns tremores podem até assustar, mas o risco de que haja grandes terremotos no Brasil é praticamente nenhum. Todos os anos são registrados pelo menos 200 abalos sísmicos no país - um número relativamente alto -, mas é improvável que algum deles seja forte a ponto de causar algum tipo de destruição.

Terremotos fortes são raros no Brasil

A localização brasileira bem no centro da placa tectônica Sul-Americana, sobre uma extensa área de rochas estáveis, evita que abalos sísmicos de grande proporção ocorram por aqui.

A proporção de terremotos nas fronteiras entre placas tectônicas é muito maior: 90% de todos já registrados ocorreram nessas áreas, sendo 100% entre aqueles de magnitude acima de 8 pontos na escala Richter.

Por que ocorrem pequenos terremotos, então?

“Estamos em uma área estável, mas não 100% estável. Há muitos sismos, mas são fracos e não os percebemos, somente quando ocorrem em regiões mais povoadas que se tornam notícia”, explica Fernando Mancini, professor de geologia da Universidade Federal do Paraná.

Os terremotos que ocorrem no Brasil têm dois tipos de origem distintas. São ou reverberações de choques nas bordas da placa Sul-Americana na cordilheira dos Andes e na dorsal oceânica, no Atlântico, ou acomodações de terra resultantes de deslizamentos ou falhas nas rochas que formam a superfície do continente.

Terremotos causados por choque de placas

O primeiro caso é o mais comum. As placas tectônicas estão em constante atrito e isso gera movimentações sísmicas o tempo todo - no Chile, por exemplo, são registrados até 5 deles por dia. Essas vibrações reverberam pelas rochas até que, em algum determinado ponto, podem movimentá-las - e, assim, surge o tremor.

O episódio mais recente de terremotos em território brasileiro foi registrado no Paraná, nas cidades de Rio Branco do Sul e de Itaperuçu, e no Mato Grosso, no município de Araguaiana. Marcaram, respectivamente, 3.5 e 3.4 pontos de acordo com o Centro de Sismologia da USP. Eles resultaram de choques da placa tectônica Sul-Americana com a de Nazca, no Chile (causou tremor de 5.6 pontos), e com a Africana, no oceano Atlântico (sem medição de magnitude).

Terremotos causados por falhas geológicas

São menos frequentes, mas mais perigosos. As falhas geológicas são fissuras nas gigantes placas rochosas que compõem o continente ou o oceano. Quando uma delas sofre algum abalo ocorre um terremoto. E o Brasil tem várias delas, em todas suas regiões.

Os geólogos ouvidos pela reportagem explicam que nesses pontos de falha geológica há maior risco de acomodação de camadas de terra. Isso acontece por motivos diversos: acumulação de água nas rochas, vibrações resultantes dos choques das placas tectônicas, deslizamentos de terra ou ação humana, por exemplo em áreas de pedreira.

País tem 4 terremotos pequenos por semana

Ao longo de um ano, podem ser registrados mais de 200 terremotos em todo o território nacional. “São cerca de 4 tremores que acontecem por semana no país”, revela o sismólogo Bruno Collaço, do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo.

E isso porque são considerados apenas aqueles cuja medição é oficial; como há regiões com menos equipamentos e profissionais dedicados, este número pode ser bem maior.

A maior parte dos tremores de terra brasileiros tem magnitude abaixo de 3 pontos na escala Richter - geralmente, abalos inferiores a 3.5 pontos são difíceis de notar. Dados mais severos costumam acontecer a partir dos eventos de magnitude 5.5.

1955: o ano dos terremotos

Os dois terremotos mais graves já registrados no Brasil datam do mesmo ano, em 1955. No interior do Mato Grosso, na Serra do Trombador, município de Porto dos Gaúchos, os instrumentos de detecção marcaram tremor de escala 6.6. Este foi o agressivo abalo sísmico já visto no país. No mesmo ano, Vitória, capital do Espírito Santo, também marcou um tremor de 6.3 pontos. Em ambos os casos, não houve vítimas.

Menos intenso, mas mais destrutivo foi o terremoto ocorrido na cidade de João Câmara, interior do Rio Grande do Norte. Em 1986, o tremor de 5.1 pontos na escala Richter destruiu mais de 4 mil construções, sem deixar mortos.

Entre 2007 e 2008, uma série de tremores foi catalogada. No norte de Minas Gerais (região mais propícia do país para tal), um terremoto foi notado em Itacarambi. Ainda no Sudeste, um segundo abalo registrado em São Paulo repercutiu no Espírito Santo e Rio de Janeiro, além de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Terremotos pelo mundo

Compartilhar

Mais conteúdo de interesse