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2 motivos fazem com que o Brasil seja praticamente imune a furacões

Publicado 12 Set 2017 – 01:44 PM EDT | Atualizado 15 Mar 2018 – 02:25 PM EDT
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A posição do Brasil é bastante privilegiada em relação ao risco de sofrer com catástrofes naturais como vulcões, terremotos e furacões.

A localização do nosso país no hemisfério sul, banhado por águas oceânicas de temperatura média, evita que furacões se formem e que qualquer tipo de ciclone sequer chegue à costa brasileira.

Por que o Brasil quase não tem furacões?

Nosso oceano é mais frio

Para que um furacão se forme, é preciso que a temperatura do oceano esteja elevada. No caso dos ciclones que se formam no oceano Atlântico, eles só se formam se as condições naturais estiverem ideais: pelo menos 27 graus Celsius a até 100 metros de profundidade. Menos que isso, dificilmente o fenômeno será mais forte do que uma mera depressão tropical, tempestade leve que não provoca muitos danos.

Este é o principal fator determinante da ocorrência de furacões no hemisfério norte e praticamente inexistência deles no hemisfério sul.

Entre junho e novembro (período que especialistas dizem ser a temporada dos furacões), a água do Atlântico norte se mantém aquecida após meses de sol e calor intenso do verão. No hemisfério sul, mesmo durante o período mais quente, a temperatura fica estável a aproximadamente 23 graus Celsius.

“Pode haver instabilidade, mas para a formação de furacões precisa ser mais quente”, afirma Adilson Nazário, meteorologista do Centro de Gerenciamento de Emergências de São Paulo. “Não fica a ponto de formar temporada de furacões, mas chega a formar ciclones tropicais e provocar chuvas intensas”, explica.

Vento do Saara não passa por aqui

O lugar mais quente e seco do planeta é fator determinante para os furacões que atingem as ilhas do Caribe e a costa dos Estados Unidos. No deserto do Saara, na África, se formam massas de ar de altas temperaturas e baixa umidade que são o ponto de partida para a formação de ciclones tropicais sobre as águas quentes do oceano Atlântico norte.

Correntes de ar muito quente e muito seco cruzam o Saara no sentido leste em direção a oeste. Na costa africana, tais ventos se encontram com a massa de ar mais fria e úmida que vem das florestas tropicais do continente. Forma-se uma nuvem de enorme instabilidade que vaga sobre o Atlântico. Quando esta instabilidade toma corpo sobre o oceano, captura a água aquecida pelo sol e forma um ciclone, que aumenta de tamanho de acordo com força do vento e da capacidade de reter água.

De acordo com um estudo específico sobre o tema, 85% dos furacões nascem a partir dos ventos africanos. Felizmente, esses ventos não passam por aqui. 

Brasil já teve furacão: Catarina

Em março de 2004, o Brasil viveu seu primeiro e até então único registro de furacão. Trata-se do Catarina, um ciclone tropical que se desenvolveu a partir de um ciclone extratropical estacionário de núcleo frio e se moveu até a costa de Santa Catarina - um fenômeno tão raro que não há notícias de ter ocorrido em nenhum outro momento.

À época, houve debate entre os cientistas para classificar o Catarina como furacão, devido sua especificidade. Ao ser confirmado como tal, foi catalogado como um furacão de categoria 2 na escala Saffir-Simpson, que os categoriza entre 1 e 5 de acordo com a força de seus ventos. O Catarina teve ventos de até 155 km/h.

O furacão que atingiu as cidades de Passo de Torres e Balneário Gaivota deixou mais de 27 mil pessoas desalojadas, mais de 500 feridos e 11 mortos.

Brasil, terra dos tornados

Furacões no Brasil são improváveis, mas tornados são bastante recorrentes. De acordo com um estudo produzido na Unicamp pelo geógrafo Daniel Henrique Candido, o Brasil é o segundo país no qual mais ocorrem tornados, atrás somente dos Estados Unidos - a pesquisa registrou entre 1990 e 2011 ao menos 205 desses fenômenos meteorológicos em território nacional.

Há grandes diferenças entre furacões e tornados. Furacões são fenômenos enormes, de até 2 mil quilômetros de diâmetro, que se formam nos oceanos e dependem de água para existirem. Tornados são aqueles funis de vento menores que dependem exclusivamente de ar para se formarem.

Em resumo, pode haver um ou vários tornados dentro de um furacão (ou fora dele), mas é o evento no qual os ventos são mais agressivos, chegando a mais de 500 km/h.

“Furacões são previsíveis, conseguimos monitorar desde o oceano. O tornado é imprevisível e quando age é devastador”, diferencia Adilson Nazário.

De acordo com o trabalho, os estados de São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são os mais afetados. Entre os mais de 200 tornados catalogados no estudo, alguns passaram de 400 km/h.

Muitos não chegam a ser percebidos como tornados que são pela população em geral porque se dissipam rapidamente, ocorrem em áreas pouco povoadas ou ainda porque seus ventos não chegarem a velocidades muito altas. 

Entendendo os furacões

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