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O que mudou de Pelé a Neymar? Evolução física, feitos e números dos 2 atletas revelam

Publicado 22 Set 2017 – 06:00 AM EDT | Atualizado 15 Mar 2018 – 02:56 PM EDT
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Pelé é o maior jogador de futebol de todos os tempos. Neymar é o atleta mais caro que o esporte já produziu. Em termos de currículo, Edson Arantes do Nascimento ainda está muito à frente do atual camisa 10 do Paris Saint-Germain e da Seleção Brasileira: fez mais de mil gols e foi eleito em 1980 o “atleta do século 20” em uma votação global organizada pela publicação francesa L’Equipe. Neymar, contudo, conquistou o último título que faltava à Seleção Brasileira, a medalha de ouro olímpica, na Rio-2016, e custou 220 milhões de euros.

Sem qualquer intenção de comparar a carreira dos dois craques, o VIX levantou informações de suas trajetórias.

Quem são Pelé e Neymar

Edson Arantes do Nascimento nasceu em 23 de outubro de 1940, na cidade mineira de Três Corações. Mais de 50 anos depois, veio ao mundo Neymar da Silva Santos Júnior, em 5 de fevereiro de 1992, em Mogi das Cruzes, cidade que faz parte da Grande São Paulo.

Entre os dois, uma coincidência: o local de nascimento de ambos foi determinado pela profissão de seus pais. E curiosamente, ambos eram jogadores de futebol, assim como seus filhos.

João Ramos do Nascimento ficou famoso como Dondinho. O pai de Pelé foi um centroavante de relativo sucesso no futebol brasileiro, cuja principal habilidade era o cabeceio. Teve, inclusive, passagens por Atlético Mineiro e Fluminense. Jogava no Atlético de Três Corações quando o pequeno Edson nasceu. Em 1946, foi para Bauru onde jogou até 1952. A cidade do interior paulista foi o cenário da infância de Pelé.

Neymar da Silva Santos não chegou perto de ter o destaque do filho, mas foi ídolo no interior de São Paulo. Jogou durante sete anos, de 1989 a 1996, no União Mogi, da mesma cidade onde Ney Júnior nasceu. Também atacante, Neymar pai teve um de seus principais momentos de destaque com o título de campeão mato-grossense com o Operário, em 1997.

Pelé e Neymar dentro de campo

Pelé

Número de gols

Pelé contabiliza 1.375 partidas de futebol, nas quais marcou 1.282 gols, o que dá a incrível marca de 0,93 gol a cada jogo - como à época o futebol não era profissional como é hoje, há imprecisões sobre partidas oficiais e amistosas. Portanto, essa estimativa é um pouco mais abrangente e imprecisa do que a de Neymar, que veremos logo adiante. 

Seleção brasileira

Até hoje, Pelé é o maior artilheiro da seleção de nosso país. Marcou 95 vezes em 115 partidas. Em Copas do Mundo, tem 12 gols em 14 jogos.

Títulos

Ele defendeu apenas três camisas em sua carreira: a do Santos (1956 até 1974, quando se aposentou), a do Cosmos, nos Estados Unidos (1974 até 1977; neste período retomou a carreira até parar definitivamente), e a da Seleção Brasileira.

Em toda sua carreira, Pelé conquistou 59 títulos. Pelo Santos, ganhou dez vezes o Campeonato Paulista, cinco vezes a Taça Brasil (único título nacional à época), duas Libertadores da América e dois Mundiais Interclubes. Na Seleção Brasileira, foi o camisa dez em quatro Copas do Mundo, ficando com o troféu em três delas: em 1958 (tinha apenas 17 anos!), em 1962 e 1970.

Neymar

Com o jogo de estreia pelo PSG, Neymar chegou ao número de 488 partidas oficiais. A primeira delas foi pelo Santos, em 2009, onde ficou até 2013.

Naquele ano, foi para o Barcelona na transferência mais do futebol brasileiro: 57 milhões de euros - uma investigação na Espanha diz que o valor, na verdade, teria sido de 111 milhões de euros. Ficou na Catalunha até ser protagonista da maior transferência de todos os tempos.

Número de gols

Na carreira toda, tem 294 gols registrados em competições oficiais; marcou mais 7 gols em amistosos e 18 gols por competições extra-oficiais da Seleção (caso das Olimpíadas). Considerando as 488 partidas oficiais de Neymar, temos uma média de 0,6 gol por jogo. 

Seleção brasileira

Em 2010, Neymar fez o primeiro de seus 77 jogos pela Seleção Brasileira. Com a camisa amarelinha, já balançou as redes 52 vezes - já é o quinto maior artilheiro, atrás de Romário, Zico, Ronaldo e do próprio Pelé.

Títulos

Nos oito anos de carreira, ele já comemorou 17 títulos oficiais (e mais 8 torneios amistosos). No Barcelona, foi campeão mundial, da Champions League, do Campeonato Espanhol e da Copa do Rei da Espanha. No Santos, ganhou a Libertadores da América, a Copa do Brasil e o Campeonato Paulista. Pela Seleção, o título de mais expressão foi a Copa das Confederações.

Disputa física

Pelé

O Rei do Futebol tinha 1,74 metro de altura e, no auge, pesava 70 quilos. Era destro, mas tinha equivalente habilidade para chutar com as duas pernas - e seus pés calçavam chuteira número 39.

Neymar

Curiosamente, o biotipo de Neymar é semelhante ao de Pelé. O atleta do PSG tem 1,75 metro de altura e o último registro de seu peso marcava 68 quilos. Ele também destro e usa as duas pernas e calça chuteira de número 40,5.

Evolução física do futebol: o que mudou de Pelé a Neymar?

Corrida em campo

O futebol de hoje é praticamente outro esporte se comparado com o praticado nos anos 60. Quando Pelé estava em atividade, um jogador corria em média 4 km por jogo. Nas competições de alto nível de hoje, este número pode chegar a até 12 km em 90 minutos - é comum que atletas percam até 3 quilos em cada partida.

Mais potência, impulsão e velocidade

“Houve grande evolução física dos atletas. Hoje, ele é melhor preparado fisicamente, mais vigoroso e ocupa mais os espaços do campo”, analisou em entrevista ao VIX Dr. Turíbio Leite, diretor da Sport's Sciences Consulting, que foi coordenador de fisiologia da Unifesp e do São Paulo Futebol Clube por mais de 20 anos. “Todas as valências físicas são mais aperfeiçoadas hoje, como potência, impulsão e velocidade”, resume.

Por que se deu a evolução?

O fisiologista explica que a evolução científica e tecnológica mudou completamente o esporte e, consequentemente, as necessidades físicas dos atletas. Fatores como preparação física, nutrição adequada e abordagem fisiológica individualizada foram determinantes, além dos próprios equipamentos: a bola é mais precisa ao chute, o uniforme tem fator térmico, o gramado é totalmente plano e a chuteira é praticamente escaneada sob medida para o pé dos craques.

Preço no mercado

Pelé no Santos

Depois de ter marcado mais de mil gols e vencido duas Copas do Mundo e dois Mundiais pelo Santos, Pelé tinha o maior contrato do futebol brasileiro. Mas estava longe das cifras milionárias atuais.

Uma reportagem da revista Placar de 2010 mostrou que o contrato assinado pelo craque com o Santos em 1969 previa salário mensal de 5 mil cruzeiros novos. O valor atualizado pelo índice IGP-M dá, hoje, R$ 8.170,00 - nada mal, mas talvez o Rei do Futebol merecesse um aumento…

O poder de compra era outro à época também. Ainda segundo a reportagem da Placar, o professor de economia José Pascoal Vaz, da Universidade Católica de Santos, levantou o que os rendimentos de Pelé podiam comprar: 5 TVs Phillips 23 polegadas ou a entrada para a compra em cinco prestações de um Fusca 1600.

Pelé nos EUA e (quase) na Europa

Quando foi contratado pelo Cosmos, Pelé finalmente passou a receber um salário compatível com seu status de gênio do esporte. O contrato lhe rendia US$ 2,5 milhões por ano. De acordo com levantamento da ESPN, seria o equivalente a atuais US$ 10,9 milhões (aproximadamente R$ 30,35 milhões ao ano).

E por pouco Pelé não foi “o Neymar de sua época”. Depois da Copa de 1958, os times italianos da Inter de Milão, Milan e Juventus especularam a compra de Pelé. A Inter, inclusive, chegou a fazer uma proposta de 600 milhões de liras (moeda italiana da época) pelo atleta - os jogadores mais valorizados do mundo valiam cerca de 250 milhões. Era muito dinheiro para o futebol dos anos 50 e 60, mas hoje não seria quase nada. A revista Trivela converteu e atualizou o valor: seria cerca de 7 milhões de euros (R$ 25,9 milhões), menos do que custou o atacante reserva do Palmeiras, o colombiano Borja.

Neymar

O esporte nunca havia visto um aporte de dinheiro tão grande para a compra de um atleta até agosto de 2017. Para assinar com o PSG, Neymar depositou a multa contratual com o Barcelona: 222 milhões de euros, aproximadamente R$ 820 milhões.

Na Europa, jornais locais informam que a transferência foi seguida de um belo aumento. Tinha salário anual de 9,2 milhões de euros (R$ 34 milhões por ano) no Barcelona e agora recebe 30 milhões de euros (R$ 111 milhões) em Paris. É o segundo maior salário do futebol mundial - o primeiro é Carlitos Tevez, ex-Corinthians e atual Shanghai Shenhua (China), com 38 milhões de euros anuais (R$ 140 milhões).

Para título de curiosidade, em 1975 jornais afirmavam que o salário anual de Pelé no Cosmos poderia comprar 28 apartamentos de 150 metros quadrados no Jardins, bairro nobre de São Paulo. Hoje, o ordenado de Neymar torna possível que ele compre a cada ano 48 apartamentos desses.

Dá para comparar Pelé e Neymar?

Para Turíbio Leite, comparar o futebol de 50 anos atrás e o de hoje não é um exercício dos mais viáveis, pelo menos do ponto de vista do desempenho físico. As diferenças são gritantes. Mas mesmo assim, faz sua análise.

“O Neymar na época do Pelé seria também fora de série, mas não tem comparação técnica e fisicamente. O Pelé em campo hoje iria voar! Ele reunia uma série de qualidades físicas que é raríssima: impulsão fora do comum, velocidade excepcional, visão periférica e ainda era polivalente”, elogia. “Ele tinha a compleição física que é o biotipo perfeito de um jogador de futebol”, conclui.

Não à toa é o Atleta do Século e o Rei do Futebol. Imagina quanto não valeria um Pelé em 2017?

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