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O que há de tão raro no meteorito que caiu em cidadezinha do Pará?

Publicado 10 Ago 2017 – 06:00 AM EDT | Atualizado 2 Abr 2018 – 09:32 AM EDT
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Fragmentos do asteroide Vesta, um dos maiores do nosso sistema solar, acabaram caindo no município de Curionópolis, região da Serra Pelada no estado do Pará. No Brasil, esse tipo de meteorito é raríssimo e a amostra paraense é uma das apenas três que existem no país.

Quem constatou a descoberta foi o geólogo e mineralista Paulo Matioli. Depois de ver a postagem de Marcílio Cardoso Rocha, seu colega de profissão e morador de Marabá, cidade vizinha de Cuionópolis, Matioli voou de São Paulo ao Pará para estudar a rocha.

"Fui o primeiro a confirmar que a rocha se tratava de um meteorito. Algumas amostras foram enviadas para os Estados Unidos e lá vão ser analisadas. Só depois vamos saber exatamente dos detalhes sobre qual tipo de eucritos que é", disse Matioli em entrevista ao VIX,

Por que meteorito é tão raro?

Matioli afirma que o fragmento encontrado no Pará é raríssimo. "Todos os meteoritos que caíram no Brasil são da categoria condrito. Esse é um dos únicos três acondritos brasileiros". O fragmento do asteroide caiu pela manhã próximo a uma escola da cidade de Curionópolis.

Embora tanto condritos quando acondritos sejam meteoritos rochosos, um é mais raro que o outro. Grosseiramente falando, os condritos são rochas comuns que estão voando por aí no universo, com idade de 4,5 milhões de anos. Esse tipo mais comum de rocha tem traços da origem do Universo. 

A grande diferença deles para os meteoritos mais raros é o processo de diferenciação que os acondritos sofreram. Esse é o nome dado quando a rocha espacial é formada ou fundida no interior de outro corpo celeste maior, como um planetas ou satélites. No caso paraense, ele foi formado no asteroide Vesta e por isso ganha essa classificação.

Chegada à Terra

No geral, a velocidade que meteoritos chegam na Terra varia de 11 a 70 quilômetros por segundo. Matioli acredita que essa amostra encontrada deve ter rompido nossa atmosfera a uma velocidade de 30 a 40 quilômetros por segundo. "Pelos fragmentos, o tamanho da rocha era de 5 a 7 quilos, um bloco de 40 a 50 centímetros", especifica.

4 provas que a rocha veio do espaço

  • Densidade maior em relação a outras rochas da Terra se comparada ao mesmo volume;
  • Apresenta uma "casca" negra e brilhosa que envolve toda a rocha, chamada de "crosta de fusão";
  • Essa crosta envolve a amostra, que por dentro apresenta coloração cinza completamente diferente do exterior;
  • Rochas da Terra não apresentam os chamados "remaglitos"- sulcos abaloados na crosta de fusão que se assemelham a "massa de modelar pressionadas pelo dedão", como exemplificou o especialista.

Nossa atmosfera funciona como se fosse uma parede de ar e isso causa um forte impacto quando meteoritos avançam no planeta. Foi devido a esse choque que os habitantes relataram ter visto uma luz e um som forte, além do rastro de fumaça deixado pelo meteorito fragmentado após o impacto com  o ar mais denso da Terra.

Ao atingir o solo, uma nuvem de poeira também foi testemunhada pelas pessoas que observaram o fenômeno. 

Meteorito veio do protoplaneta Vesta

De acordo com a pesquisa dos geólogos, foi concluído que o meteorito é da classificação dos "eucritos", uma das três divisões que nomeiam os fragmentos vindos do asteroide Vesta. De tão imenso, com um diâmetro médio de 530 quilômetros, o Vesta passou a ser considerado um protoplaneta - um "quase" planeta.

Todos os meteoritos originários de lá são acondritos e, especificamente para os de Vesta, ganham subdivisões chamadas  howarditos, eucritos e diogenitos - HED no jargão de quem estuda a área. Contando com essa nova amostra que caiu no Pará, esse é apenas o terceiro eucrito encontrado no Brasil.

Os outros foram encontrados em 1923, em Pernambuco, e em 1957, em Itibira.

Em uma postagem em seu Facebook, Matioli, que é mestre em geologia pela Universidade de São Paulo e diretor/curador do Museu de Ciências Naturais Joias da Natureza, afirmou que "no Brasil atualmente existem cerca de 71 meteoritos descritos e descobertos até a presente data".

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