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Roda? Que nada! Entenda por que a privada é a maior invenção da humanidade

Publicado 26 Jul 2017 – 06:00 AM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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“Água vá”. Essa frase poderia ser seu pior pesadelo. Isso se você morasse em uma cidade europeia até o século 18. O grito era um sinal para avisar uma, digamos, chuva de cocô ou xixi. Isso mesmo: os dejetos humanos eram arremessados de dentro das casas das pessoas assim que elas terminavam. E voavam em direção às ruas - ou às cabeças das pessoas.

Essa desagradável tempestade terminou graças a uma importantíssima invenção humana: o vaso sanitário. É verdade que a roda, o fogo e a agricultura também foram muito importantes. Mas a criação da privada foi, literalmente, um divisor de águas para a humanidade. E, é claro, quando falamos aqui do objeto estamos tratando daquilo que ele representa: a instalação do saneamento básico em massa.

Por que a criação do vaso sanitário é tão importante?

Privada: uma invenção britânica

O toilette é uma invenção que tem dois pais, ambos britânicos. O inglês John Harington foi o primeiro a criar o instrumento, em 1596. À época, foram produzidos dois exemplares, apenas: um para ele e um para a rainha Elizabeth I. O water closet (WC) funcionava perfeitamente, mas não se popularizou.

Em 1775, o escocês Alexander Cummings desenvolveu a privada (quase) do jeito que a conhecemos hoje, embora ainda fosse produzida em materiais inadequado, como pedras ou madeira.

Transmissão de doenças

Ainda levaram alguns anos até o país criar sua primeira rede de saneamento. Começou em 1848, resultado das descobertas do cientista Edwin Chadwick. Ele provou que dejetos transmitiam bactérias e vírus responsáveis por doenças como cólera, hepatite leptospirose e febre tifóide.

Hoje, estima-se que as fezes humanas podem carregar mais de 50 doenças transmissíveis e o uso da privada e de saneamento adequado reduz o risco de infecção em mais de 40%. Em outras palavras, a invenção do vaso sanitário, talvez, tenha salvado mais vidas que qualquer outra criação humana.

Popularização e fim do esgoto a céu aberto

A popularização só chegou mesmo em 1885. Thomas Twyford finalmente criou a privada de porcelana, mais fácil de usar e de limpar. O modelo é praticamente igual ao que usamos hoje.

Até então, Londres era um esgoto a céu aberto. Assim como todas grandes cidades da Europa. Antes da privada e do saneamento, escoar os dejetos humanos era um problema histórico. Na Inglaterra, banheiro e o saneamento básico foram fundamentais para que se tornasse a maior potência econômica no século seguinte

Advento do papel higiênico

Bem, a privada já estava começando a ser usada por outros países da Europa e sua aplicação também se expandia para a América, mas de forma mais lenta. Contudo, o papel higiênico demorou um pouquinho mais para ser comercializado. A invenção - que, convenhamos, é também importantíssima! - data de 1857, obra do norte-americano Joseph Gayetty.

Antes do advento do papel higiênico, a limpeza pós dejetos era menos confortável e menos higiênica. Os métodos variavam entre o uso objetos como pedras, cordas e sabugo de milho em sociedades europeias e o uso da mão esquerda em algumas sociedades asiáticas. Na Roma Antiga, usava-se esponjas compartilhadas nos banheiros públicos. Além do clássico uso de jornal - e não é piada ou cantiga infantil.

História do banheiro

Cavar com a pá, valas coletivas e sistemas sanitários… Listamos três tipos de “banheiro” famosos ao longo da História.

Higiene bíblica

A preocupação com os resíduos orgânicos vem desde as escrituras da Bíblia. No Antigo Testamento, Moisés dá recomendações a seu povo de como lidar com suas fezes. “Entre os teus utensílios terás uma pá; e quando te assentares lá fora, então com ela cavarás e, virando-te, cobrirás o teu excremento”, diz o texto sagrado.

Alívio coletivo

Na Roma Antiga, a solução eram os banheiros públicos. Apenas na capital e centro do Império, havia mais de 140 deles. As latrinas coletivas recebiam o depósito das fezes, e valas direcionavam os dejetos até o rio Tiber. Enquanto, digamos, produziam os resíduos orgânicos, os romanos batiam papo - o banheiro era realmente um ponto de encontro.

A primeira privada

O primeiro registro de banheiros individuais é bem antigo. Data de 2.600 anos antes de Cristo, quando a civilização harapiana, localizada no vale do rio Indo, norte da Índia, desenvolveu um sistema de coleta coletiva de esgoto, na qual cada cada tinha seu próprio banheiro. Não se sabe porque a tecnologia não se manteve.

Saneamento básico no mundo

Contudo, privada e papel higiênico não são realidade em todo o mundo. Na Índia, onde há o registro dos primeiros banheiros individuais, muita gente está longe disso. Mais de 600 milhões de indianos não usam privada. E sofrem com doenças causadas pelo contato com as fezes.

No mundo inteiro, 32% da população não tem saneamento básico adequado; na Índia, por exemplo, 40% das pessoas têm acesso à água potável. No continente africano, somente 32% das pessoas têm acesso à condições minimamente ideais de higiene.

A Unicef informa que todo ano morrem 760 mil pessoas por falta de saneamento em todo planeta, com um triste agravante: 2 mil delas  são crianças de até 5 anos de idade.

O Brasil também está longe do ideal: 17% dos brasileiros não têm acesso à água e saneamento básico. Rede de esgoto só atinge 50% da população brasileira. A outra metade usa sistemas de fossa, algumas higiênicas e regulamentadas, mas boa parte delas é improvisada e perigosa.

Saneamento básico

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