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É verdade que Júpiter funciona como um grande escudo do sistema solar?

Publicado 30 Jun 2017 – 09:52 AM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Imagine que você espalhou várias bolinhas de pingue-pongue num colchão. Agora pense no que aconteceria se uma bola de basquete fosse colocada nesse mesmo colchão. Os objetos menores iriam rolar para perto da bola maior, certo? É isso, mais ou menos, o que a gravidade de Júpiter exerce no sistema solar em relação a cometas e asteroides.

O maior planeta entre os nossos vizinhos tem uma massa 318 vezes mais densa que a da Terra. Por funcionar como se fosse um imã gigante, a ideia de que Júpiter é um escudo para a gente foi muito divulgada. Mas será que esse pensamento faz algum sentido?

Júpiter é um escudo da Terra?

Para o professor Amaury Augusto, chefe do departamento de astronomia do IAG (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas) da Universidade de São Paulo, essa ideia não faz tanto sentido assim.

Ele explica que a ideia foi difundida porque Júpiter tem muitos cometas em sua órbita. “Como o planeta tem uma massa dominante, qualquer corpo que puder sofrer alguma influência gravitacional vai ficar preso na órbita de Júpiter”.

Isso é algo que acontece com tanta frequência que existe uma categoria de corpos celestes conhecida como “cometas da família de Júpiter”. Para se ter uma ideia, dos 67 satélites naturais do planeta, calcula-se que 89% deles seja composto de “asteroides capturados”.

Os dias de Júpiter como protetor natural da Terra, se é que um dia existiram, ficaram para trás ainda no início da formação do sistema solar. Nesse momento astronômico, Júpiter pode ter, de fato, protegido nosso planeta, contribuindo para os eventos que permitiram a existência de vida por aqui. 

Nossa lua nos protege mais

Augusto explica que nossa lua tem nos protegido muito mais de cometas que poderiam nos acertar.

“O lado oculto da lua tem muito mais crateras do que o lado visível, ou seja, está mais exposto para colisões. Ele, sim, trabalha como escudo, nossa lua é um escudo protetor da Terra em termos de colisão de corpos”, avalia o astrônomo.

Estima-se, aliás, que a própria lua tenha se formado da colisão de um corpo com a Terra. O impacto foi tão grande que parte da massa do nosso planeta se soltou e entrou em órbita, o que viria a se tornar nosso satélite natural milhões de anos depois.

Júpiter impediu formação de outro planeta

Entre os vizinhos Júpiter e Marte, separados por 550,5 milhões de quilômetros um do outro, existe um grande cinturão de asteroides. “Os asteroides do cinturão são resquícios do que sobrou da possível formação de um planeta. Com esse poder e massa que tem, Júpiter não deixou que se formasse outro planeta entre ele e Marte”.

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