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Como pele de peixe pode ajudar a curar queimaduras? Entenda

Publicado 14 Jun 2017 – 12:00 PM EDT | Atualizado 15 Mar 2018 – 05:15 PM EDT
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A pele de tilápia, peixe comum de água doce no Brasil, está sendo usada por pesquisadores brasileiros como curativo para queimaduras de pele

Essa é a primeira vez no mundo que um animal aquático é estudado para esses fins e a primeira vez que uma pele de animal é investigada para o uso no tratamento de queimaduras no Brasil, segundo a Universidade Federal do Ceará (UFC), uma das entidades pesquisadoras do tema.

A pele foi testada em pacientes com queimaduras de 2º e 3º grau e a pesquisa está na terceira fase, com a aplicação em 120 pacientes de 18 a 60 anos e em 30 crianças de 2 a 12 anos atendidos no ambulatório de queimados do Instituto Dr. José Frota (IJF), hospital de alta complexidade de Fortaleza.

Como a pele de tilápia pode curar queimaduras

A principal razão para o uso da pele de tilápia sobre queimaduras está na quantidade de colágeno dos tipos 1 e 3 presentes na camada retirada do peixe. O colágeno é uma importante proteína para cicatrização de feridas. 

“A pele de tilápia tem maior resistência à tração, além de um bom grau de umidade, e isso faz com que tenha propriedades ótimas para cicatrização”, comenta o cirurgião plástico Edmar Maciel, coordenador da pesquisa e presidente do Instituto de Apoio ao Queimado (IAQ), em matéria do Jornal da UFC.

Como funciona

Para aplicar o couro da tilápia nas feridas é preciso um ritual de limpeza: são retirados o tecido muscular, as escamas, as toxinas e o cheiro característico do peixe. Depois, o material é prensado e cortado em tiras.   

A pele, então, pode ser grudada na ferida, formando uma tampa que só traz benefícios:

  • Evita a contaminação de fora para dentro
  • Retém a perda de líquidos, já que a pele do peixe tem boa umidade
  • Reduz a necessidade de troca de curativos (com gaze, a troca seria mais constante)
  • Diminui a necessidade do uso de analgésicos
  • Diminui, portanto, o sofrimento do paciente

Veja o vídeo: 

Pele de peixe para queimadura: tratamento alternativo

A pele da tilápia pode substituir o uso de pomadas para queimadura, que fazem parte do tratamento tradicional de queimados. 

Isso porque, enquanto o curativo de queimadura precisa ser trocado todos os dias, o de tilápia fica na pele do paciente até o fim do tratamento. 

De acordo com o cirurgião Edmar Maciel, a proposta é que o curativo seja usando na rede pública de saúde, futuramente. “Sabemos que 97% da população que se queima é de muito baixa renda, então não é algo para ser vendido”.

Pesquisa

A pesquisa é uma parceria entre o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da UFC, que mantém um “Banco de Pele”, o Instituto de Apoio ao Queimado (IAQ) e o Instituto Dr. José Frota (IJF).

Tilápia no Brasil

A tilápia é o tipo de peixe mais produzido no Brasil, mas é originário do Rio Nilo. Foi introduzida no mercado brasileiro nos anos 50 e é considerada uma opção de alimento de baixo custo.

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