Traços de psicopatia: o que diferencia pessoas normais dos psicopatas?

Um psicopata é, antes de tudo, portador de uma patologia psicológica. Não que isso amenize as consequências de seus atos, mas o fato é que a condição da psicopatia impede o indivíduo de ter sentimentos de compaixão e empatia - o que, no limite, termina nos mais abomináveis crimes.

É comum ainda que as pessoas em geral classifiquem como psicopata um sujeito que age de forma inescrupulosa, indiferente àquilo que outras pessoas sentem. Para Talvane de Moraes, professor de psiquiatria forense e membro da Associação Brasileira de Psiquiatria, há uma distância grande entre uma pessoa que tem traços de psicopatia para outra que, de fato, tem este quadro.

Como é um psicopata?

“É um diagnóstico muito difícil, que descreve determinados comportamentos e sintomas, mas eles precisam ser constantes e frequentes, e os doentes não conseguem se desvincular destes traços”, alerta o psiquiatra. “Por outro lado, nós, que não somos doentes, muitas vezes apresentamos estes mesmos traços”, completa.

Os tais traços identificados como característicos da psicopatia são, geralmente, de origem civilizatória. Desejos impulsivos de agressão a outros indivíduos ou comportamentos antiéticos em sistemas de estelionato podem, de fato, ser relacionados à psicopatia, mas são muito mais recorrentes devido às experiências sociais e culturais dos sujeitos.

O psiquiatra explica que uma pessoa normal pode ter comportamento isolado ou comportamento direcionado a um aspecto da vida - relacionamentos, dinheiro, trabalho etc. -, ou tido como agressivo ou imoral. Mas, no caso dos psicopatas, estes comportamentos são o que regem a vida dessas pessoas, podendo ser identificados na personalidade por inteira do indivíduo, e não só em uma área.

Diagnóstico

Dr. Talvane de Moraes alerta que o quadro de psicopatia é um dos mais difíceis de confirmar. Por mais que os traços psicopáticos de um indivíduo sejam nítidos, garantir que eles compõem a personalidade do sujeito requer longo acompanhamento de um profissional adequado.

“Os traços são como a febre. Quando nossa temperatura sobe, pode ser a manifestação de um resfriado ou de uma pneumonia, pode ser muito ou pouco sobre a doença”, compara o psiquiatra. “Precisa ter certeza que este comportamento é uma regra na vida do paciente. Há uma diferença na intensidade e na frequência dos sintomas entre um psicopata e um sujeito com problemas de adequação social”.

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