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Jesus pobre, virgindade e mais polêmicas da Bíblia que podem ter ocorrido de outra forma

Publicado 4 Mai 2017 – 06:02 AM EDT | Atualizado 16 Mar 2018 – 10:13 AM EDT
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São 46 livros, mais de 773 mil palavras e aproximadamente 3,5 milhões de letras. A Bíblia católica é uma obra escrita ao longo de oito séculos - se considerarmos a tradição oral, dá mais de 15 séculos - por diversos autores, sendo a imensa maioria deles anônimos.

Para os cristãos, a figura mais importante da Bíblia é Jesus Cristo, cuja vida e mensagem é tema central do Novo Testamento. O messias do cristianismo teria nascido em uma família cujo pai, José, era carpinteiro e na qual a mãe, Maria, seria virgem.

Ambas afirmações são contestadas por alguns historiadores, embora se mantenham em toda tradição e fé cristã. Explicamos o porquê destes pontos serem tão polêmicos.

José, Maria e Jesus: pobres ou ricos?

Um fato bastante debatido é sobre Jesus ser ou não de origem pobre e se assim foi ao longo de toda sua vida. Isso porque José, pai de Jesus, era carpinteiro, profissão tida como bem remunerada à época.

“Miseráveis, José, Maria e Jesus não eram, certamente. Mas não dá para dizer que eram de alta classe social. A Bíblia cita alguns tipos que eram considerados realmente pobres à época, caso dos órfãos, das viúvas e dos estrangeiros”, afirma o professor Padre Boris A. Nef Ulloa, do departamento de teologia da PUC-SP.

O historiador e clérigo cita uma passagem em Lucas para demonstra a condição econômica da família. “Mostra que Maria e José deram pombas como oferenda nos templos. Isto era sinal de falta de dinheiro, uma vez que famílias ricas ofertavam bois ou cabras”, completa.

Andre Chevitarese, professor do Instituto de História da UFRJ e autor do livro  Jesus Histórico, uma Brevíssima História, afirma que se Jesus, de fato, seguiu a profissão de carpinteiro certamente não era tão pobre como a tradição cristã sugere.

O historiador conta que há uma especulação sobre Jesus ter vivido e trabalhado como carpinteiro em Séforis, cidade a 7 quilômetros de onde nasceu, em Nazaré.

Contudo, após sua revelação, Jesus teria de fato aberto mão de bens materiais. “Provavelmente no início de seu ministério, ele parece ter se voltado mais para ações missionárias”, especula Chevitarese.

Virgindade de Maria

Outro ponto controverso da Bíblia é a virgindade de Maria, mãe de Jesus. Cristãos católicos e cristãos protestantes até hoje discordam sobre o fato de Maria ter passado toda sua vida virgem - há interpretações que sugerem inclusive que Jesus teria irmãos.

Há uma imprecisão sobre o termo “virgem” na tradução bíblica. Em hebraico, a palavra “aimah” representa algo como mulher jovem. Na tradução ao grego, foi adotado o termo equivalente a donzela, até, enfim, em latim a palavra adotada ser “virgem”.

Padre Boris, contudo, explica que este ponto de discordância se dá somente para a situação de Maria após dar à luz a Jesus. “O texto bíblico é bem claro sobre a virgindade de Maria para a gestação de Jesus. Em Lucas e em Mateus, afirma-se que ele não é concebido em relação sexual, mas por ação de Deus”, afirma.

Evangelho de São Tomé excluído

Na versão que conhecemos hoje da Bíblia, o Novo Testamento apresenta quatro evangelhos, de Mateus e João, dois discípulos diretos de Cristo, e de Lucas e Marcos, discípulos dos discípulos de Jesus.

Um dos tantos evangelhos que ficaram de fora é o de Tomé, que foi um dos doze apóstolos do profeta cristão. Seu texto possivelmente é o mais importante dos que foram excluídos. Os historiadores apresentam diferentes versões para isto.

“Neste evangelho, São Tomé relata que Jesus fazia pássaros de madeira e os pássaros saiam voando, eram relatos exagerados. Podiam até ser bonitos, mas não reais. Além disso, não passaram no crivo da múltipla testação [milagres não foram citados em outros textos]”, relata Padre Boris.

“A teologia que rege o evangelho de Tomé não concebe a morte de Cristo. Nesta linha, há um paradoxo: como pode Jesus, que é Deus, morrer e o mundo continuar de pé? É uma percepção que vai contra o princípio do cristianismo e sua mensagem”, pondera Chevitarese.

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