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Depressão pós-parto: estudo revela que 26% das mulheres brasileiras têm a doença

Publicado 18 Nov 2016 – 09:00 AM EST | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Você sabe o que é depressão pós-parto? A doença que, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), acomete 19,8% das mulheres pelo mundo, acontece quando uma mulher que acabou de se tornar mãe passa a sofrer com tristeza profunda, perdendo o interesse em tudo, inclusive na vida. 

No Brasil, o número de mães com depressão pós-parto é alarmante: ultrapassa os 26%, segundo  pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp), em parceria com Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Rio de Janeiro. A pesquisa é a primeira sobre o tema no país e entrevistou mais de 23 mil mães, no período de 6 a 18 meses após o parto.

A maioria é composta por mulheres em condições socioeconômicas baixas, com antecedentes de transtorno mental e maus hábitos de saúde, como fumar e abuso de álcool.

São vários os riscos da depressão pós-parto tanto para o bebê quanto para a mãe. Dentre eles, os mais graves são quando elas pensam em se matar ou em matar o próprio filho.

“Um dos principais riscos é o desamparo em um momento que ele (o bebê) precisa muito da mãe. Essa primeira fase da vida é a fase do vínculo, da proteção, do contato, da segurança. Como a mãe não consegue gerir esses cuidados iniciais maternais, compromete o desenvolvimento desse laço. É necessário que o pai ou outro familiar intervenha e consiga suprir essas necessidades do bebê”, explica a psicóloga Fabiane Curvo, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro.

Por isso, o estudo tem sido tão valorizado. Mariza Theme, autora do estudo, defende que o governo adote políticas públicas para conseguir monitorar o problema. As mulheres precisam ser identificadas para serem tratadas e, dessa maneira,  não gerar reflexos no desenvolvimento da criança e na saúde da própria mãe.

“Nosso trabalho vai ser lutar junto ao Ministério da Saúde para que as mulheres sejam testadas e acompanhadas. Qualquer profissional da saúde pode aplicar o questionário [que avalia indícios de depressão] e fazer a triagem, não é obrigatório que seja um psicólogo ou um psiquiatra”, explica ela, em entrevista para o site de notícias da BBC.

Por que acontece?

Algumas mulheres desenvolvem o quadro depressivo depois de dar a luz porque não queriam engravidar, ou porque foram estupradas, ou ainda porque não queriam engravidar da pessoa em específico.

Entretanto, existem outros motivos. “Fatores hormonais, questões emocionais, pessoas que tenham tendência à depressão, ou histórico anterior, falta de apoio da família ou parceiros, alguns transtornos, ou até mesmo violência doméstica”, exemplifica a psicóloga.

Sintomas

Os sintomas são bem parecidos com a depressão comum: desânimo, cansaço, abandono de atividades rotineiras. “Ou seja, tudo em desconexão com a situação vivida. Um bebê traz alegria, felicidade, esperança, sentimentos totalmente diferentes de quem está com a depressão pós parto”, aponta Fabiane.

Mas a psicóloga destaca que a doença não tem nada a ver com características da pessoa, como fraqueza ou falta de amor ao bebê. “Está associado com tristeza e desesperança momentânea e pode ser tratada”, diz a psicóloga.

Tem cura?

Terapia é o tratamento mais indicado, mas em alguns casos pode ser que seja necessário o uso de medicação. “No entanto, deve-se ter muito cuidado e indicação do médico, por conta da amamentação, dos hormônios”, explica Fabiane.

Como prevenir?

Não há como saber se a pessoa vai desenvolver e, por isso, não existe uma prevenção específica. Mas vale ficar alerta: se a pessoa já tem histórico de depressão pós-parto na família, se tem tendência a estar deprimido ou se já está se sentindo mal durante a gravidez, alguns cuidados já podem ser tomados.

“Procurar um terapeuta logo no início da gravidez para ir conversando, trabalhando a ansiedade, a chegada do bebê... antes que o bebê chegue. Ou seja, ir fazendo um trabalho emocional antes do parto”, aconselha a psicóloga”.

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