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Endocrinologista revela o verdadeiro segredo para perder peso; e não é dieta

Publicado 21 Out 2016 – 05:51 PM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Prepare-se para uma novidade que, com certeza, vai mexer com você: fazer dieta não emagrece. Calma. Sabemos que isso parece um grande absurdo. Mas há um longo estudo por trás dessa afirmação. A nutricionista e endocrinologista Sophie Deram sabe que está nadando na corrente contrária de seus colegas de profissão, mas ela chegou à constatação que as dietas, na verdade, “são a mais importante fonte de ganho de peso das pessoas”. Ou seja, além de não emagrecer, dieta engorda!

Vamos às explicações: cortar glúten, criar um hábito de alimentação saudável e comer apenas fontes de proteína pode ajudar no emagrecimento, “mas cerca de 90% ou 95% das pessoas voltam ao peso inicial, ou até o ultrapassam”. Pelo menos é isso o que apontam os números cada vez mais expressivos de obesidade pelo mundo.

Em seu novo livro, “O Peso das Dietas”, Sophie, formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), conclui que a culpa é do nosso cérebro. “Ele não percebe a perda de peso como um sucesso de beleza; percebe-a como um grande perigo, por isso, desenvolve mecanismos de adaptação para te proteger”.

Efeito sanfona

Para que uma pessoa emagreça com saúde, é preciso combinar a dieta balanceada com atividades físicas. Na teoria, parece fácil – mas não é assim que nosso cérebro compreende.

De acordo com Anabel de Sales Silva, especialista do Centro Reichiano de Psicoterapia Corporal, o cérebro tem total influência nas primeiras sensações que experimentamos ao fazer uma dieta. “Por isso o pensamento será muito mais emocional do que racional nessa etapa”.

“Identifica-se no obeso a persistência em crer que é possível emagrecer milagrosamente, driblando o funcionamento fisiológico e bioquímico do organismo com os mais variados métodos ‘fáceis’ de emagrecer”, explica Tadeu Baptista, um dos líderes do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Corpo, Estética, Exercício e Saúde, da Universidade Estadual de Goiás

O chamado efeito sanfona, então, é gerado a partir das oscilações de peso. Engordar 4 ou 5 kg em um ano é algo comum. Mas, quando alguém que perdeu muitos quilos volta a ter os costumes alimentares de outrora, e engorda tudo de novo, “o efeito sanfona se torna cada vez mais prejudicial à manutenção do peso”, conforme explica Claudia Cozer, coordenadora do núcleo de obesidade do Hospital Sírio-Libanês.

“Quando a pessoa alcançar o peso ideal, não pode voltar aos hábitos que tinha antes de emagrecer. Ela não precisa fazer uma dieta restritiva, por exemplo, mas algum controle tem que fazer”, continua Claudia.

Força de vontade pra perder peso

Justamente a parte do controle é que é o problema. “Diante de todos esses fatores genéticos, ambientais, hormonais, o que menos influencia na manutenção do peso é a força de vontade do indivíduo”, disse Rosana Radominski, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

Muitas vezes não engordamos porque queremos - mas porque nosso corpo e nosso cérebro trabalham de forma com que isso naturalmente aconteça. “Cada um tem um ponto de equilíbrio em relação ao peso corporal, e é o organismo de cada pessoa que determina isso”, explica Rosana.

Indústria do emagrecimento

A pressão em perder peso também gera um desconforto por inúmeros fatores. Modelos magérrimas na TV e no cinema ou rapazes de corpos esbeltos simbolizando a felicidade em campanhas publicitárias, dão a impressão de que temos que ter um corpo parecido para sermos aceitos.

A isso, Baptista, chama de ‘indústria do emagrecimento’.

O fato é que temos um grande volume de informações sobre como perder peso, mas isso está gerando um efeito contrário. Nos últimos 40 anos, o número de obesos no mundo foi de 105 milhões para 640 milhões – um salto de mais de 600%, segundo a revista científica Lancet.

A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) calcula que, só no Brasil, 50% da população está acima do peso, incluindo as crianças.

“A atual epidemia de obesidade tem ligações com o excesso de calorias nos alimentos, por exemplo”, explica Baptista. “Mas, a obesidade é vista como uma doença auto infligida, por pessoas sem controle e indulgentes ao extremo”.

Portanto, impor regras e se empenhar a seguir uma dieta não adianta nada se o corpo responde de outra forma. É preciso observar e conhecer as reações e limites do seu corpo. O cérebro está no comando de tudo, deixe que ele seja o maestro. 

A ciência das dietas

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