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Fim do chocolate está próximo: estudo prova que cacau pode entrar em extinção

Publicado 11 Out 2016 – 06:15 PM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Se você for assumidamente chocólatra, é melhor pegar uma cadeira e sentar-se confortavelmente antes de ler essa matéria. Garanta algumas pessoas por perto também, e um copo de água ou chá quente. 

Preparado? Lá vai: o pesquisador e expert em cacau, John Mason, do Centro de Pesquisas sobre Conservação da Natureza (NCRC), do Canadá, alerta para um problema que pode deixar o mundo inteiro mais amargo: o fim do chocolate está próximo.

O fim do chocolate

Sim, é possível que, um dia, o chocolate deixe de existir. Isso porque o solo do continente africano, que é responsável por mais de 70% da produção mundial de cacau, está mudando com a ação do sol, e ficando cada vez mais esgotado.

Na Costa do Marfim os fazendeiros não estão acompanhando o ritmo da demanda, que cresce cada vez mais.

Mais chocolate para mais gente

O consumo de chocolate cresce numa média de 2% ao ano. A industrialização de países emergentes, como Índia e China, faz com que a proporção do ritmo de crescimento aumente.

Só a Costa do Marfim produz 1/3 das sementes de cacau de todo o mundo. E, para atender à demanda de produtores de chocolate, muitos fazendeiros têm derrubado outras espécies de planta para plantar mais cacaueiro.

Em curto prazo, isso tem funcionado, mas por um preço que pode ficar mais caro lá na frente: com essa forma de cultivo, o solo fica mais pobre e, além do mais, o cacau não floresce como se deve. A forma correta de cultivá-lo é em florestas, à sombra de árvores mais altas.

No meio disso tudo, há outro problema: as formas de produção atuais são mais propensas às pragas, que podem devastar plantações inteiras de cacau.

“As pessoas não estão suficientemente alertadas sobre a magnitude de tudo isso”, diz Mason, diretor-executivo Centro de Pesquisas sobre Conservação da Natureza (NCRC), do Canadá.

Chocolates: crise na indústria

Alguns executivos já têm ciencia desse risco. Chris Brett, vice-presidente da Olam International, uma das maiores compradoras de cacau do mundo, disse ao jornal The Globe and The Mail: “Estamos no meio de uma crise enquanto indústria”.

O Brasil é o 6º país que mais consome chocolate no mundo. De alguma maneira, essa variável do cultivo da cacaueira influenciou por aqui: de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados, o volume total de produção de chocolate diminuiu de 784 mil toneladas, em 2014, para 740 mil toneladas, em 2015.

Cacau: comida dos deuses

Historicamente conhecida como a ‘comida dos deuses’, o cacau por muito tempo foi associado aos costumes de pessoas aristocráticas. Os maias da América Central e povos do sul mexicano criaram as primeiras formas de consumir cacau em líquido, utilizando especiarias. Naquela época, sementes de cacau chegavam a valer mais que ouro, e muitos humanos se sacrificavam para produzí-lo em massa.

Com o passar dos anos, o mundo inteiro passou a procurar por chocolate, e a fertilidade das cacaueiras no oeste africano acabou impulsionando mais e mais a  produção de cacau.

“Cacau não é um produto que pode ser industrializado”, disse Frederick Schilling, que vendeu uma companhia de chocolates brasileira à Hershey’s. “Não é igual ao milho, que pode ser plantado massivamente num campo enorme e ser cortado a partir de uma combinação de fatores”.

A grande verdade é que não há cacau para suprir tanta demanda por chocolate. Antes de devorar inúmeras barras do seu doce preferido, pense nisso.

Benefícios do chocolate em nossas vidas

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