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Por que é tão difícil se lembrar do que aconteceu quando éramos bebês? Descubra

Publicado 8 Ago 2016 – 01:08 PM EDT | Atualizado 14 Mar 2018 – 09:30 AM EDT
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Se alguém perguntar sobre nossas lembranças de quando tínhamos 2 ou 3 anos, provavelmente não saberemos o que responder.

É científico: muito do que vivenciamos enquanto crianças, pelo menos até os 7 ou 8 anos, parece escapar de nossas memórias. Por isso, não lembramos quase nada da época em que éramos pequenos.

Curva do esquecimento

Um dos primeiros estudiosos a se perguntar sobre as memórias da infância foi o psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus. Ainda no século XIX, ele realizou testes para descobrir os limites da lembrança humana.

Assim, Ebbinghaus chegou à teoria da curva do esquecimento, sugerindo que entre 0 e 2 anos é o momento em que menos lembramos das coisas. Este foi o gráfico elaborado por ele, dando indicativo de como funciona nossa memória em determinados períodos.

Amnésia infantil

Com o passar dos anos, os cientistas descobriram que essa não era uma regra que se aplicava a todos.

Nos anos 1990, dois pesquisadores focaram os estudos na amnésia infantil a partir de quatro acontecimentos memoráveis: nascimento do irmão mais novo, hospitalização, morte de parentes e mudanças de casa.

Eles concluíram que, em média, já aos 2 anos, nos lembramos de internações ou do nascimento do irmãozinho. Aos 3, temos vagas lembranças da morte de alguém da família.

Educação e cultura ajudam a lembrar

O psicólogo Qi Wang, da Universidade Cornell, sugeriu que as lembranças da infância podem também ter influências culturais.

Ao comparar como estudantes chineses e norte-americanos se conectavam às memórias de criança, Wang chegou à seguinte conclusão: os estudantes dos Estados Unidos que participaram do estudo se recordavam de acontecimentos antigos, citando detalhes e histórias mais elaboradas; já os relatos dos estudantes chineses da infância eram mais curtinhos.

Alguns anos mais tarde Wang fez uma nova pesquisa, para entender se a educação que a mãe dá ao filho interfere nas memórias dele. Ele conversou com 131 crianças europeias, norte-americanas e chinesas.

Conclusão: Mães e crianças europeias e americanas eram mais detalhistas em relação aos acontecimentos da infância que os chineses.

Os cuidados da mãe, indiretamente, influenciam na lembrança de quando eles eram pequenos.

Além disso, há a influência da sociedade em que convivemos: “Se a sociedade está te dizendo que essas memórias são importantes, então as guardamos”, disse Wang.

Um exemplo claro é dos Maoris, índios que habitam a Nova Zelândia: como a cultura deles enfatiza bastante os eventos do passado, muitos deles conseguem se lembrar do que fizeram quando tinham apenas 2 anos e meio de idade.

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