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Por que eu sigo alisando o meu cabelo?

Publicado 10 Abr 2019 – 08:01 AM EDT | Atualizado 10 Abr 2019 – 08:01 AM EDT
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Assumir os cabelos cacheados ou continuar alisando? A escolha é sua! O movimento de transição capilar, sem dúvida, encoraja muitas mulheres a aceitar seus fios naturais e abrir mão de processos químicos que alisam os cabelos. No entanto, se a preferência for usar os fios lisos, não há problema algum nisso.

Se olhar no espelho e gostar de verdade do que você vê é um passo importante para o empoderamento feminino. Por isso, não faz sentido manter uma aparência que não a agrada. Aliás, isso vai na contramão da proposta de liberdade de movimentos como o de transição capilar.

Algo que pode ajudar nesse momento de decisão é se questionar: por que eu decidi alisar o cabelo? Foi uma escolha só sua ou a pressão social também contribuiu?

E, se depois disso, a sua escolha for usar os cabelos lisos pelo simples fato de que você (e somente você) acha que fica melhor assim, está tudo bem também.

Após 8 meses de transição, ela decidiu alisar

Carolina Rabêlo da Silva, 26 anos, sofria com apelidos maldosos desde a infância por causa do volume do cabelo. “Isso mexia com a autoestima. Minha forma de alisar sempre foi usando equipamentos de calor como chapinha e secador”.

Recentemente, incentivada por amigas que já estavam na transição capilar, ela decidiu tentar deixar o cabelo natural. “Perdia muito tempo diariamente para manter os fios lisos, então resolvi tentar. Sempre tive vários medos: será que vou gostar? Será que vão gostar? Mas decidi viver leve e ver até onde me sentia bem”, conta. E foram 8 meses nesse processo.

Mas quando o cabelo recuperou a forma natural, Carol começou a sentir vontade de voltar a alisar e recorria aos aparelhos com ação térmica frequentemente.

“Ao me olhar no espelho, sentia que aquele cabelo não era o que me deixava mais bonita. Voltei a fazer chapinha, mas sempre me criticavam no Instagram por não estar sendo fiel à transição. Isso me entristeceu por que eu gostava do cacheado, mas também do liso”.

Depois de passar algum tempo nesse dilema, Carolina decidiu alisar definitivamente o cabelo. “A verdade é que esses 8 meses me fizeram gostar mais de mim mesma, num ponto que eu nem saberia que eu poderia gostar. Entendi que nesse processo de descoberta, a gente não pode ir conforme os outros comentam, e sim, como seu coração te permite. Percebi que somos bonitas de qualquer jeito. O cabelo é nosso e temos que estar felizes com ele, independente de como”.

Sem culpas e julgamentos

O que aconteceu com Carolina nas redes sociais se repete com muitas garotas que optam por alisar os fios. Algumas até dizem sofrer com um tipo de “ditadura dos cachos”, na qual quem decide não assumir os fios naturais é julgada como alguém que despreza as próprias raízes ou não aceita a beleza natural.

Naiara Desterro, 26 anos, sentiu isso quando comentou no Facebook que havia desistido da transição e feito progressiva nos fios.  Recebeu diversas críticas de outras mulheres que diziam que ela deveria se aceitar ou usar os produtos certos.

“Fiz a transição e não senti essa liberdade. Estava me sentindo horrível. Mesmo que eu colocasse a melhor roupa, me sentia péssima. Não devemos sair de uma ditadura do liso para o cacheado. Devemos usar nosso cabelo do jeito que quisermos”.

Até porque, não podemos ignorar que a transição capilar pode ser libertadora, mas é um momento muito difícil e que envolve diversas questões. Tempo e dedicação para cuidar dos fios nesse período, preparação emocional para o big chop, adaptação à nova imagem que você tem de você mesma e de como os outros te enxergam.

Além disso, é um processo que ocorre de dentro para fora. Para trazer realmente a sensação de liberdade, é preciso que exista uma aceitação genuína dessa nova estética. Nem sempre isso acontece e não há problema algum nisso.  Se você segue alisando os fios porque se sente melhor assim, não deve se sentir culpada.

Sororidade na prática

Você já ouviu falar em sororidade? O conceito é baseado na empatia e companheirismo entre mulheres. Evitar comentários negativos sobre corpo e estética, sobretudo nas redes sociais, também é um ato de sororidade. Veja outras formas de colocar em prática.

1 – Quando uma mulher decide passar pela transição capilar e deixar o cabelo natural, evite comentários do tipo “ficava mais bonita de cabelo liso”. Acredite, o processo já é algo que mexe demais com a autoestima.

2 – A mesma regra vale para quando uma mulher que você conhece escolhe alisar o cabelo. Respeite sua decisão sem julgamentos e críticas.

3 – Não pergunte o que o companheiro da sua amiga acha sobre as mudanças que ela escolhe fazer no visual. É importante que a própria opinião tenha mais peso que a de outras pessoas. E esse tipo de pergunta reforça a necessidade de aprovação do parceiro e gera insegurança.

4– Elogie outras mulheres. Se não tem nada de bom para dizer, prefira o silêncio. Nós nem sempre sabemos o que a outra está enfrentando naquele momento, se está com problemas de autoestima, por exemplo. Por isso, um comentário desnecessário na hora errada, mesmo que inofensivo, pode fazer mal para a outra pessoa e servir de gatilho para potencializar inseguranças.

5 – Tente sempre conversar e se colocar no lugar da outra. Cada uma de nós tem uma vivência, uma história e um repertório. Nem sempre estaremos no mesmo nível de compreensão sobre determinado assunto. Uma boa conversa é muito mais eficiente que um discurso apontando falhas ou então cobrando atitudes que a outra pode não estar preparada para tomar.

6 – Assumir o cabelo natural é um ato de coragem e aceitação, mas decidir viver bem com a própria aparência e trabalhar diariamente a autoestima também é. Então, o que vale é respeitar escolhas e exaltar cada beleza, que é única!

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