Como a vacina da dengue age no corpo: eficácia, risco do vírus vivo, reações e mais
Após anos de pesquisa, a vacina que protege contra a dengue finalmente está chegando ao mercado. Ela promete um grande impacto na saúde pública caso seja distribuída pelo SUS, mas, como qualquer outro medicamento, é preciso entender bem como essa imunização age no corpo antes de tomá-la. A seguir, mostramos como ela é feita, como ela causa imunização e outros detalhes de sua ação.
Vacina da dengue: como foi feita
A infectologista Rosana Richtmann, do Instituto Emílio Ribas, explica que a vacina da dengue é do tipo recombinante, o que significa que ela usa a estrutura do vírus utilizado na vacina da febre amarela.
Para chegar ao resultado final, os cientistas removeram algumas proteínas da estrutura do vírus vacinal da febre amarela e colocaram no lugar o DNA da dengue. “É como se fosse utilizado o esqueleto do vírus da vacina amarela, mas com as informações genéticas da dengue”, explica.
Como ela previne contra a dengue
A vacina da dengue é feita com vírus vivo atenuado, o que significa que, para fabricá-la, é utilizado o vírus vivo, mas enfraquecido por diversos processos de atenuação de seu poder infeccioso.
Dentro do corpo, ele se replica como o vírus selvagem - aquele presente no ambiente e que se pega acidentalmente -, mas sem causar a doença. O organismo, então, responde criando anticorpos contra o vírus, como se houvesse uma doença a ser atacada.
Doses
Nos estudos feitos com a vacina, foi observado que os anticorpos tendem a diminuir depois da primeira dose, sendo necessária a segunda dose justamente quando essa queda começa. O processo ocorre novamente entre a segunda e a terceira dose. Chega-se a uma resposta ideal dos anticorpos - e, portanto, uma imunização duradoura e equilibrada - após a terceira dose.
O esquema é composto por 3 doses que devem ser dadas com um intervalo de 6 meses entre cada uma delas. Durante o ano de vacinação, já existe a proteção desde a primeira dose.
Prevenção esperada
A vacina da dengue é do tipo tetravalente, o que significa que ela previne contra os quatro sorotipos existentes de dengue. A eficácia da vacina, em média, é de 60%, variando de acordo o sorotipo:
- 58,4% contra o sorotipo 1;
- 47,1% contra o sorotipo 2;
- 73,6% contra o sorotipo 3;
- 83,2% contra o sorotipo 4.
De acordo com estudos prévios, a vacinação é mais eficiente na prevenção de dengue grave, capaz de gerar internação e morte. Nesses casos, foi encontrada uma eficácia de 80%. Para quem já teve dengue
Os estudos também mostraram que as pessoas que já tiveram dengue e tomarem a vacina terão uma imunidade ainda maior do que quem nunca teve contato com o vírus antes de tomar a vacina. A médica explica que grande parte da população, aproximadamente 80%, já teve contato com o vírus da dengue, mas muitos nunca manifestaram os sintomas e, por isso, não sabem que já foram contaminados.
Tempo de duração da proteção
Como os estudos sobre a vacina da dengue, que contou com a participação de mais de 40 mil pessoas, até agora tiveram um seguimento de 5 anos, sabe-se apenas que os efeitos da vacina permanecem durante esse período. Essas pessoas continuam em acompanhamento e, portanto, haverá mais informações sobre o tempo de efeito vacinal com o correr dos anos.
Efeitos colaterais no organismo
Risco do vírus vivo
O principal medo em relação às vacinas de vírus vivo atenuado é a possibilidade de aparecimento de sintomas ou mesmo da doença, consequências que podem acontecer, mas tendem a ser mais brandas.
A infectologista Rosana Richtmann explica que esse tipo de imunização requer um cuidado para com pacientes com imunodeficiência primária, congênita ou adquirida, gestantes e mulheres que estejam amamentando, que não devem tomar a vacina da dengue, justamente por causa da chance, ainda que pequena, de contrair a doença.
A especialista ressalta que, durante os estudos dessa vacina, não foi identificado nenhum caso de dengue causada pela vacina ou complicação grave.
Reações adversas
A vacina pode causar algumas reações adversas como dor no local da injeção, febre, dor de cabeça, mal-estar e mialgia. Esses sintomas aparecem, de maneira geral, quando há uma hiperssensibilidade a algum componente da vacina.
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