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Endometriose: diagnóstico tardio é um dos desafios

Publicado 30 Jun 2016 – 05:44 PM EDT | Atualizado 3 Abr 2018 – 09:17 AM EDT
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Marianna Feiteiro

Do Bolsa de Bebê

A endometriose se caracteriza pela presença de um tecido que se parece com o endométrio (tecido que reveste o útero) em órgãos como as trompas, ovários, intestino e bexiga. A doença pode causar dor e infertilidade nas mulheres. Segundo uma estimativa da Sociedade Brasileira de Endoscopia Ginecológica e Endometriose, seis milhões de brasileiras possuem a condição, sendo que boa parte não sabe.

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A demora na obtenção do diagnóstico é um dos principais desafios a ser enfrentados. Segundo o especialista em endometriose Dr. Alysson Zanatta, um dos diretores da Clínica Pelvi, em Brasília, acreditar que cólicas menstruais fortes são normais e a falta de desconfiança dos médicos contribuem para esta demora. "A doença pode levar até 11 anos para ser diagnosticada desde o início dos primeiros sintomas. Isso não acontece apenas no Brasil, é um desafio mundial", afirma.

A inadimplência médica foi justamente o que adiou a descoberta da endometriose na paciente R.A.M.M. (34), que prefere não se identificar. Ela conta que sempre temeu a doença por ter acompanhado o sofrimento de uma amiga muito próxima e, por isso, sempre pediu aos ginecologistas para fazer exames específicos para detectar a doença.

Há dois anos, ela e o marido começaram as tentativas para engravidar e, diante da dificuldade, e após percorrer muitos médicos, ela descobriu o que tanto temia. "Depois de uma ressonância magnética, foi diagnosticada a endometriose. Fiquei arrasada ao saber que mesmo com tanta cautela, cuidado e exames periódicos a doença estava lá, e nunca ninguém a percebeu", desabafa. "Eu nunca senti nada. Tinha pouco fluxo e minha menstruação era regular, a cada 28 dias. Nunca senti cólicas ou qualquer tipo de dor. Meu único sintoma no período menstrual era uma certa dificuldade em evacuar e algumas dores fortes, que, para mim, eram reflexo da prisão de ventre," conta.

Ao confirmar o diagnóstico, a paciente procurou um profissional especializado no assunto e acabou optando pela cirurgia. "Para minha alegria, recebi a notícia de que minha operação foi muito bem sucedida e que tudo correu dentro do esperado. Desde o hospital meu organismo reagiu muito bem e estou me recuperando bem mais rápido do que imaginei. Tenho certeza de que em breve conseguirei realizar meu sonho de ser mãe", acredita.

Segundo Dr. Alysson, casos como esse são mais comuns do que se imagina. "Agora, ela tem 50% de chance de engravidar naturalmente, e, caso necessite de tratamento de fertilização, suas condições serão mais favoráveis", afirma.

O especialista ressalta que cólicas menstruais intensas ainda na adolescência, dores constantes na pelve fora do período menstrual, alterações intestinais internas e dores durante as relações sexuais são os principais sintomas da doença. "A informação é a melhor arma para vencer o desafio da endometriose", declara.

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