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HPV e gestação

Publicado 30 Jun 2016 – 05:42 PM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Em 2009, mais de 500 mil brasileiras sexualmente ativas serão infectadas com um vírus que muitas desconhecem e que, na maioria das vezes, age de forma silenciosa e sem deixar vestígios. O que parece filme de terror é pura realidade. No Brasil, o vilão atende pela sigla HPV (Papiloma Vírus Humano) e pode matar até sete mil mulheres no mundo - vítimas de uma de suas piores heranças: o câncer do colo do útero.

Especialistas apontam que a gravidez pode ser um facilitador para a entrada do vírus e os baixinhos podem ser contaminados durante o parto ou mesmo antes de nascer.

Afinal, o que é e como age esse inimigo invisível?

"O HPV, em seus mais de 200 tipos diferentes, é a DST (Doença Sexualmente Transmissível) viral mais comum na atualidade, representando um grande problema de saúde pública", afirma Flávia Amorim Segatto, especialista em Patologia Clínica da Diagnósticos da América (DASA). "Estima-se que, em média, 50% das mulheres adultas em idade fértil podem estar infectadas com o HPV, embora em sua forma latente (oculta) e assintomática", acrescenta Edilson da Costa Ogeda, ginecologista e obstetra do Hospital Samaritano, em São Paulo. Até mesmo os homens podem ser infectados pelo vírus, ainda que em menor frequência.

Contraindo o vírus

O HPV é um vírus sexualmente transmissível que entra no organismo através de microscópicas lesões nos órgãos sexuais de homens e mulheres quando em contato direto com pessoas infectadas ou suas secreções. O HPV não tem cor ou cheiro. "Mas é capaz de causar lesões semelhantes a verrugas na pele e nas mucosas como órgãos sexuais, laringe (cordas vocais), esôfago, colo do útero e ânus", revela Flávia. "Ainda que possa levar à dor durante a relação sexual e ardor genital, na grande maioria das vezes o HPV não traz nenhum sintoma", adverte Edilson. Por esse motivo, diagnosticá-lo não é uma tarefa fácil e muitos homens e mulheres desconhecem que estão contaminados.

Segundo estudos, em mais de 90% dos casos as displasias do colo do útero estão associadas à presença do HPV


Durante a gestação, as chances de contração do vírus são maiores. "As modificações normais da gravidez levam a alterações no mecanismo de defesa (supressão da imunocompetência) da mãe, propiciando o aparecimento de infecções", revela Flávia. Segundo Edilson, o HPV não representa riscos à gravidez ou ao bebê, mas pode ser transmitido ao feto durante a gestação. "As chances do bebê ser contaminado existem e, normalmente, ocorrem em virtude da infecção do canal do parto no qual passará a criança ao nascer", afirma Edilson. Quando isso ocorre, o HPV pode causar lesões na laringe do bebê, conhecidas como Papilomatose.

Por esse motivo, ainda que o HPV não inviabilize o parto normal, quando a mãe apresenta lesões extensas que infectam o canal do parto, a cesariana é mais indicada. "O que ocorre é que está comprovado que os recém-nascidos de parto normal têm um risco maior de exposição ao HPV", justifica Flávia. Vale ressaltar que a cesariana não isenta o bebê da infecção.

Além do risco de transmissão do HPV aumentar durante a gravidez, ocorre um conjunto de alterações hormonais que favorecem o crescimento das verrugas já instaladas, causando maior coceira e desconforto. Mas o grande perigo reside no fato que alguns tipos do vírus podem desencadear consequências mais graves como o câncer do colo do útero. "Isso ocorre porque o HPV modifica o DNA das células que infecta", justifica Edilson. Segundo estudos, em mais de 90% dos casos as displasias do colo do útero estão associadas à presença do HPV. "É preciso ressaltar que outros cânceres como do ânus, pênis, vagina e vulva também estão relacionados com o vírus", acrescenta Flávia.

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