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Meningite: causas, prevenção e tratamento

Publicado 30 Jun 2016 – 05:41 PM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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* Matéria publicada em 15/08/2014

A meningite é uma doença grave que, se não tratada no tempo certo e da forma adequada, pode levar a sequelas seríssimas e até mesmo à morte. Mas a falta de informação muitas vezes prejudica o diagnóstico precoce, já que alguns de seus sintomas iniciais podem se assemelhar aos de outras doenças mais comuns.

No Brasil, de acordo com informações do Ministério da Saúde, os casos de meningite podem acontecer ao longo de todo o ano, com a ocorrência de surtos e epidemias ocasionais, sendo a bacteriana mais comum no inverno, e as virais no verão. Os números estão em queda, mas ainda assustam. Em 2013 os registros foram 12% menores que em 2012, com 19.090 casos contra 21.710 do ano anterior. As mortes também registraram queda de 2,5% na comparação entre os dois anos, reduzindo de 1.830 em 2012, para 1.785 em 2013. Em 2014, até o dia 2 de julho foram notificados 5.737 casos e 447 óbitos por meningites no Brasil.

O que causa a meninigite?

A pediatra Daniela Guimarães Rocha Ferreira, de Belo Horizonte (MG), explica que a meningite ocorre com mais frequência em crianças, principalmente abaixo dos cinco anos. Quanto mais novo o paciente, maior a chance de sequelas ou morte. As causas são muitas e vão desde a exposição a agentes químicos, doenças neoplásicas (câncer) e infecções. "Entre os agentes infecciosos que causam a meningite, as bactérias e os vírus são os mais comuns, mas essas infecções podem ser causadas também por fungos e outros parasitas", explica.

Ela explica ainda que a transmissão da meningite se dá pelo contato com secreções das vias aéreas da pessoa doente e, em algumas formas causadas por vírus, podem ser transmitidas pelo contato com as fezes. "Os germes atingem a corrente sanguínea, através dela chegam à barreira entre o cérebro/medula espinhal e o sangue, atravessam essa barreira e atingem as meninges, que são as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, determinando então a doença", diz.

Principais sintomas

Os sintomas da meningite, segundo a pediatra, manifestam-se, em média, uma semana após o contato e variam de acordo com a faixa etária do paciente.

Recém-nascidos

Em bebês com até três meses de vida a manifestação da meninigite pode ser identificada quando há dificuldade de sugar o seio da mãe e períodos de apatia alternados com outros de choro intenso e de difícil controle, além de alterações da respiração. Outro ponto a ser observado é que não se nota a rigidez de nuca e, na maioria das vezes, não há vômitos. A febre pode acontecer, mas às vezes a criança irá apresentar hipotermia (queda da temperatura corporal). 

"Como os bebês nessa idade são muito frágeis, os pais devem procurar imediatamente um serviço de urgência médica caso a criança apresente febre ou qualquer um desses sintomas, para que ela seja avaliada e submetida a exames laboratoriais", orienta.

Bebês acima de três meses

Após os três meses as crianças podem apresentar febre, vômitos frequentes e em jato, irritação, sonolência e convulsões. Mas, como elas ainda têm a fontanela (popularmente conhecida como moleira) aberta, a médica diz que não é possível notar o sintoma mais característico da meningite, que é a rigidez da nuca.

Crianças acima de um ano

Nessa fase já se nota uma dificuldade em movimentar o pescoço, principalmente em direção ao peito, além de dor na região da nuca, dor de cabeça, vômitos em jatos frequentes e febre. Embora a doença seja mais comum até os cinco anos de idade, os adultos também podem ser vítimas. "O paciente pode evoluir com sonolência ou irritação extrema e apresentar, ainda, convulsões e perda da consciência (coma). Esses sintomas são vistos mais frequentemente em crianças acima de um ano de vida e adultos", explica.


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Meningite viral ou bacteriana

Os sintomas descritos pela médica são, em geral, mais evidentes nas meningites bacterianas. As virais costumam ter sinais mais leves que podem ser antecedidos por sintomas de gripe, como obstrução nasal, tosse, espirros, entre outros. 

"Na presença desses sintomas deve-se procurar imediatamente um serviço de urgência para avaliação médica. Mas apenas após os resultados dos exames poderemos afirmar que se trata de infecção causada por vírus, bactéria ou outros agentes, pois os sintomas podem ser idênticos", explica.

O diagnóstico definitivo será confirmado pela realização da punção lombar, exame em que se retira pequeno volume do líquido que circula entre as meninges e o cérebro ou medula espinhal para que sejam analisadas várias de suas características. O material também é enviado para pesquisa de vírus e bactérias, para que o agente causador possa ser identificado.

Diagnóstico e tratamento

Além desse exame para diagnosticar meningite, há também alguns exames auxiliares, como os exames de sangue, que servem para tentar diferenciar quadros bacterianos e virais e também para acompanhamento do paciente durante a internação.

Se a suspeita for de meningite bacteriana, o tratamento deve ser imediato, não sendo necessário aguardar os resultados dos exames. "O paciente deve ser internado e isolado por 48 horas após o início do tratamento. As meningites bacterianas serão sempre tratadas com antibióticos e o tempo varia de cinco dias a três semanas, de acordo com o agente causador e a evolução do paciente", explica a pediatra. 

Se a suspeita for de meningite viral, o tratamento é mais simples e, na maioria das vezes, inclui apenas repouso, isolamento por 48 horas e hidratação, com melhora gradual à medida em que o próprio organismo responde à infeção. "Em casos mais graves e causados especificamente pelo vírus herpes simples, há indicação de se usar um agente antiviral por até 21 dias", afirma.

É possível prevenir a doença?

Sempre que houver um diagnóstico de meningite, as pessoas consideradas contatos íntimos de quem está com a doença terão, se necessário, indicação médica para receberem antibiótico a fim de prevenir a infecção em alguns casos de meningite bacteriana. 

E, independente de receberem ou não o antibiótico preventivo, essas pessoas devem ser monitoradas por pelo menos 10 dias após o diagnóstico. Em caso de sintomas suspeitos, devem ser também prontamente investigadas para diagnóstico e tratamento precoces.

No geral, evitar ficar muito próximo a pessoas portadoras de meningite também é recomendável, além de tomar medidas básicas como lavar sempre as mãos, não compartilhar itens pessoais, desinfetar frutas e verduras antes de comê-las, manter o ambiente limpo e arejado e cuidar para que o sistema imunológico esteja saudável.

Vacinas para meningite

Atualmente, de acordo com o Ministério da Saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece, no  calendário de vacinação do Programa Nacional de Imunização (PNI), três vacinas básicas e gratuitas que incluem proteção contra os principais agentes bacterianos que causam meningite no Brasil. São elas: 

- Vacina pneumocócica 10-valente (conjugada): Protege contra as doenças invasivas causadas pelo Streptococcus pneumoniae, incluindo meningite. É aplicada em três doses, aos dois, quatro e seis meses, com reforço aos 12 meses. 

- Vacina meningocócica conjugada sorogrupo C: Protege contra a Doença Meningocócica causada pelo sorogrupo C. Aplicada em duas doses, aos três e cinco meses, com reforço aos 15 meses. 

- Pentavalente: Protege contra as doenças invasivas causadas pelo Haemophilus influenzae sorotipo b, como meningite, e também contra a difteria, tétano, coqueluche e hepatite B. Aplicada em três doses, aos dois, quatro e seis meses, com reforços aos 15 meses e aos quatro anos de idade.

Porém, nenhuma dessas vacinas garante que a pessoa fique totalmente imune à doença. "É importante ressaltar que diversas outras bactérias também podem causar meningite, inclusive com formas graves, embora sejam bem menos frequentes que as três citadas", alerta. 

Para prevenir a infecção por esses outros subtipos de bactérias há, ainda, uma vacina disponível apenas em laboratórios particulares, que pode ser aplicada a partir dos dois anos de idade. No caso de adultos, todas as vacinas só podem ser obtidas em centros particulares, mas também são importantes para evitar o contágio.

Os efeitos colaterais da vacina da meningite podem aparecer eventualmente e são passageiros. Os mais comuns são dores, vermelhidão e inchaço no local da picada, irritabilidade, pouco apetite, febre e dores de cabeça.

Sequelas da meningite

Um dos pontos mais preocupantes ao contrair meningite são as sequelas que a doença pode deixar, como surdez, cegueira, paralisia facial, distúrbios motores e estrabismo. Pode haver também retardo mental com comprometimento em variados graus do desenvolvimento e aprendizagem, assim como outros distúrbios de comportamento. Todas essas são sequelas mais comuns nas meningites bacterianas.

Complicações durante a evolução da doença também podem levar a outros problemas como a formação de abscesso cerebral, que causa edema e pode danificar o funcionamento adequado do cérebro.

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