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Vídeo de mulher rebolando com criança: atitude incentiva sexualização, diz psicóloga

Publicado 2 Ago 2016 – 09:32 AM EDT | Atualizado 13 Mar 2018 – 04:42 PM EDT
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O vídeo de uma mulher dançando sensualmente com uma criança viralizou nas redes sociais e recebeu toneladas de críticas. Enquanto alguns disseram se tratar de uma “brincadeira” normal, outros chegaram a relacionar as imagens com pedofilia. No meio termo, muitos criticaram a sexualização precoce da criança em questão. Conversamos com especialista para entender melhor como atitudes assim podem alterar o desenvolvimento infantil.

Vídeo de mulher em dança sensual com criança

Nas imagens, a mulher aparece agachada e a criança a agarra por trás, pela cintura, movimentando o quadril para frente e para trás - gesto que, popularmente, tem conotação sexual. Em seguida, a mulher começa a remexer o bumbum, esfregando-o no bebê, que se afasta e depois volta a abraçá-la e a lançar seus quadris para frente e para trás. A mulher ri.

Repercussão 

A filmagem é de origem brasileira, mas teve repercussão internacional. De acordo com o tabloide britânico Daily Mail, o vídeo gerou uma repercussão muito negativa nas redes sociais. Alguns chegaram a cogitar a hipótese de a cena envolver algum tipo de abuso ou até mesmo de a criança ter aprendido o comportamento através de atos de pedofilia contra ela.

É pedofilia? 

Para a psicóloga infantil Raquel Benazzi, do Núcleo Terapêutico Corujas, dizer que o vídeo relaciona-se de alguma forma com pedofilia é uma atitude exagerada. Apesar de aparentemente existir uma situação em que um adulto estimula uma criança e a criança não sabe exatamente o que está fazendo, ela afirma que, provavelmente, não há tal intenção.

A profissional explica que certamente muitos vídeos são feitos nesse mesmo sentido, julgando-se como inocente e engraçado um comportamento precoce de sexualização da criança. No entanto, o que nem todos os pais pensam é que esse tipo de atitude afeta o desenvolvimento da criança de outras maneiras.

Sexualização precoce da criança: quais são os prejuízos? 

Raquel Benazzi explica que as crianças têm uma sexualidade como todos nós, mas que o natural é que ela vá descobrindo-a aos poucos e, quando a hora chegar, converse com seu pai e sua mãe para entender melhor essa questão.

No entanto, existem casos, como aparentemente é o do vídeo, em que a sexualidade desnecessariamente é aflorada precocemente. “Nas imagens, é possível notar que alguém estimulou a criança, ou que ela está reproduzindo algo que viu”, explica a especialista. Independente do fator que motivou, a criança está entrando em contato com um comportamento que não condiz com a sua idade e é importante colocar o limite, explicar que aquilo não é legal, e, conforme ela for crescendo, explicar com quem, quando e onde ela pode explorar esse aspecto da sexualidade.

Raquel Benazzi explica que provavelmente a criança não se lembrará conscientemente da situação mostrada no vídeo, mas que institivamente isso estará guardado na mente dela e terá reflexos em sua vida.

Complexo de Édipo 

De acordo com a psicóloga, essa situação pode reforçar o complexo de Édipo, conceito da psicanálise que diz respeito à fase do desenvolvimento infantil em que o menino descobre a existência do sexo feminino e do sexo masculino e tende a nutrir sentimentos de amor pela mãe (sexo oposto ao seu) e ódio pelo pai (mesmo sexo). Essa etapa do crescimento tem grande importância em como a criança desenvolverá sua sexualidade quando adulta e ela crescerá acreditando que é aceitável se comportar dessa maneira, sexualizada, em relação à mãe.

Comportamento sexualizado da criança fora de casa

Além disso, existe a preocupação social. “Se à criança é permitido que faça isso com a mãe, ele vai pensar: 'por que eu não posso fazer com outras pessoas?'”, explica a psicóloga. Ele pode acabar fazendo isso com a colega de classe quando começar a ir para a escola e com outras mulheres quando crescer. “A primeira relação da criança é com a mãe e a segunda com o pai. Ele vai entender que as relações com o resto mundo deverão seguir o mesmo padrão”.

Exposição dos filhos nas redes sociais 

Para a psicóloga, o fato de vivermos na sociedade do espetáculo, é esperado que crianças se tornem um chamariz para postagens nas redes sociais porque são “bonitinhos” e “fofos”. Mas futuramente, quando a criança crescer e ver aquilo, ela poderá ficar constrangida.

“Os pais precisam se colocar no lugar da criança e pensar: 'será que eu gostaria que meu pai ou minha mãe postassem uma foto minha nessa situação'”, conta Raquel, que cita casos de pais que postam fotos dos filhos nus, internados em Unidades de Terapia Intensiva ou até no banheiro. Além disso, é importante respeitar quando a criança está na fase dos 3 e 4 anos e passa a não querer mais tirar fotos.

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