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Esportes competitivos são ruins para crianças?

Publicado 30 Jun 2016 – 05:42 PM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Beatriz Helena

Do Bolsa de Bebê

Natação, judô, ballet, tênis e futebol, por exemplo, podem ser alternativas para complementar a agenda das crianças e ainda estimular o desenvolvimento motor e psíquico. Porém, quando o esporte deixa de ser lazer e vira competição, alguns cuidados devem ser tomados.

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Segundo Karina Sauma Resk, psicóloga, pedagoga e pesquisadora colaboradora do Hospital das Clínicas, não é a idade que determina quando uma criança está pronta para participar de modalidades competitivas. "A competição é algo aprendido no dia a dia, portanto, algumas crianças estão prontas primeiro que outras. São as experiências vividas que ensinam o indivíduo a lidar com um ambiente de disputa e por isso não há uma idade específica", explica.

Esporte para criança: como decidir?

Para decidir se a criança deve continuar apenas na experimentação ou passar a treinar efetivamente é preciso se fazer algumas reflexões. "O prazer é essencial. Por isso, os pais devem sempre se perguntar se o filho pratica atividade porque gosta e se tem talento para aquilo. Se as respostas forem sim, é hora de reorganizar a rotina", recomenda a psicóloga. Porém, é importante lembrar que antes de optar por uma modalidade especifica a criança precisa experimentar diversos esportes, afinal, é só assim que ela poderá eleger o que pratica com prazer e gosta verdadeiramente.

Os treinos da modalidade devem ser seguidos de uma atividade leve e prazerosa. "Isto vale também para atividades nem tão atrativas para as crianças, mas essenciais na opinião dos pais, como o inglês. Nestes casos, é importante explicar para a criança que ela precisa ir para a aula, mas que, depois de lá, ela terá um tempo livre para fazer o que mais gosta. E o combinado precisa ser cumprido, sempre", alerta Karina.

Os fatores físicos também precisam ser levados em consideração na hora da decisão. O desenvolvimento motor, a habilidade de locomoção, a coordenação motora e a respiração precisam ser avaliados. Neste caso, a conversa precisa ser entre pais e professores para uma escolha acertada.

Esportes individuais para as crianças

A rotina da criança deve contar com os deveres, mas ser prazerosa. Crédito: Thinkstock.

Karina ainda explica que é essencial ponderar a obrigação com o descanso e o lazer. "O grau de exigência dos pais precisa ser sensato e respeitar os limites da criança, seja físico ou emocional", diz.

Além disso, a rotina da família toda precisa ser reorganizada. "A rotina precisa ser organizada de forma que a criança tenha tempo para desenvolver outras atividades, como fazer os deveres da escola, brincar e fazer nada", afirma. Para a especialista, o tempo de fazer nada é o momento em que a criança desenvolve e estimula a criatividade, além de descansar e desligar-se do que a estressa.

Karina ainda afirma que, para a criança entender a importância e o valor do esporte, a família toda precisa encará-lo com seriedade. "Não adianta os pais dizerem o quanto aquilo é importante, mas não honrarem o compromisso e a rotina estabelecida", alerta.

Cuidados

Noites mal dormidas e nervoso podem ser consequência do estresse gerado pelo excesso de atividades. Crédito: Thinkstock.

Como lidar com a derrota

É normal que o ser humano se entristeça com uma derrota. Neste momento, não é preciso fantasiar a situação, mas sim acalentar. "Nas derrotas é preciso acolher o choro e compreender aquela dor, explicando que a sensação sentida faz parte do processo natural e que, na próxima vez, pode vir uma vitória", orienta a especialista.

Além disso, é preciso, junto com a criança e com o professor, pensar em novas alternativas para melhorar o desempenho da criança, bem como comemorar as vitórias. "Reconhecer e comemorar as vitórias é importante para que a criança dê valor ao momento e também entenda que assim como as derrotas doem, as vitórias as deixam felizes", explica a psicóloga.

Quando é hora de parar

Mas sim, mesmo depois da decisão a criança pode não responder de forma positiva. "Quando o ambiente deixa de ser saudável e começa a gerar estresse a criança pode ficar retraída, agressiva, dormir mal ou sentir raiva. Neste caso, a rotina pode estar sobrecarregada ou ela pode ter perdido o interesse. Então, é hora de voltar a priorizar o prazer", orienta a psicóloga.

Dar continuidade a uma atividade estressante pode causar problemas futuros a vida da criança. "Não saber conviver em grupo, sentir raiva dos pais ou sentir aversão à modalidade esportiva podem ser consequências da pressão ou obrigação", explica Karina.

Portanto, para a especialista, antes de qualquer decisão, os pais precisam se fazer a seguinte pergunta: para que meu filho está praticando uma modalidade esportiva? "Se for para o bem e por escolha da criança, tem tudo para ser benéfico"

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