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Refluxo e cólica são comuns nos bebês

Publicado 30 Jun 2016 – 05:45 PM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Marianna Feiteiro

Do Bolsa de Bebê

Os primeiros dias após o nascimento do bebê é um período muito delicado, pois é quando ele está se adaptando ao novo ambiente e ainda está muito frágil e vulnerável. É comum que os recém-nascidos apresentem alguns problemas, e os pais devem ficar atentos aos sinais para evitar complicações no futuro.

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Segundo a pediatra Dra. Raquel Quiles, é fundamental que os pais tenham um médico de confiança que faça o acompanhamento da criança durante todo seu período de desenvolvimento. "Nas consultas, o pediatra observa a criança, as reações frente a estímulos, realiza o exame clínico, indaga os pais sobre a alimentação, as condições de higiene, seu cotidiano, verifica se as vacinas estão em dia, enfim, o conjunto é sempre analisado. Por isso, o pediatra é a pessoa mais indicada para orientar os pais em relação à saúde de seus filhos no sentido amplo da palavra saúde, ou seja, no seu contexto bio-psico-sócio-cultural, sempre levando em conta todos os aspectos", afirma.

A especialista explica que, apesar de alguns problemas serem congênitos, ou seja, existem por uma predisposição pessoal e geralmente anterior ao parto, a maior parte surge após o nascimento, devido à transformação pela qual passa a criança. Portanto, nem todos eles têm prevenção, já que são decorrentes apenas da imaturidade do organismo do bebê. "Mas muitos agravos podem ser evitados com um bom acompanhamento pediátrico, como as doenças prevenidas por vacinas", esclarece.

Veja abaixo algumas das principais complicações apresentadas nos primeiros meses de vida das crianças, segundo a pediatra, e fique atenta aos sinais:

Icterícia neonatal

Mais comum nos primeiros 10 dias de vida.

Sintoma: a pele do bebê e a parte branca dos olhos ficam amareladas por conta do aumento do pigmento bilirrubina no sangue.

Causa: diversos fatores podem provocar a icterícia do recém-nascido. A mais comum é a própria imaturidade do organismo do bebê, que demora para metabolizar a bilirrubina. Em outros casos, o problema é causado pelo aleitamento materno, que pode reduzir a excreção intestinal do pigmento, ou pela incompatibilidade sanguínea com a mãe.

Obstrução nasal, ou "nariz entupido"

Pode ser apresentado até os dois anos de idade.

Sintoma: o bebê faz barulho ao respirar, pode sofrer incômodo ao mamar e largar o seio por não conseguir respirar direito e, às vezes, apresenta espirros. Muitas mães descrevem o barulho como ronco.

Causa: dentre outras possíveis, é a tentativa do organismo da criança de liberar as secreções nasais armazenadas nos pulmões.

Cólica do lactente

Mais comum nos bebês de um mês e meio até quatro meses.

Sintoma: crises de choro, agitação e irritabilidade. Acontecem mais comumente no final da tarde ou no início da noite.

Causa: uma das hipóteses é a ingestão de ar durante a amamentação, provocando a distensão ou contração do intestino ainda imaturo do bebê e, consequentemente, a dor da cólica.

Refluxo gastro-esofágico

Pode ser apresentado até os seis meses de vida da criança.

Sintoma: o mais comum é a volta do leite após as mamadas, o que pode acontecer em pequena ou grande quantidade. A criança também pode apresentar choro, inquietação e recusar o peito.

Causa: acontece normalmente por uma imaturidade do esfíncter esofágico inferior, válvula que impede a volta do conteúdo do estômago para o esôfago. É normal nos bebês, pois o sistema digestório só fica mais continente a partir do 5º ou 6º mês de vida.

Doença do refluxo

É mais comum do zero aos seis meses, mas pode se manifestar até os dois anos de idade.

Sintoma: mal ganho de peso, irritabilidade pós-mamadas, "vômito" e regurgitação frequente.

Causa: é um agravamento do refluxo gastro-esofágico.

Outros problemas recorrentes nas crianças são os resfriados, que podem causar coriza, espirros, tosse e febre, e a diarreia, cujos principais sintomas são fezes amolecidas ou líquidas, evacuação mais frequente do que o normal, náusea, vômito, febre e diminuição do apetite.

São graves?

Segundo a Dra. Raquel, grande parte destes problemas é comum nos primeiros meses de vida dos bebês e não apresenta grandes riscos. "A icterícia fisiológica [pelo aleitamento materno], a obstrução nasal, a cólica do lactente e o refluxo gastro-esofágico normalmente são fisiológicos, portanto esperados devido à idade do bebê e não prejudiciais", explica.

No entanto, há alguns casos em que estas complicações apresentam riscos à criança. "A icterícia que não é provocada pelo aleitamento materno pode ser grave. O tratamento é feito através da fototerapia e requer a internação da criança. Em alguns casos, há o risco de contaminação do sistema nervoso-central pelo pigmento, o que pode levar a sequelas neurológicas", alerta. Nos casos mais sérios, é necessário fazer transfusão de sangue.

A doença do refluxo também merece cuidados especiais, já que pode causar o ganho de peso inadequado do bebê e até simular episódios de convulsão. Porém, o tratamento deste distúrbio envolve medidas geralmente simples, como correções posturais (elevação do berço, por exemplo) e medicamentos que ajudam no esvaziamento gástrico e na motilidade gastro-intestinal, diminuindo o refluxo.

Acompanhamento médico

"Escolha o seu pediatra antes de o bebê nascer. Ele poderá ir à maternidade para orientar sobre a amamentação, tirar suas dúvidas iniciais e conhecer a família", recomenda a especialista. Após o nascimento, a criança deve ser levada ao pediatra em até 10 dias, para que ele verifique se o aleitamento está sendo feito de maneira correta e avalie o ganho de peso, crescimento, etc.

Depois disso, no caso de uma criança saudável, ou seja, sem nenhuma complicação, as consultas de rotina devem ser feitas:

Até um ano: mensalmente

Um a dois anos: a cada dois ou três meses

Dois a quatro anos: a cada seis meses

Acima dos quatro anos: consultas anuais até o início da adolescência, quando a observação clínica deve voltar a ser feita, no mínimo, a cada seis meses.

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