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Aplicativo consegue calcular quantas vezes homens interrompem a fala de mulheres

Publicado 8 Mar 2017 – 11:33 AM EST | Atualizado 14 Mar 2018 – 09:19 AM EDT
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Estudo feito pela Universidade Brigham Young (Estados Unidos) constatou que há um predomínio dos homens em discussões corporativas: eles falam durante 75% do tempo nas reuniões. Além disso, homens interrompem as mulheres 23% mais do que a outros homens, segundo pesquisa publicada no Journal of Language and Social Psychology.

Para comprovar o fato, uma agência em São Paulo criou um aplicativo capaz de calcular quantas vezes as mulheres costumam ser interrompidas pelos homens em reuniões de trabalho.

O app chama-se Woman Interrupted e nasceu após um relatório constatar que, nos debates das eleições presidenciais norte-americanas, a candidata Hillary Clinton foi interrompida 51 vezes pelo então adversário Donald Trump em seu tempo de fala.

Um termo, inclusive, foi criado para abordar o assunto: “manterrupting” (ou “interrupção masculina”), geralmente utilizado quando as mulheres são interrompidas sem nenhuma justificativa.

“Esse comportamento (dos homens) evita que as mulheres se expressem e impacta profundamente seus estudos, carreiras e vidas pessoais”, diz o texto de divulgação do aplicativo.

O vídeo da campanha mostra, por exemplo, quando o cantor Kanye West interrompeu Taylor Swift quando ela venceu uma premiação da MTV, além de apresentadoras de televisão sendo ‘cortadas’ por entrevistados ou colegas de profissão do sexo oposto.

Woman Interrupted: como usar

O app funciona da seguinte maneira: ele usa o microfone do seu celular para analisar as conversas.

Elas não são gravadas ou armazenadas no dispositivo, para não interferir em reuniões corporativas, por exemplo, que tratam de assuntos sigilosos.

Para isso, eles aplicam uma técnica que se chama calibração da voz, que identifica o que é feminino e o que é masculino. A partir das conversas ouvidas, o app consegue identificar as interrupções e transformá-las em dados.

É o usuário que determina o início e o fim da conversa que será analisada. Além de oferecer os números, o Woman Interrupted indica quantas vezes a mulher foi interrompida e dá a possibilidade de ter à disposição um gráfico evolutivo que, com o volume de dados, pode se tornar um histórico de quantas vezes um homem interrompeu suas falas, por dia, semanas, mês e ano.

O app também dá a possibilidade de compartilhar esses dados pelas redes sociais, uma forma de gerar discussão sobre como o “manterrupting” interfere no bem-estar e na inclusão da mulher na sociedade.

Mulheres são 2 vezes mais interrompidas por homens

“Mulheres têm suas falas interrompidas com mais frequência --tanto por homens quanto pelas próprias mulheres", afirmou à BBC a pesquisadora de comunicação e gênero Adrienne Hancock, da Universidade de George Washington (EUA).

Um estudo conduzido por ela mostrou que as mulheres são 2 vezes mais interrompidas pelos homens em simples conversas de poucos minutos. “Algumas pessoas dizem que mulheres são interrompidas por homens porque homens gostam de dominar; outros dizem que mulheres são interrompidas por mulheres porque essa é uma forma de facilitar a amizade", explicou Adrienne.

Há outros dados que reforçam a necessidade de um aplicativo como o Woman Interrupted. Estudo científico do Journal of Language and Social Psychology constatou que as estudantes mulheres são mais interrompidas nas salas de aula, tanto que muitas das perguntas dirigidas a elas costumam ser respondidas pelos homens.

Quando se trata do cenário político brasileiro, não estamos muito distantes da realidade norte-americana: uma análise dos debates entre presidenciáveis no “Jornal Nacional”, da TV Globo, mostrou que os apresentadores interromperam as candidatas mulheres 4 vezes mais que os homens.

A mulher no Brasil

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