Sophie Charlotte será Aracy de Carvalho: ‘Anjo de Hamburgo’ salvou judeus na guerra

Sophie Charlotte é a protagonista da nova minissérie da Globo, “Passaporte para a Liberdade”. Com estreia marcada para 20 de dezembro na TV, a produção é baseada em uma história real e mostra a saga de Aracy de Carvalho (Charlotte) — funcionária do Consulado Brasileiro em Hamburgo durante a Segunda Guerra Mundial — ao driblar barreiras para ajudar famílias judias a escaparem da Alemanha.

Aracy de Carvalho nunca fez questão de estar à frente dos holofotes. Pouco conhecida no Brasil — e muitas vezes lembrada apenas como esposa do escritor João Guimarães Rosa —, sempre preferiu o anonimato. Protagonista de sua própria vida e personagem-chave de tantas outras que se arriscou para salvar, Aracy é um exemplo real de que o amor pela humanidade pode vencer o ódio.

Saiba mais sobre o “Anjo de Hamburgo” — como também era conhecida Aracy — abaixo.

Quem foi Aracy de Carvalho

Aracy de Carvalho nasceu em 1908, no Paraná. Em 1930, causou-se com o alemão Johann Eduard Ludwig Tess, com quem teve o filho Eduardo Carvalho Tess. O relacionamento terminou cinco anos depois — e a mulher acabou indo morar com uma tia na Alemanha.

Na época, por falar quatro idiomas (português, inglês, francês e alemão), Aracy conseguiu uma nomeação no consulado brasileiro em Hamburgo, onde passou a ser chefe da Seção de Passaportes.

E foi a partir de 1938 que a mulher mudou a vida de muitas pessoas. Naquele ano, entrou em vigor no Brasil a Circular Secreta 1.127, que restringia a entrada de judeus no país. Aracy ignorou o anúncio e continuou preparando vistos para judeus, permitindo suas entradas em solo brasileiro.

Como despachava os vistos com o cônsul geral, ela colocava-os entre a papelada para as assinaturas. Para obter a aprovação, Aracy simplesmente deixava de colocar neles a letra “J”, que identificava quem era judeu. Dessa forma, a mulher livrou muitas pessoas da prisão e do Holocausto. Por esse feito, ela ficou conhecida como o “Anjo de Hamburgo”.

Ainda na Alemanha, Aracy casou-se com João Guimarães Rosa, que na época era cônsul adjunto. Os dois permaneceram em Hamburgo até 1942, quando o governo brasileiro rompeu relações diplomáticas com o país e passou a apoiar os Aliados da Segunda Guerra Mundial.

Seu retorno ao Brasil, no entanto, não foi tranquilo. Ela e Guimarães Rosa ficaram quatro meses sob custódia do governo alemão, até serem trocados por diplomatas alemães.

Aracy de Carvalho ficou viúva em 1967 e não se casou novamente. Ela sofria de Alzheimer e morreu em 28 de fevereiro de 2011, aos 102 anos, de causas naturais.

Sua luta inspiradora entrou para a história mundial e, pela primeira vez, é retratada em uma minissérie. Com sua ousadia e força, Aracy ganhou o título de “Justos entre as Nações” — instituído pelo Memorial do Holocausto, em Israel — como reconhecimento aos não judeus que protegeram vidas durante a guerra.

Mais sobre séries