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Pessoas depressivas nem sempre parecem tristes. Saiba como identificar e ajudar

Publicado 11 Jul 2018 – 11:16 AM EDT | Atualizado 11 Jul 2018 – 11:16 AM EDT
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O estereótipo de alguém que tem depressão é geralmente associado à imagem de uma pessoa triste, quieta, sem vontade de sair de casa. No entanto, nem sempre quem passa por esse problema age desta forma.

Há quem busque prazer imediato em festas e baladas, por exemplo, e que não demonstre tristeza em público. Mais: em alguns casos, os perfis em redes sociais podem exibir exatamente o oposto. Selfies, sorrisos e diversão mascaram a tristeza. Para essas pessoas pode ser mais difícil buscar apoio já que os outros levam mais tempo para perceber que algo está errado.

As “caras” da depressão

A psiquiatra Lilian Souza Soares, da ECare (rede de saúde mental), explica que a tristeza e a falta de ânimo são algumas características comuns aos pacientes, mas não podem ser considerados os únicos sintomas da doença. “Muitas vezes, a depressão não se manifesta com tristeza, mas com irritação e mau humor constantes. A pessoa se torna negativa e não vê graça em nada”.

É possível alguém sorridente e que sempre está em festas e baladas estar depressivo? Sim! Nesses casos, é comum cair em excessos de álcool e drogas. “Como essas substâncias trazem a sensação de felicidade momentânea, podem levar ao vício. Principalmente para quem está suscetível, se torna uma fuga para o problema”.

Independentemente de como lidam com isso ou expõe seus reais sentimentos, quem enfrenta esse momento de desequilíbrio emocional e físico se sente triste e sem forças para desempenhar tarefas habituais com a mesma motivação.

Perceba os sinais

Até quem faz de tudo para disfarçar em público apresenta uma queda na funcionalidade. Seja no trabalho, em relacionamentos ou em casa, há uma mudança de comportamento.

“Não respeita prazos, falta no emprego, não realiza tarefas em casa, sente muita vontade de ficar na cama ou realiza as tarefas obrigatórias sem ânimo algum. Outra mudança muito comum é deixar de cuidar da aparência. O quadro se torna mais grave à medida que ele deixa de fazer coisas fundamentais, como a higiene diária”, detalha a psiquiatra.

É na fase de alteração de comportamento que surgem as críticas de familiares e colegas de trabalho. Neste período, quem está com depressão sofre ao ser chamado de preguiçoso ou ter seus problemas minimizados por frases do tipo “isso é coisa da sua cabeça”; “você precisa ter força de vontade”, “você é tão bonita, tem de tudo”, entre outros julgamentos.

A depressão paralisa

Prestar atenção e se importar com os sentimentos dos outros, seja alguém muito próximo de você ou mesmo um colega de trabalho pode salvar vidas. O fato é que a doença vai além de um desequilíbrio emocional. É uma questão bioquímica.

“Quando uma pessoa está em depressão, bioquimicamente, estão faltando importantes substâncias naturais do nosso corpo, como a serotonina, que traz uma sensação de felicidade e satisfação”, explica a psiquiatra.

Desta forma, por mais que ela se esforce, fica cada vez mais difícil sair desse estado sozinha, sem buscar ajuda de familiares e tratamento médico. Nesse estágio, podem surgir pensamentos negativos e suicidas.

Como ajudar?

Ao perceber que alguém precisa de ajuda, o primeiro passo é não julgar. Escute mais e fale menos. É importante que o outro entenda que pode desabafar sem ser julgado.

Caso esse amigo ou colega se isole, você pode procurar familiares e relatar o que está acontecendo. Lembre-se que, nessa hora, a prioridade é quem enfrenta a doença. Não precisa ter vergonha de ligar para a família dela, mesmo que você não os conheça.

“Sinalizar que essa pessoa precisa de ajuda é muito importante. O maior apoio e acolhimento vem da família e amigos mais próximos, mas tenho muitos pacientes que chegam indicados por pessoas do trabalho. Eles acabaram aceitando que precisavam de ajuda quando entenderam que alguém de fora do seu convívio mais intenso percebeu que algo estava errado”.

Tratamento e prevenção

A depressão tem tratamento e é feito com medicação específica para melhorar os níveis de serotonina associada à psicoterapia. É importante reforçar que não existe cura definitiva e o tratamento não pode ser interrompido assim que se percebe melhoras. Isso pode trazer sequelas e agravar a doença.

O paciente também é orientado a rever todo o estilo de vida. Manter hábitos saudáveis, diminuir o consumo de alimentos industrializados e praticar exercícios são medidas que reduzem as inflamações do corpo e facilitam a produção de substâncias químicas naturais (endorfinas) que trazem a sensação de bem-estar e felicidade. Entre as endorfinas relacionadas à depressão estão: serotonina, noradrenalina, dopamina, ocitocina e outras ainda em estudo.

Outro ponto importante é não abandonar a psicoterapia. Isso vale para quem já passou pelo tratamento e quer evitar recaídas e também como prevenção.

Muita gente ainda acha que terapia é algo indicado apenas para quem apresenta desiquilíbrio mental. No entanto, ter o acompanhamento de um profissional em diversos momentos da vida pode inibir problemas psicológicos mais graves e ajudar a encarar os obstáculos do cotidiano com mais tranquilidade.

A ECare é a maior de rede de saúde mental do Brasil. Você encontra profissionais qualificados que ajudam a manter mente e corpo em equilíbrio.

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