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"método contraceptivo"-Tasaudavel

Como método usa muco, temperatura e sinais do corpo para evitar gravidez sem hormônio?

Publicado 24 Jul 2017 – 09:30 AM EDT | Atualizado 15 Mar 2018 – 03:52 PM EDT
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Quando pensamos em evitar gravidez sem o uso de medicamentos ou aparatos o que vem primeiro à mente é a tabelinha. No entanto, existe uma infinidade de outras técnicas muito mais precisas, entre elas, o  método sintotermal.

Indicado para mulheres que desejam uma contracepção natural ou para aquelas que querem aumentar as chances de gestação, ele é baseado na análise de fatores da fisiologia feminina. Mas vale sempre lembrar: a camisinha, masculina ou feminina, é o único método que, além de evitar gravidez, protege contra Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). 

O que é o método sintotermal? 

A naturóloga, fitoterapeuta e facilitadora em ginecologia natural, Ana Carolina Arruda, explica que sintotermal é um método de percepção da fertilidade indicado para quem deseja evitar a gravidez ou aumentar as chances de concretizá-la.

Além dos sinais exteriores que surgem conforme o ciclo reprodutivo muda, como cólicas e mudanças de humor, essa fase também causa mudanças internas em nosso corpo, que são o objeto de análise dessa técnica.

Como funciona?

Também chamado de método sintotérmico, tem como objetivo promover o entendimento sobre o ciclo menstrual por meio da análise de três fatores em seu próprio corpo:  

Temperatura

A temperatura basal - medida logo que a pessoa acorda pela manhã - se altera durante todo o ciclo, o que é útil para determinar se alguém está mais ou menos propenso à fecundação. Por exemplo, os períodos férteis apresentam medidas mais altas por causa da ação termogênica da progesterona.

Muco

O muco cervical é uma secreção que facilita o deslocamento do espermatozoide para o útero. O aspecto dessa substância muda durante o ciclo, o que também a torna uma boa referência.

Colo do útero 

Como a altura, consistência e abertura do cérvix – outro nome dado para a parte inferior do útero - também variam durante o ciclo, ele é um bom indicativo de que a ovulação está próxima.

É eficaz contra a gravidez?

De acordo com estudo publicado pela Universidade de Oxford (Reino Unido), após 13 ciclos, 1,8 a cada 100 mulheres experimentaram uma gravidez não intencional (isso considerando quem seguiu o método corretamente e quem não seguiu).

Já no caso de quem teve relação sexual protegida no período fértil, a taxa de gravidez foi de 0,6 por 100 mulheres

A ginecologista Bel Saide, especialista em ginecologia natural, ressalta que o índice de falha do sintotermal é baixo: "Eu acredito que a percepção da fertilidade é o método mais seguro que existe, isso se a mulher realizá-lo corretamente e souber confiar nele".

Já a especialista Ana Carolina Arruda complementa que o sucesso da técnica depende da disciplina, dedicação e busca pelo conhecimento.

Para as mais precavidas, pode ser usado conjuntamente um método de barreira como camisinha ou diafragma,

Precisa usar camisinha?

Se realizado corretamente, o sintotermal é eficaz na prevenção da gravidez. No entanto, ele obviamente não protege de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), o que torna necessário o uso do preservativo.

Apesar do risco, alguns casais que não desejam ter filhos usam a camisinha apenas no período fértil.

Por que ajuda quem quer engravidar?

Como fornece entendimento e autonomia sob o próprio corpo, o sintotérmico ensina a mulher a reconhecer quando está ovulando, de modo a elevar as chances de fecundação.

Como fazer método sintotermal?

A seguir, entenda como deve ocorrer a análise de cada aspecto do método sintotermal:

Medição diária da temperatura

Primeiro, a mulher deve escolher uma área do corpo para fazer a medição durante todo o tempo de uso do método, já que a alternância pode tornar os padrões de temperatura diferentes. As opções são vagina, boca ou dobra das axilas. 

A aferição deve ser realizada diariamente com um termômetro basal, no mesmo horário e logo depois de acordar - antes mesmo de ela sentar ou levantar. O número informado deve ser anotado em uma agenda, caderno ou em algum aplicativo de fertilidade.

Geralmente, as medidas mais altas ocorrem um ou dois dias após a ovulação, período que ainda é muito propício para engravidar. No entanto alguns fatores como consumo de álcool, mudança na alimentação ou no sono também podem alterar a temperatura, o que torna essencial o cruzamento de informações com os outros dois aspectos.

Análise do colo do útero: altura maciez e abertura

Com as mãos bem lavadas, a própria mulher deve inserir o dedo médio na vagina e tentar localizar o colo do útero: uma massa arredondada com uma cavidade no centro.

A partir da apalpação, é possível identificar sua consistência e altura:

No período fértil, o colo do útero está macio, mais alto (nesse caso, é notável que a inserção do dedo na vagina foi mais profunda) e com a abertura maior . Já se estiver baixo e endurecido, o a chance de gestação é menor.

Essa medição deve ser realizada uma ou duas vezes por dia e todos os dados também tem de ser anotados.

Muco: cor e consistência indicam fertilidade

Essa etapa pode ser feita diariamente junto com a análise do colo do útero: após tocar o cérvix, a mulher deve retirar o dedo da vagina. Ele estará coberto por um muco, que é o instrumento investigado nessa fase.

“No período não fértil, o muco é esbranquiçado e homogêneo. Já quando a fertilidade está chegando, ele continua branco mas passa a ter uma aparência granulada ou com bolinhas. Por fim, na ovulação o muco fica transparente, mais abundante e pegajoso, como um corrimento clara de ovo”, ressalta Ana Carolina.

Assim como os outros fatores, esse também deve ser registrado.

Cruzamento de informações

Essa última etapa é decisiva para a precisão dos resultados. Consiste em analisar os três fatores anteriores juntamente com o histórico dos ciclos anteriores. "Por exemplo, se há três ciclos em que você ovula no 14° dia, isso determina um padrão de que essa data é fértil", esclarece a especialista Ana Carolina Arruda. 

Como complemento, é possível cruzar as informações com sinais como aumento da libido, dor nos seios e dor nos ovários, que surgem em algumas mulheres durante a ovulação.

Aí é só analisar se as datas de todos os fatores que indicam fertilidade coincidem, indicando maior chance de gravidez, ou não. 

Cuidados: como seguir corretamente?

Siga todas as etapas

Realizar apenas uma etapa do sintotermal não é suficiente para garantir sua eficácia, já que apenas o cruzamento entre todas as informações propicia o entendimento completo do ciclo.

Tenha disciplina

Manter frequência e horários das medições é importantíssimo para para fazer o método dar certo. Além disso, buscar conhecer seu próprio corpo e pesquisar sobre a fisiologia feminina pode ajudar.

Pode demorar um pouco para funcionar

A adaptação ao sintotérmico pode ser um pouco demorada, especialmente em mulheres que não estão acostumadas a tocarem o próprio corpo. "É preciso dar um prazo de segurança de seis meses para realmente usar a técnica como forma de anticoncepção, já que demora certo tempo até entendermos nosso próprio organismo", explica Ana Carolina. 

Para aquelas que querem ter filhos a dica é não se frustrar caso a gravidez não ocorra rapidamente, já que o período de adaptação também pode influenciá-las. 

Busque auxílio médico

Assim como qualquer outra técnica, o apoio de um especialista é fundamental. Caso opte pela contracepção natural, procure por um especialista que entenda o método e te ajude a adotá-lo. 

Contraindicação

método contraceptivo natural não é recomendado para quem está com o ciclo menstrual irregular ou não ovula por alguma questão fisiológica como pós-parto, endometriose, ovários policísticos, etc.

"Elas podem usar as práticas como forma de autoconhecimento e cuidado com o próprio corpo, mas não como forma de evitar ou aumentar as chances de engravidar", ressalta a especialista em ginecologia natural Ana Carolina Arruda.

Contracepção além da pílula

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