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Quando crise emocional leva à internação, como no caso de Cláudia Rodrigues?

Publicado 1 Jun 2017 – 12:15 PM EDT | Atualizado 16 Mar 2018 – 08:28 AM EDT
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Publicada em 01/06/2017

Cláudia Rodrigues está internada desde o dia 29 de maio no hospital Albert Einstein, em São Paulo. De acordo com a empresária da comediante, Adriane Bonato, ela chegou ao hospital sem conseguir andar e apresentando sintomas como desmaios, visão dupla e confusão mental devido a uma crise emocional.

Antes do incidente, a comediante estava em uma clínica no interior de São Paulo para tratar as sequelas da esclerose múltipla, mas se recuperava bem. Em 2015, Claudia foi submetida a um transplante de células tronco para tratar a doença degenerativa, que foi muito bem-sucedido. Porém, o quadro de desgaste psicológico a levou de volta ao hospital.

Cláudia Rodrigues é internada 

No hospital, Cláudia passou por uma bateria de exames para descartar outros problemas de saúde. “Os exames foram todos positivos, nada de errado até o momento”, comentou Adriane, reforçando a hipótese de um quadro causado pelo estresse.

Possíveis desencadeantes da crise

Adriane, que também é amiga pessoal de Cláudia, explica que teve problemas de saúde graves nos últimos meses, e que seu quadro deixou Cláudia preocupada.

No dia 22 de maio, a atriz chegou a fazer uma postagem pedindo orações para sua amiga e empresária, que teve complicações pós-cirúrgicas e precisou ser hospitalizada com urgência.

“Por favor, orem por ela. Não sei o que será de mim se acontecer algo de ruim a ela”, escreveu.

Esclerose múltipla e depressão: psiquiatra comenta

De acordo com psiquiatra, psicogeriatra e médico do sono Rafael Brandes Lourenço, pessoas com esclerose múltipla ficam deprimidas mais facilmente, porque a doença tem sintomas depressivos como característica, o que torna mais difícil lidar com as situações delicadas do dia a dia.

Além disso, doenças crônicas e neurológicas fragilizam o paciente, o que faz com que eles fiquem ainda mais propensos a sofrerem com eventos difíceis.

“Ela provavelmente passou por uma série de exames para identificar uma possível descompensação na esclerose e, uma vez descartado isso, foi identificada uma crise emocional”, comenta Brandes, que não acompanha o tratamento de Cláudia, ao ressaltar que a crise também poderia estar relacionada à doença.

Crise emocional: o que é?

De acordo com Lourenço, as crises emocionais são causadas por fatores estressantes que desencadeiam reações diferentes. Elas podem ter múltiplas origens:

“Crises de pânico, depressão, crises somáticas como gastrite e insônia são problemas ligados ao emocional, ao jeito de lidar com as coisas, principalmente as difíceis”, explica o médico.

Apesar de estar relacionada a vários problemas, como os listados por Lourenço, o psiquiatra afirma que a crise emocional por si só já é um problema e pode ser o ponto de partida para vários outros, principalmente a depressão. Por isso, é importante ficar atento aos sintomas.

“Ficar irritado, explosivo, agressivo e pouco tolerante constantemente, brigar no cotidiano, chorar por qualquer coisa também são formas de manifestar uma crise emocional. É comum com isto a pessoa ir ficando triste, triste e depressiva”, comenta Brandes ao ressaltar que crise emocional pode ser sintoma, mas também desencadeante de distúrbios mentais.

O que fazer para tratar?

Se você sentir que isto está acontecendo com você, o primeiro passo é se questionar por que está agindo desta forma. Questione-se sobre como está sua vida, como você está lidando com as pessoas ao seu redor, etc. Se você perceber que está tendo dificuldades em várias áreas, o indicado é que você procure ajuda.

“Se você sentir que está apresentando dificuldade em várias áreas, o ideal é procurar um psicoterapeuta para entender o que está acontecendo para conseguir mudar a sua forma de lidar com as coisas”, comenta Lourenço.

Crise emocional pode levar a uma internação?

O psiquiatra afirma que crises emocionais podem, sim, levar a uma internação hospitalar. Quando os sintomas são físicos, como no caso de Cláudia, é importante que os médicos realizem exames para descartar outras doenças.

Além disso, é importante aproveitar a internação para avaliar o comprometimento psicológico da pessoa e encaminhá-la para o tratamento adequado.

“Na internação, investigamos se foi uma crise reativa [forma de reagir a uma situação] pontual, avaliamos se pode ser um quadro de depressão, se é necessário tomar algum medicamento ou apenas acompanhamento psicológico, etc.”, afirma Brandes.

Já o médico psiquiatra Diego Tavares, do Hospital das Clínicas de São Paulo, acredita que o quadro tenha relação com a esclerose múltipla. “Provavelmente não foi emocional. Ela tem uma doença neurológica gravíssima e progressiva. Acho muito possível que tenha sido alguma complicação transitória da esclerose. Este tema é bem delicado”

Tem como prevenir uma crise emocional?

Apesar de ser difícil lidar com o estresse, é possível tomar alguns cuidados a fim de prevenir que as situações estressantes fujam do controle.

“Não trabalhar demais, aproveitar momentos de folga, ter um ambiente tranquilo de trabalho, boa alimentação, sono adequado e praticar exercício físico regularmente são atitudes muito importantes na prevenção”, lista o psiquiatra.

Além disso, Brandes ressalta a importância de ter comportamentos positivos sempre. “Se acontecer algo negativo, faça algo que te deixa feliz, encontre amigos, saia para conversar, isto é importante para diminuir o impacto do que é negativo e estressante”, ensina. 

Problemas emocionais

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