null: nullpx
aliviar enxaqueca-Tasaudavel

Remédios para enxaqueca aliviam dor e previnem crises, mas uso abusivo causa riscos

Publicado 26 Mai 2017 – 12:22 PM EDT | Atualizado 16 Mar 2018 – 08:34 AM EDT
Compartilhar

Enxaqueca é uma dor de cabeça intensa e incapacitante que atinge grande parte da população. A condição não tem cura, mas sua duração e periodicidade podem ser reduzidas por meio de medicamentos para enxaqueca. A seguir, saiba quais são os principais compostos e para quem são indicados:

Causas

Não se sabe ao certo o que causa enxaqueca, mas algumas teorias apontam predisposição genética para ter espasmos arteriais, inflamações e até mesmo irregularidades em níveis de neurotransmissores que provocam a dor. 

Ainda há diversos gatilhos que desencadeiam crises, como determinados alimentos, transtornos e hábitos. Infelizmente, não há uma fórmula geral para evitar o acometimento, visto que cada pessoa apresenta fatores de risco próprios.

Sintomas de enxaqueca

A enxaqueca se diferencia de dor de cabeça e do AVC por ser um incômodo latejante e, na maioria das vezes, unilateral. Ela ainda pode surgir junto com sensibilidade à luz e barulho, enjoo e vômitos.

Ainda há um subtipo do problema chamado enxaqueca com aura, em que o paciente enxerga pontos de luz, sente tontura ou formigamento pouco antes da crise.

Remédios para enxaqueca: quais são e quando usá-los

Antes de embarcar nos remédios para enxaqueca é necessário traçar um diário da dor, em que são escritos relatos diários de tudo que foi ingerido e realizado, além dos momentos de crise. Com esse método e o auxílio de um médico, é possível determinar quais são os fatores que levam ao problema e evitá-los.

Adotar novos hábitos também pode combater a dor. O neurologista Marcelo Calderaro, do Hospital Samaritano de São Paulo, ressalta que a tríade de atividade física, controle do estresse e definição de padrões de sono aliviam grande parte dos casos. 

Contudo, caso não haja sucesso, podem ser prescritas fórmulas para combater o problema.

De acordo com a neurologista Célia Roesler, do departamento de cefaleia da Academia Brasileira de Neurologia e da diretoria da Sociedade Brasileira de Cefaleia, há dois tipos de remédios para enxaqueca: os abortivos e os preventivos. Os primeiros são usados somente nas crises e tem o intuito de acabar com a dor. Já o segundo tipo é voltado a pacientes crônicos e visa evitar novos episódios.

A indicação de cada medicamento dependerá também das causas do problema para cada pessoa, o que ressalta a necessidade de consultar um neurologista para receber os cuidados adequados.

Abortivo: para crises de dor

Vasoconstritor

A dor do enxaquecoso pode surgir pela dilatação dos vasos extracranianos, o que leva ao uso de vasoconstritores para estreitá-los e, consequentemente, melhora a dor.

A especialista Célia Roesler explica que esses compostos são, muitas vezes, associados aos anti-inflamatórios.

Anti-inflamatório

A tentativa de o cérebro se livrar da dor acaba levando a um processo inflamatório que dificulta a remissão do quadro. Assim, o uso de anti-inflamatórios pode ser prescrito pelo médico como forma de evitar a reação.

Analgésico

O neurologista Custódio Michailowsky, do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho, reconhece que analgésicos comuns, como os com paracetamol e dipirona, podem amenizar a dor.

Derivados de triptano

O médico ainda recomenda medicamentos derivados de uma classe de substâncias chamada triptano. Com ação rápida, esses compostos funcionam apenas se tomados antes de a dor começar ou logo quando surgir.

Preventivo: para enxaqueca crônica

O tratamento profilático visa prevenir a chegada das crises e é indicado para pacientes crônicos, ou seja, que apresentem o incômodo por mais de 15 dias por mês e sintam-se prejudicados e/ou incapacitados perante as crises.

Os remédios para enxaqueca crônica tem periodicidade frequente e até mesmo diária. Já a duração da terapia dependerá do caso em questão, variando entre dois e seis anos.

Anticonvulsivante

Os mecanismos que acarretam a enxaqueca são semelhantes aos das crises de epilepsia. Assim, o uso de anticonvulsivantes pode prevenir novos surtos de dor.

Antidepressivos

Doses reduzidas de antidepressivos tricíclicos estimulam a ação da serotonina, neurotransmissor que fornece a sensação de bem-estar e analgesia, sendo indicados para alguns casos de enxaqueca.

Betabloqueadores

Essa classe de medicamentos bloqueia os efeitos da adrenalina, hormônio contribui com os episódios de dor de cabeça. São indicados especialmente para pessoas com personalidade enxaquecosa - ou seja, perfeccionistas e muito preocupados - que também possuam transtornos de ansiedade.

Remédios para labirintite

A especialista Célia Roesler explica que algumas vezes a enxaqueca pode vir acompanhada de tontura, o que faz jus ao uso de medicamentos para aliviar esse sintoma.

Melatonina

Grande parte dos pacientes com enxaqueca apresentam comorbidade com insônia, o que agrava as crises. Nestes casos, são prescritas fórmulas à base de melatonina, que nada mais é que o hormônio do sono, de maneira a melhorar a qualidade do descanso.

Remédios para o coração

O tratamento da enxaqueca também pega carona em medicamentos para alterações cardiovasculares, como os anti-hipertensivos. Por reduzirem a pressão arterial, eles aliviam também os espasmos arteriais que provocam a dor.

Uso abusivo de remédios causa enxaqueca crônica

A facilidade de acesso a analgésicos e anti-inflamatórios estimula o uso abusivo, o que agrava o quadro.

"O excesso de remédios para dor de cabeça, caracterizado pela ingestão três vezes ao mês por três meses, faz com que o cérebro deixe de produzir quantidades adequadas de endorfina - uma espécie de morfina interna que alivia a dor - por estar acostumado com os analgésicos. Com isso, a frequência e a intensidade da enxaqueca ficam piores", ressalta a médica Célia Roesler.

Como todo composto, os para enxaqueca também possuem efeitos colaterais e contraindicações, o que aumentam os riscos da automedicação.

Outro perigo é que os analgésicos são usados erroneamente para quaisquer dores de cabeça, o que mascara problemas mais graves. "Tem gente que acredita ter enxaqueca porque está com dor e vomitando, sendo que outras doenças também provocam esses sinais, como AVC e meningite. Só um médico poderá determinar o diagnóstico correto", finaliza.

Outros tratamentos para enxaqueca

Neuromodulação

Consiste em um aparelho com forma de arco que é colocado na cabeça de modo a estimular eletricamente o nervo trigêmeo, que está diretamente relacionado à dor de cabeça.

Os leves "choques" da neuromodulação alteram a forma pela qual a dor é assimilada pelo cérebro, reduzindo intensidade e frequência. Apesar de soltar descargas elétricas, o tratamento é pouco invasivo e não apresenta efeitos colaterais. Pode ser usado pelo próprio paciente, mas a periodicidade e duração das sessões devem ser indicadas pelo neurologista responsável.

Psicoterapia

A especialista recomenda a psicoterapia para pacientes cuja cefaleia tem relação com ansiedade ou estresse. Além de ensinar a controlar os agentes desencadeantes, as sessões ainda fazem com que o indivíduo aprenda a lidar com as crises e não recorra à medicação desnecessariamente.

Toxina Botulínica

Não se sabe ao certo porque o uso do botox para enxaqueca faz bem, mas acredita-se que seu efeito provém da ação analgésica que paralisa os músculos, de modo a relaxá-los e evitar a tensão recorrente da enxaqueca.

"São 31 a 33 pontos na cabeça e no pescoço, aplicados em cinco a seis aplicações com intervalo de três meses entre cada", informa a neurologista Célia Roesler. 

Riscos da enxaqueca

Compartilhar

Mais conteúdo de interesse