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Sequelas do AVC têm cura? Tudo sobre os tipos e a recuperação da lesão neurológica

Publicado 27 Mar 2017 – 08:45 AM EDT | Atualizado 14 Mar 2018 – 09:19 AM EDT
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Caracterizado pela obstrução total ou rompimento dos vasos sanguíneos do sistema nervoso, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a doença que mais mata no Brasil. E dentre os pacientes que não morrem, 70%  sofrem com  sequelas de derrame, que podem atingir diversas áreas do cérebro e afetar funções cognitivas e motoras.

Conversamos com o neurologista Rubens Gagliardi, diretor científico da Academia Brasileira de Neurologia, sobre o assunto. Veja, a seguir, o que ele nos contou. 

Tipos de AVC

Há dois tipos de AVC mais comuns, o isquêmico e o hemorrágico. Ambos podem apresentar sequelas para o organismo. 

Hemorrágico

Essa lesão é caracterizada pela hemorragia resultante da ruptura de um vaso no cérebro. Seus sintomas incluem fraqueza unilateral, falta de sensibilidade, alterações visuais, vertigem, dificuldade de raciocínio, síncope, entre outros. 

É causado principalmente por pressão alta e distúrbios que fragilizam as artérias cerebrais e do encéfalo.

Isquêmico

Esse é o tipo de AVC mais comum. Também chamado de derrame, ele acontece quando há uma obstrução arterial, impedindo a chegada de sangue e, portanto, oxigênio a diferentes regiões do cérebro, causando a morte dos neurônios e, consequentemente, sequelas. 

O principal sintoma desse acometimento é a cefaleia intensa. Saber como diferenciar dor de cabeça comum de AVC é, portanto, importante para decidir quando procurar ajuda médica. Também surgem outros sinais como dificuldades cognitivas, fraqueza unilateral, dificuldade de engolir e de se movimentar, perda de força e boca torta.

Suas causas incluem doenças do coração, colesterol e/ou triglicérides alto, hipertensão e maus-hábitos, como sedentarismo e uso do cigarro.

Tipos de sequelas do AVC

Independente de ser isquêmico ou hemorrágico, o derrame pode deixar sequelas. Elas são determinadas pela parte do cérebro atingida, assim como pela extensão dos danos, visto que quanto maior é a área afetada pelo AVC, mais extensas são as consequências para o organismo.

Motoras

Paralisia

É comum que, depois do AVC, permaneçam paralisias de um ou outro lado do corpo. De modo grosseiro, se o AVC aconteceu no lado esquerdo do cérebro, o lado direito do corpo será atingido e vice-versa.

Mas há casos em que essas alterações acontecem de maneira diferente, acometendo só um braço, por exemplo. 

Falta de equilíbrio

Tonturas intensas, dificuldade de ficar em pé e em pegar objetos são outras possíveis sequelas do AVC.

Falta de sensibilidade após AVC

Também ocorre da pessoa perder o tato de determinada parte do corpo. Espasmos também podem completar o quadro.

Dificuldade de engolir

A deglutição, que é a ação de  engolir, também pode ser afetada em quem sofreu um derrame. Isso acontece porque foi atingida a área cerebral responsável por essa ação.

Sequelas neurológicas após AVC

Distúrbios do comportamento

Como afeta principalmente o cérebro, algumas características do paciente podem ser alteradas, como o humor. Agressividade ou risadas sem razão são exemplos de sequelas que podem acontecer em alguns casos.

Distúrbios de consciência

Casos graves de AVC podem provocar sequelas gravíssimas como o coma, estado em que o indivíduo é incapaz de interagir mesmo tendo seus sinais vitais mantidos. Além disso, quadros de sonolência excessiva e convulsão também podem ocorrer.

Na visão

O comprometimento da transmissão de imagens para o cérebro é outra possível sequela de AVC.  Vista desfalcada ou cegueira são as consequências que podem ocorrer.

Na fala

Há casos da doença em que há dificuldade ou impedimento de se expressar em decorrência do coágulo ou sangramento.

Cognitivas

Memória, concentração, raciocínio lógico e capacidade de compreensão são áreas que podem sofrer danos pelo Acidente Vascular Cerebral, o que causa grandes limitações na vida dos pacientes.

Autonômicas

O sistema autonômico é o que controla todas as ações inconscientes do corpo, como respiração e batimentos cardíacos. As sequelas do AVC para esse campo incluem problemas de respiração, sudorese e incontinência urinária e fecal.

Sequelas do AVC por aneurisma 

Outra variação do AVC ainda mais grave é a que ocorre pelo rompimento de um aneurisma, condição médica em que há dilatação anormal de uma veia ou artéria no cérebro. É justamente a deformação anterior do vaso sanguíneo a principal diferença desse quadro em relação ao AVC hemorrágico.

Sua maior complicação é o vazamento de sangue para o cérebro e é justamente ele que propicia quadros perigosos, como o aumento da pressão cerebral - que é um obstáculo para que o cérebro seja nutrido e irrigado corretamente -, novas hemorragias e interrupção da irrigação sanguínea e, consequentemente, do fluxo de oxigênio e nutrientes, para o cérebro.

Outra possível complicação é a hidrocefalia, que nada mais é que o acúmulo de líquido no cérebro. Isso faz com que o volume da região seja aumentado, resultando em convulsões e até mesmo morte.

As  sequelas por AVC causado por aneurisma são similares aos demais subtipos da doença, mas podem ser ainda mais graves. Elas atingem a parte motora, cognitiva e causam até mesmo coma.

Sequelas do AVC têm cura?

As sequelas de AVC têm cura em alguns casos, em outros, elas permanecerão definitivamente. Seja pela recuperação natural do organismo ou por meio de tratamentos, a lesão encefálica pode regredir e as limitações também. Apesar disso, a melhor alternativa sempre é buscar ajuda, visto que não é possível prever quais casos irão regredir por si só e quais não irão.

Uma equipe multidisciplinar é o caminho ideal para acelerar a reabilitação, assim como utilizar aparelhos e adaptações que ajudem o paciente a ter sua autonomia e independência de volta.

Tratamento

O primeiro passo para tratar o AVC é cuidar do derrame, de modo a estancar a hemorragia ou remover o trombo e manter o paciente estável.

Depois que o quadro se estabilizar começam os cuidados com as sequelas, que é personalizado de acordo com os sinais deixados em cada paciente. O tratamento pode incluir:

Fisioterapia 

A recuperação de movimentos pós AVC é em grande parte realizada pela fisioterapia, especialidade que usa exercícios para restaurar os movimentos, a coordenação, a força muscular entre outras habilidades que podem ser afetadas pelo acidente.

Fonoaudiologia

Consultas com fonoaudiólogos são necessárias quando há prejuízos na fala. Esses profissionais visam recuperar a capacidade de comunicação oral além de otimizar a deglutição e, junto com o nutricionista, adaptar a alimentação quando necessário. 

Medicamentos

A dissolução do coágulo que causou o derrame pode ser feita por meio de medicamentos que interferem no fluxo sanguíneo, chamados de trombolíticos. Também podem ser usados medicamentos para controlar a pressão arterial e relaxar os vasos.

Nutricionista

Também pode ser necessário adaptar a alimentação, principalmente em casos em que há dificuldade ou impossibilidade de deglutição. Além disso, a reeducação alimentar é essencial para evitar as recidivas da doença, visto que elas podem ser acarretadas por maus hábitos.

Psicoterapia

O AVC pode ter grande impacto na vida dos pacientes, fato que merece atenção para evitar consequências psicológicas como depressão. Assim, o tratamento com um psicólogo é indicado para que o indivíduo aprenda a lidar com o ocorrido.

Terapia ocupacional

Esse tipo de tratamento para AVC visa devolver a autonomia do paciente por meio de treinos do sistema nervoso.

Tempo de recuperação após AVC

Não é possível presumir o tempo de reabilitação após AVC, visto que isso varia de acordo com o número e extensão das sequelas de cada paciente. Todavia, sabe-se que em grande parte dos casos os tratamento melhora a qualidade de vida.

Prevenção do AVC

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