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Doença de pele que causa morte em gatos está se espalhando em humanos no Brasil

Publicado 14 Mar 2017 – 03:00 PM EDT | Atualizado 14 Mar 2018 – 09:19 AM EDT
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Uma grande incidência de  esporotricose vem se espalhando pelo Brasil, especialmente no estado do Rio de Janeiro, e chama atenção de dermatologistas, veterinários e pesquisadores da área de saúde. Trata-se de uma micose causada por fungo que atinge principalmente gatos, mas que também pode ser transmitida dos animais para pessoas e é possivelmente fatal.

Em 2016, mais de 13 mil felinos foram diagnosticados com a doença no município do Rio de Janeiro. Desde 1998, mais de 5 mil pessoas foram tratadas no Laboratório de Pesquisa Clínica em Dermatologia Infecciosa do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas da Fundação Oswaldo Cruz (INI/Fiocruz), também no Rio, que está estudando a enfermidade.

De acordo com o dermatologista Dr. Dayvison Freitas, do INI/Fiocruz, até 1997, era mais comum que a doença atingisse somente quem manuseava terra – habitat natural do fungo - com frequência, mas que, nos últimos anos, os gatos têm sido mais afetados e transmitido a doença. “Ainda não se sabe exatamente por que, mas gatos têm alguma falha na imunidade que os tornam mais suscetíveis à doença e como estão em contato constante com a terra para caçar ou enterrar dejetos, por exemplo, acabam sendo contaminados”, explica o médico.

Micose em gatos pode ser transmitida a humanos

Além de atingir felinos, a doença também pode contaminar pessoas. A transmissão acontece principalmente por mordidas e arranhões de gatos doentes, que acabam passando o fungo para a pele de humanos, e também por contato com terra e objetos contaminados. Por isso, é importante ficar atento a sinais que indiquem a doença nos animais.

Apesar de a maior parte dos casos estar concentrada no estado fluminense, Dr. Dayvison afirma que outros lugares, como a cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, e a Zona Leste da cidade de São Paulo, também vêm registrando um número crescente de ocorrências.

Sintomas: como identificar?

“O primeiro sintoma da doença no gato é a ferida aberta, que muitas pessoas confundem com machucados de brigas entre os animais. Além disso, é comum que o animal comece a espirrar muito por conta da irritação causada pelo fungo”, afirma o dermatologista.

Em humanos, o primeiro sintoma é o surgimento de uma bolinha de pus, semelhante a um pelo encravado, que vira rapidamente um caroço e estoura. “Se o gato arranhou a mão de uma pessoa, começa aparecer um caroço no local e, em sequência, diversos outros, formando uma fileira”, explica o Dr. Dayvison.

Riscos: há perigo?

De acordo com o médico, a doença geralmente fica restrita à pele e não tem outros efeitos no organismo. Em alguns casos, pode ser fatal, apesar de estes serem raros. “Se o paciente tem a imunidade muito baixa, como em casos de pessoas muito idosas, com AIDS ou fazendo tratamentos quimioterápicos, o fungo pode se espalhar pelo corpo, causando meningite, infecção nos ossos ou nos pulmões”, alerta o médico.

Dr. Dayvison ressalta que, até agora, nesses mais de 5 mil casos no INI/Fiocruz, foram registradas cerca de 10 mortes decorrentes da doença.

Prevenção

Se existir suspeita de que o gato está doente, é importante procurar um veterinário rapidamente e isolar o animal enquanto o tratamento é feito. Mas, para evitar a exposição dos animais, o melhor caminho é a responsabilidade. “O dono do gato precisa ser responsável por ele e ficar atento a sintomas que possam indicar problemas de saúde. É importante também higienizar os ambientes, utilizar luvas e ferramentas adequadas ao manusear animais contaminados ou mexer com a terra de locais onde há incidência de esporotricose”, alerta o médico.

Vale ressaltar também que não há necessidade de sacrificar animais com a doença e que, se o gato morrer infectado, o corpo deve ser cremado e não enterrado, já que o fungo pode se espalhar pela terra.

Tratamento

O principal tratamento é realizado com o antifúngico itraconazol, tanto em pessoas quanto em gatos, e deve ser prescrito por um médico dermatologista ou veterinário. No Rio de Janeiro, onde a doença tem se espalhado mais, o tratamento já está disponível em Postos de Saúde locais e com médicos dos Serviços de Atenção Básica do Programa Saúde da Família. Dependendo da gravidade do caso, o paciente pode ser encaminhado para o INI/Fiocruz. “É um tratamento demorado, pode levar meses para ser concluído, mas é efetivo e simples de ser realizado”, pontua o Dr. Dayvison.

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