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Afinal, o que diferencia o transtorno de ansiedade de uma simples preocupação?

Publicado 24 Fev 2017 – 05:30 PM EST | Atualizado 14 Mar 2018 – 09:19 AM EDT
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Em 2015, 264 milhões de pessoas sofriam de transtorno de ansiedade ao redor do mundo, número 14,9% maior do que em 2005 e que representa 3,6% da população mundial.

No Brasil, no entanto, o índice é maior do que qualquer outro lugar. Com 18,6 milhões de pessoas - ou 9,3% da população - sofrendo com a doença, o país é recordista mundial em prevalência de transtornos de ansiedade.

Brasil está entre os países mais ansiosos 

Os dados são da Organização Mundial de Saúde (OMS). De acordo com o órgão, o número de pessoas com transtornos mentais comuns, como depressão e transtorno de ansiedade, está crescendo, principalmente em países de baixa renda.

Em entrevista ao Vix, o especialista em saúde mental da OMS Dan Chisholm afirmou que, dentre as  razões que explicam por que o brasileiro é tão ansioso, estão os problemas socioeconômicos vividos pela população – como pobreza, desemprego ou desigualdade de renda –, questões políticas atuais e também fatores biológicos.

Porém, como é possível diferenciar a ansiedade de um episódio normal de preocupação? Como saber se eu sou portador do transtorno?

O que é a ansiedade? 


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Segundo o psiquiatra Diego Tavares, a ansiedade é uma alteração cerebral fisiológica que prepara as pessoas para responderem a uma situação de perigo. Ou seja, é um mecanismo de proteção. O problema é quando ele se torna mais recorrente do que o normal, e a pessoa passa a ter crises. 

"É como o alarme de um carro: ele é ótimo para protegê-lo, mas se o alarme dispara toda hora, passa a ser um transtorno", comenta o psiquiatra sobre a diferença entre uma preocupação normal e um problema mais grave.

Sintomas

A crise de ansiedade provoca pensamentos catastróficos, como o de que algo ruim está prestes a acontecer, que a morte está próxima ou que vai perder o controle sobre si mesmo. Este pensamento vai aumentando gradativamente.

Como resultado, ele pode provocar duas reações: congelamento, em que a pessoa fica paralisada e não consegue reagir, e hipervigilância, que provocam sintomas físicos de adrenalina, como aceleração dos batimentos cardíacos, falta de ar, tontura, sensação de tremor, aperto no peito, formigamento, corpo frio, suor, desespero e pensamentos angustiantes com desfechos negativos.

A pessoa, então, não consegue se comunicar bem, prestar atenção em nada, perde o sono, para de comer, fica desorientada e seu corpo fica sempre preparado para reagir a qualquer sinal de perigo.

“A crise de ansiedade vai vindo devagar e vai ficando mais intensa, a pessoa fica angustiada por um tempo considerável. Dependendo do grau da crise, a pessoa pode até perder o controle e ter comportamentos irracionais, como sair correndo e gritando", comenta Tavares.

O que desencadeia a crise de ansiedade?

Na maioria das vezes, a crise não tem um motivo aparente. O estresse acumulado, por exemplo, pode ser um dos desencadeadores. “Em uma situação de muito estresse, a pessoa não consegue lidar com os potenciais riscos”, explica o psiquiatra.

Porém, são inúmeros os gatilhos que podem levar ao quadro. Entre eles estão lembranças de abusos na infância ou separações, lutos, uso de drogas e uso excessivo de cafeína.

Crise x transtorno de ansiedade

Crises de ansiedade não são incomuns e podem afetar qualquer pessoa ao longo da vida. Mas, quando surgem repetidas vezes e passam a atrapalhar alguma área do cotidiano, caracterizam um transtorno de ansiedade, que compromete mais a vida das pessoas e, por isso, precisa ser tratado.

“Ele tem como características ser uma alteração comportamental intensa, persistente e que causa sofrimento e prejuízo”, explica o psiquiatra.

Além do transtorno de ansiedade generalizada, também são subtipos do transtorno os casos de crise de pânico, fobia social, fobias específicas, transtorno de ansiedade de separação e agorafobia, que é o medo de passar mal e não ter ninguém para socorrê-lo,

Tratamento com terapia e remédios

O tratamento pode ser feito apenas com psicoterapia ou combinado com a prescrição de medicamentos.

Durante uma crise, pedir para a pessoa ficar calma ou dizer que nada de ruim vai acontecer não ajuda porque os sintomas surgem de forma irracional.

“O tratamento mais utilizado para todos os tipos de transtorno de ansiedade é a terapia de exposição. Nela, a pessoa é orientada a enfrentar os sintomas para aprender a controlar a crise e, desta forma, fazer com que o cérebro vá se regulando. É a chamada dessensibilidade sistemática”, comenta Tavares.

Nesta terapia, é indicado que a pessoa nunca associe uma ação como sendo a responsável por resolver o problema. Por exemplo, pensar que só vai parar de sofrer com a crise se for para o hospital ou se ligar para determinada pessoa ou se os pais forem encontrá-la. Isto não é indicado porque gera uma dependência.

Transtorno de ansiedade tem cura? 

A maior parte dos transtornos de ansiedade tem cura, mas existem casos resistentes que exigem que a pessoa tome uma medicação para sempre. 

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