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Recuperação de Laís Souza dá esperança: é possível um tetraplégico voltar a andar?

Publicado 11 Jun 2017 – 11:00 PM EDT | Atualizado 16 Mar 2018 – 10:44 AM EDT
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A atleta brasileira  Laís Souza, que ficou tetraplégica em 2014 devido a um acidente de esqui, mostra sua evolução a cada dia nas redes sociais e dá esperança a outros pacientes que fazem tratamento para voltar a andar.

Aos poucos, a jovem foi conseguindo ficar em pé sozinha, sem o apoio de ninguém, e fazer pequenos movimentos com o tronco. Em vídeo mais recente, Laís aparece perfeitamente equilibrada de pé e dando cabeceadas em uma bola, demonstrando uma evolução muito promissora.

Vídeo para começar a sexta-feira com muito pique. Quem estiver desanimado, força!!! Vie Instituto de Habilitação...

Posted by Lais Souza on Friday, August 25, 2017

Acidente de Laís Souza

Laís perdeu os movimentos do corpo após sofrer um acidente enquanto se preparava para a prova de esqui aéreo dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, em Sochi, na Rússia. A atleta esquiava em Salt Lake City, nos Estados Unidos, quando se chocou contra uma árvore.

Com a pancada, ela deslocou as terceira e quarta vértebras, que esmagaram a sua medula. Devido à grave lesão, Laís perdeu a sensibilidade e os movimentos do pescoço para baixo.

Tratamento com células-tronco 

Em entrevista coletiva em dezembro de 2014, o médico Antonio Marttos Jr., que acompanhou a brasileira desde o acidente, revelou que, como parte do tratamento nos Estados Unidos, a ex-ginasta recebeu injeções de células-tronco.

De acordo com a ortopedista do comitê paraolímpico e mestre e doutora pela Unicamp na área de lesados medulares Giovanna Medina, o tratamento com células-tronco ainda está sendo estudado e, por enquanto, não está disponível para os pacientes. Segundo ela, Laís participou como voluntária dos experimentos com a nova técnica em Miami, nos EUA.

O jornal norte-americano New York Times afirma que as aplicações de células-tronco em Laís Souza foram feitas após pesquisadores da Universidade de Miami receberem uma permissão especial da FDA, agência norte-americana que regula a liberação de medicamentos, para participar dos experimentos. Neles, células-tronco são retiradas de doadores e da própria paciente e depois injetadas no fluido espinhal no ponto da lesão. 

Evolução

O tratamento surtiu efeito e provocou uma melhora no estado de saúde de Laís. A atleta voltou a ter alguma sensibilidade na região sacral (pouco abaixo da linha da cintura), nos braços e nos pés. Ou seja, a lesão regrediu de completa para incompleta.

Quando a lesão é completa, a medula é totalmente afetada e a paralisia é total. Na lesão incompleta, algumas conexões neurológicas localizadas na medula espinhal são preservadas, o que torna possível mexer algumas regiões do corpo.

Com isso, Laís agora é capaz de sentir pressão na pele, o que é importante para evitar que o atrito constante de objetos com membros paralisados causem úlceras de pressão (escaras), e recuperou sua propriocepção, que é a consciência de onde seus braços e pernas estão no espaço.

Tratamentos para lesão na medula: como são feitos?

Giovanna explica que os tratamentos existentes atualmente são quase todos fisioterapêuticos. Na fisioterapia convencional, são trabalhadas as articulações, a manutenção dos movimentos e são realizados estímulos neuromusculares.

Nas sessões, também são usados eletrodos nos músculos da coxa no caso de pacientes paraplégicos e nos músculos dos braços, costas e pernas no caso dos tetraplégicos.

“A lesão medular interrompe a condução nervosa até musculatura, por isso a paralisia. A função da eletroestimulação é a de fazer este trabalho, mandar estímulos para manter a musculatura ativada”, explica a ortopedista.

A hidroterapia, feita em piscina, contribui também para a reabilitação respiratória, nos casos em que a região pulmonar foi afetada. Em alguns casos, a fisioterapia respiratória também é feita separadamente.

A equoterapia (método terapêutico com cavalos) e a acupuntura, para o tratamento de dores neuromusculares, são outras duas formas de tratamento que podem ser utilizadas junto com a fisioterapia.

Quais são as chances de voltar a andar? 

Segundo a especialista, alguns pacientes paraplégicos conseguem até andar com a eletroestimulação (que faz a função da contração muscular) e uso de um andador.

Já no caso de pessoas com paralisia completa, Giovanna afirma que, com os tratamentos disponíveis atualmente, é muito difícil o paciente voltar a ter sensibilidade e, principalmente, movimentos. Ainda assim, de acordo com ela, não se pode dizer que é impossível.

"A evolução da lesão medular pode ter um ou outro caso que sai do padrão porque varia muito de acordo com o quadro, de como aconteceu a lesão, se fraturou alguma vértebra e qual foi, de como a pessoa evolui na fisioterapia, etc. Cada pessoa reage de uma maneira diferente, é muito individual", ressalta. 

A ortopedista lembra, ainda, que o tratamento com células-tronco que provocou evoluções significativas em Laís Souza ainda é experimental, o que significa dizer que não se sabe ao certo a eficácia e segurança do método.

"As células-tronco ainda estão sendo estudas e ninguém sabe ainda quais são as repercussões a longo prazo. Exite muita esperança devido às possibilidades que elas podem oferecer, mas estudos ainda estão sendo feitos para avaliar se existem prejuízos que elas podem causar", explica Giovanna.

Como Laís Souza está?

Laís vem apresentando uma melhora gradual. Além das sessões diárias de fisioterapia motora, ela também faz eletroestimulação para fortalecer os músculos das pernas, dos braços e também das costas.

Paralisias corporais

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